Jornalista sai em defesa dos latinos em coluna na revista “Time”

 O âncora da Rede Univision, Jorge Ramos, chama atenção da relutância dos republicanos em respeitar todos os latinos, legais ou indocumentados. Foto: Divulgação. 

A coluna de Jorge Ramos na revista “Time” dessa semana é tão forte que deveria ser considerada um marco na história política dos latinos nos EUA.

É difícil mapear a importância política de quem não vota. Ainda mais num país polarizado por ideologias, religião e racismo como estão os EUA hoje.

Ramos é jornalista premiado, âncora da Univision e autor de 11 livros. Traduzi a coluna dele na “Time” para o português por dois motivos: por achar esse texto é impecável e porque brasileiro também é latino. Leia abaixo.


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“Ninguém pode culpar os eleitores hispânicos por se sentirem politicamente isolados. Ambos democratas e republicanos não conseguem conectar conosco. Doze milhões de eleitores latinos estão em busca de um candidato, mas até agora não encontramos nenhum.

Barack Oabama quebrou a sua promessa de campanha. E os republicanos estão fazendo um esforço extraordinário para perderem o voto dos hispânicos. Se os republicanos não conseguirem adquirir 33% dos nossos votos, eles não vão conseguir ganhar a presidência de volta. Desde Ronald Reagan, todos os candidatos que ganharam mais do que um terço do voto hispânico, ganharam a eleição. E todas as pesquisas sugerem que Mitt Romney, Rick Santorum e Newt Gingrich não vão chegar perto desse número em novembro.

Republicanos parecem certos de que vão perder a eleição porque rejeitaram todas as razoáveis propostas de reforma imigratória que chegam até eles. Pela primeira vez nessa geração, o Partido Republicano vai ter um candidato à presidência que não apóia dar um caminho à cidadania para a maioria dos residentes indocumentados. Regan, Bush I, Bush II e McCain, todos apoiaram. A recusa dos republicanos até de considerarem o DREAM Act para estudantes, que dirá uma reforma compreensiva de imigração, é uma receita certa para perder o apoio do grupo de eleitores que mais cresce (nos EUA).

Acreditem ou não, imigração não é o assunto mais importante para os latinos. Nós estamos mais preocupados com empregos, educação e acesso a serviços de saúde de qualidade.

E ainda assim, os problemas que dizem respeito aos imigrantes indocumentados são muito, muito pessoais. Se você os ataca, ataca a todos nós. Eles são nossos vizinhos e colegas de trabalho; os filhos deles vão à escola com os nossos filhos; eles servem em batalhas ao lado de nossos filhos; eles aceitam empregos que ninguém mais quer; eles pagam impostos, e a grande maioria deles fazem da América um país melhor.

Mas vamos começar com o básico – aqui vão alguns conselhos aos candidatos.

Primeiro de tudo, não os chame de “Ilegais.” Ninguém é um ser humano “ilegal”, e se referir a eles como ilegais mostra uma ironia. Eles não chamam as empresas americanas que contratam (os imigrantes) de “ilegais.” É errado. Palavras têm importância.

Segundo, ninguém está comprando as idéias lançadas pelos republicanos sobre segurança na fronteira. O número de indocumentados reduziu de 12 para 11 milhões, de acordo com o Pew Hispanic Center. Cidades ao longo da fronteira com o México estão entre as mais seguras dos EUA.

E quem precisa de cercas quando 4 de cada 10 imigrantes chegam de avião e simplesmente ficam aqi depois do visto expirar?

E terceiro, se o seu plano é fazer da América um lugar hostil para os imigrantes, como o fazem as novas leis aprovadas no Alabama e Arizona, pode dar tchau aos votos dos hispânicos para sempre.

Republicanos estão perdendo uma oportunidade história de conquistar o voto dos hispânicos de volta. Latinos estão muito decepcionados com o Obama porque ele quebrou uma promessa de campanha. “O que eu posso garantir é que nós teremos, no primeiro ano, uma proposta de imigração que vou apoiar totalmente,” Obama me disse em Denver, no dia 28 de maio de 2008. Mas ele não cumpriu. Latinos chamam isso deLa Promesa de Obama. Ele não manteve a sua palavra.

Além disso, a Administração Obama é responsável pela separação de milhares de pais das crianças que são cidadãs americanas. Obama deportou mais imigrantes – mais de 1,2 milhões – do que qualquer outro presidente na História. E mesmo que as suas políticas recentes tenham concentrado mais em deportar criminosos, o seu programa Comunidades Seguras tem afetado de forma injusta imigrantes sem nenhum histórico criminal.

“Latinos,” Ronald Reagan costumava dizer, “são republicanos, eles só não sabem disso ainda.” Latinos compartilham de vários dos valores republicanos: a posição deles contra o aborto, a suspeita deles contra ‘grande governo’ e as suas visões tradicionais de família e religião. Republicanos poderiam ter usado essas similaridades – além da política imigratória contraditória do Obama – para construir uma nova aliança com os latinos. Mas eles disperdiçaram a chance.

Latinos estão sub-representados politicamente; nós deveríamos ter pelo menos 15 senadores, mas nós temos apenas dois. Com 50 milhões de nós, latinos vão em breve eleger o seu próprio presidente. El primer Presidente hispano.

Enquanto isso, nós tempos a difícil tarefa de votar, ou para um presidente que quebrou a sua maior promessa, ou para um candidato republicano que não nos respeita. Não era para ser assim; 2012 era pra ser um ano de esperança para os hispânicos.” 

Fonte: Brazil com Z – Eduardo de Oliveira mora nos EUA desde 2000. É colunista do Nashua Telegraph, repórter da Universidade de Massachusetts e colaborador da Rádio WSRO

 

 

 



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