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Insônia
AGO/2015 – pág. 64
A insônia se caracteriza pela incapacidade de conciliar o sono e pode manifestar-se em seu período inicial, intermediário ou final.
O tempo necessário para um sono reparador varia de uma pessoa para outra. A maioria, porém, precisa dormir de sete a oito horas para acordar bem disposta. Pesquisas recentes sugerem que aqueles que consideram suficientes quatro ou cinco horas de sono por noite, na realidade, necessitariam dormir mais. Aparentemente, pessoas mais velhas dormem menos. Entretanto, o tempo que passam dormindo pode ser exatamente o mesmo da mocidade, dividido em períodos mais curtos e de sono mais superficial.
Localizar as causas da insônia pode ser facilitado pela poli-sonografia, um exame que monitora o paciente enquanto dorme.
Insônia pode ser tratada com medicamentos que devem ser prescritos pelo médico. Não se automedique.
Causas da insônia
A insônia pode ter causas orgânicas e psíquicas. Pesquisas apontam a produção inadequada de serotonina pelo organismo e o estresse provocado pelo desgaste cotidiano ou por situações-limite como causas mais importantes.
Recomendações
Algumas mudanças simples no estilo de vida podem ajudar a combater a insônia, mesmo quando ela for crônica:
- Limite o consumo de cafeína presente no café, chás, colas, chocolates, etc. Até a cafeína usada como ingrediente de alguns alimentos pode prejudicar o sono das pessoas mais sensíveis;
- Converse com seu médico sobre os remédios que esteja usando. Certos medicamentos descongestionantes podem ser tão estimulantes quanto a cafeína;
- Exercite-se regularmente, mas não perto da hora de dormir. Atividade física regular é essencial para quem sofre de ansiedade e ajuda a dormir melhor. No entanto, a prática de exercícios vigorosos à noite pode atrapalhar o sono;
- Estabeleça uma rotina para seu horário de dormir e de despertar. O relógio biológico responde melhor se habituado a horários regulares. Mesmo nos finais de semana, tente manter o esquema estabelecido para os dias úteis;
- Procure relaxar antes de ir para cama. Ouça música, leia um pouco, converse, assista a um filme. Lembre-se de que, depois de uma noite de sono reparador, as soluções para os problemas podem fluir melhor. Se nada disso resolver, vale a pena buscar ajuda profissional;
- Use técnicas de relaxamento. Progressivamente contraia e relaxe todos os músculos do corpo, começando pelos dedos dos pés e terminando na face. Massageie suavemente o couro cabeludo. Tente visualizar uma cena ou paisagem que lhe traga satisfação;
- Tome um banho morno. Deixe a água escorrer pelo corpo durante algum tempo, pois isso ajuda a relaxar os músculos tensos;
- Tome um copo de leite morno. O leite contém o aminoácido triptofano, que relaxa os músculos e induz o sono;
- Experimente ingerir chás à base de ervas como camomila, erva-doce, erva-cidreira, etc. Eles têm sido usados há séculos por pessoas que garantem sua ação relaxante;
- Certifique-se de que não há claridade no quarto e a temperatura é agradável. Mesmo pouca luz pode atrapalhar o sono de algumas pessoas.
- Use protetores nos ouvidos, se o barulho incomoda e não há como eliminá-lo;
- Escolha o colchão adequado para seu peso e altura. Colchões muito macios ou muito duros são contra-indicados;
- Reserve a cama somente para dormir e para relações íntimas. Evite ler, ver TV, trabalhar e conversar no quarto;
- Levante-se, se não conseguiu dormir depois de trinta minutos deitado. Ficar na cama acordado pode aumentar a ansiedade, a irritação e, conseqüentemente, a insônia. Procure distrair-se com alguma atividade tranqüila e depois, mais cansado, volte para a cama e tente dormir. Repita o esquema, se necessário. Usando essa técnica, muitas pessoas conseguem reverter o processo.
Advertência
Insônia crônica requer avaliação profissional. É indispensável descobrir o que está causando essa dificuldade para dormir, pois a ausência do sono reparador pode prejudicar a saúde física e mental dos indivíduos. Por isso, não é à toa que torturadores impedem que o acusado durma quando querem arrancar deles uma confissão.
Um em cada cinco adultos se queixa de insônia. Na metade deles, a dificuldade para dormir é intermitente, limitada a determinadas.
Um estudo recém-publicado na revista “The American Journal of Medicine avaliou a relação entre mortalidade nos vinte anos seguintes e insônia persistente – definida como aquela com mais de seis anos de duração. O estudo começou em 1972, com 1409 participantes de 21 a 75 anos de idade.
Insônia persistente foi definida de acordo com a presença de pelo menos um dos sintomas previstos pela Classificação Internacional dos Distúrbios de Sono: dificuldade crônica para pegar no sono, ou manter o sono, ou despertar muito cedo pela manhã, distúrbios acompanhados de sensação de noites mal dormidas e sonolência diurna.
No período de acompanhamento ocorreram 318 óbitos, causados principalmente por doenças cardiovasculares (95 casos), câncer (78) e doenças pulmonares obstrutivo-crônicas (23).
Os resultados foram submetidos à análise multivariada para excluir a influência de fatores como idade, sexo, índice de massa corpórea, fumo, atividade física regular, uso de álcool e de medicações para dormir.
Para afastar aqueles com privação de sono por razões de trabalho, estudo ou outras, as análises ficaram restritas aos indivíduos que sofriam de insônia apesar de ter oportunidade para dormir pelo menos sete horas por noite.
Comparados com os que não tinham dificuldade para dormir, o risco de morte entre aqueles com insônia foi mais elevado: 54% maior entre os que apresentavam insônia intermitente e 98% maior nos casos de insônia persistente.
As causas responsáveis pelo aumento da mortalidade foram principalmente as doenças cardiopulmonares. Não houve associação entre insônia e neoplasias malignas.
Os resultados se mantiveram independentemente do uso de hipnóticos, oportunidade para dormir, sexo, idade, índice de massa corpórea e outros fatores que poderiam interferir com eles.
Um dos mecanismos aventados para explicar o risco mais alto, é o de que a falta de sono provocaria um processo inflamatório crônico, fator de risco para doenças cardiovasculares e cardiopulmonares.
No decorrer do estudo, os participantes colheram sangue para medir os níveis de proteína C reativa (PCR), um marcador da atividade inflamatória associado às doenças cardiovasculares. Esse exame faz parte das avaliações laboratoriais que os cardiologistas solicitam de rotina.
Os participantes que sofriam de insônia persistente apresentaram níveis sanguíneos de PCR mais elevados do que aqueles com insônia intermitente ou sono normal. Essa elevação, no entanto, não conseguiu explicar o mecanismo associado à mortalidade, uma vez que não teve impacto estatístico nos resultados finais.
Esse é o primeiro estudo prospectivo que avalia as consequências, a longo prazo, da dificuldade crônica para dormir, na duração da vida.
Fonte: The American Journal of Medicine em http://drauziovarella.com.br
Elaine Peleje Vac
elaine@nossagente.net
(Médica no Brasil)
Não tome nenhum medicamento sem prescrição médica.
Consulte sempre o seu médico.