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José Mayer é o vilão de “A Lei do Amor”
“Eu não sou bonito e não sou gostoso. Tanto que quando me olho no espelho, questiono: ‘Meu Deus, como foi que eu cheguei até aqui com esta cara?”
O ator José Mayer vem surpreendendo na pele do vilão Tião em “A Lei do Amor’, na Globo, que agrada aos noveleiros de plantão, mas que coleciona inimigos em toda a trama. Para ele, um desafio e tanto, em seus 30 anos de carreira, o que representa um presente dos deuses. Tião é um homem inteligente e reservado e que não mede esforços para conseguir o que quer. “Na minha idade, poder dizer que é meu primeiro vilão, acho uma possibilidade muito interessante”, comentou o artista no auge de 66 anos. ““Claro que é um vilão cheio de jogos, de truques, mas a gente buscou humanizar, deixar um cara normal, um ser humano. Todo mundo é um pouco bom e um pouco ruim. É um pouco mais humanizado, sem a carranca da vilania. Procuro deixar ele uma pessoa comum”, acrescentou Mayer.
E quando o assunto é beleza, pois Mayer está na galeria de homens bonitos da televisão, segundo a opinião de mulheres do Brasil e do exterior, ele desconversa com um sorriso irônico. Contrariando a opinião dos fãs, confessou não se considerar um dos galãs da teledramaturgia brasileira, garantindo nem, ao menos, se acha bonito. “Eu não sou bonito e não sou gostoso. Tanto que quando me olho no espelho, questiono: ‘Meu Deus, como foi que eu cheguei até aqui com esta cara?”, brincou o ator sobre sua aparência. Sobre a fama de mulherengo conquistada com os personagens que interpretou, ele afirmou: “O pegador das novelas já era. Sou um velhotinho, agora”, diz.
Mas o grande desafio de Mayer aconteceu na novela “Império”, de Agnaldo Silva, quando interpretou o homossexual Cláudio que viveu um romance com Leonardo (Kleber Toledo) e deu o que falar. Mas está redondamente enganado quem acha que o relacionamento entre dois homens foi uma novidade na carreira de José Mayer. O ator, considerado um dos maiores “pegadores” de mulheres na ficção, conta que já beijou um colega em cena. Foi em uma época em que os gays eram pouco aceitos pela sociedade e, praticamente, não tinham espaço na televisão.
“Em 1981, fiz uma peça de Martin Sherman chamada ‘Bent’. Eu fazia um homossexual perseguido na época da Alemanha nazista. Eu e o Ricardo Blat (ator) fazíamos um casal e a gente se beijava na boca”, lembra Zé, dizendo que quer continuar a expandir seus horizontes tanto no campo profissional quanto no pessoal: “Como ator, o exercício da liberdade é a coisa mais importante que existe. Eu exercito minha liberdade como artista e ela amplia a minha capacidade pessoal. É claro que, como ator, sou mais corajoso do que como pessoa, porque essa é a minha função. É ter coragem para viver coisas e personagens nas quais a gente acredita”, ressalta.
Ele defende que as cenas de afeto entre pessoas do mesmo sexo devem ser vistas de forma cada vez mais natural. “Beijos são naturais e normais entre casais de qualquer tipo. Acho falsa essa expectativa em relação a beijos espetaculares, típicos de fim de novela. Beijo gay existe o tempo todo e não precisa ser espetaculoso, e sim cotidiano e natural.”
Despido de preconceitos, o galã das novelas manda seu recado contra a intolerância. “É hipocrisia fechar os olhos para a evidência de que a prática homossexual é cada vez mais presente e aceita nos dias de hoje. Então, não é oportunismo viver esses tipos. É retratar o que, de fato, existe”, ressalta Zé.
Trajetória na televisão
José Mayer é natural de São Domingos do Prata, Minas Gerais, município criado em 1891. O distrito que José Mayer nasceu foi desmembrado de São Domingos do Prata, criando-se o município de Jaguaraçu quando o ator tinha quatro, em 1953, e em seguida mudou-se para a cidade de Congonhas-MG, onde passou sua adolescência. Na sua carreira existiram dois personagens com o nome de César, em “Mulheres Apaixonadas” e em “A Favorita”, dois com o nome de Pedro em “Pátria Minha” e em “Laços de Família e outros dois com o nome de Fernando em “Fera Radical” e na minissérie “Presença de Anita”; nestas duas últimas novelas, contracenou com a atriz Vera Fischer. Também ficou popularmente conhecido na Internet como “Zé ‘Pegador’ Mayer”, devido ao sucesso dos seus personagens com as mulheres, quase sempre tendo um envolvimento amoroso com as principais personagens. Em 1980, o ator fez sua primeira novela, “Chega Mais”, interpretando um repórter. Tem uma filha também que é atriz Júlia Fajardo, com Vera Fajardo sua esposa.