Fome de lutar
Lutador de jiu-jitsu Rodrigo Oliveira - Foto: Thiago Scheufen / HTPro

Fome de lutar

A paixão pelo jiu-jitsu é a motivação do lutador paulistano Rodrigo Oliveira

por Luiz Humberto Monteiro Pereira

humberto@esportedefato.com.br

Rodrigo Oliveira é um nome em alta no jiu-jitsu brasileiro. Paulistano radicado em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, o atleta da equipe Brazilian Top Team/Fight & Fit venceu em março o Campeonato Paulista e, em abril, garantiu a medalha de bronze no Campeonato Sul-Americano de Jiu-Jitsu Esportivo, em São Paulo, na categoria leve (faixa roxa), para atletas com até 76 kg – uma contusão tirou-o das finais. Esse ano, ainda terá pela frente as seletivas do Mundial, o Campeonato Brasileiro e o Pan-Americano. “Devo participar de 10 a 12 competições até o fim de 2017”, contabiliza o lutador de 28 anos.


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Como muitos lutadores que tentam viver exclusivamente do esporte, Rodrigo batalha para equilibrar as finanças. Formado em Nutrição, trabalha e treina no Centro de Treinamentos Fight & Fit, de São Caetano do Sul, que é um de seus patrocinadores. “Sou nutricionista esportivo e trabalho tanto com atletas de alto rendimento quanto com esportistas comuns, que praticam o esporte para melhorar a condição física”, explica Rodrigo, que também é patrocinado pela empresa de suplementação nutricional esportiva HTPro Nutrition e pelo restaurante Templo Nutri, de São Caetano do Sul.

Esporte de Fato – Como se iniciou no jiu-jitsu?

Rodrigo Oliveira – Comecei lutando muay thai, há mais de 10 anos. E também lutava kung fu. Depois, migrei para o MMA, onde tive que praticar outras modalidades como boxe, jiu-jitsu, wrestling e acabei competindo nestas modalidades também. Não gostava de jiu-jitsu, fazia apenas porque era importante para o MMA. Mas, ao longo do tempo, fui gostando, competindo e fiquei apaixonado pelo jiu-jitsu. Abandonei as outras modalidades e foquei apenas nele. Mas ainda penso em retornar ao MMA.

Esporte de Fato – Por que muitos lutadores de jiu-jitsu acabam migrando para o MMA?

Rodrigo Oliveira – Isso ocorre não só no jiu-jitsu, mas também em outras artes marciais. A principal questão é financeira. Apesar de atualmente o jiu-jitsu estar muito melhor do que já foi, com campeonatos e boas premiações, no MMA se consegue ter uma renda muito maior. O MMA está mais bem estruturado em termos de espetáculo, tem mais visibilidade e seus lutadores conseguem remunerações melhores.

Esporte de Fato – Quais foram suas lutas mais marcantes?

Rodrigo Oliveira – Acho que minhas primeiras competições foram as mais importantes, porque eu ainda participava de outras modalidades de luta e me apaixonei pelo jiu-jitsu. Tenho duas lutas e duas vitórias no MMA, fui duas vezes campeão do Brazil International Kung Fu Championship Tournament, tive duas vitórias no boxe e duas vitórias no muay thai profissional. No jiu-jitsu , fui campeão do SP Open, Brazil Open, Paraguay Open, vice-campeão do Brasileiro Sem Quimono, terceiro lugar no Pan-Americano e terceiro lugar no Sul-Americano, entre outros.

Esporte de Fato – Quais são os principais atrativos do jiu-jitsu?

Rodrigo Oliveira – É um esporte em constante evolução. Não existe um número limitado de golpes, tais como finalizações, raspagens ou trocas de guarda. A cada dia, atletas criam técnicas diferentes, e isso nunca para. De alguns anos atrás para cá, mudou muito e as posições são totalmente diferentes. Você pode praticar por 10, 15, 20 anos ou a vida inteira – e nunca saberá tudo. É uma luta muito técnica, ou seja, você pode disputá-la de diversas formas. Tem gente que luta trabalhando na guarda, outros preferem passar guarda, alguns partem para a finalização ou trabalham com pontuação… O jiu-jitsu trabalha o raciocínio. Você tem que pensar muito durante a luta e estar muito esperto com o que seu adversário está fazendo, para não cair em armadilhas e ser finalizado. O lutador precisa planejar seu jogo de acordo com sua parte física, com o que acha que é melhor e o que o agrada mais. É um jogo de estratégia. Você joga iscas, monta seu jogo e, através disso, vence uma luta. É também um esporte que forma um cidadão melhor. Trabalha muito a parte de hierarquia e respeito ao mais graduado e ao mais velho, respeito pelo seu mestre… Na parte física, o jiu-jitsu combate a obesidade e trabalha o corpo de uma forma geral e não isoladamente, por músculos.

Esporte de Fato – Como acredita que o jiu-jitsu possa crescer ainda mais no Brasil?

Rodrigo Oliveira – É um esporte que tem um potencial muito grande, porque consegue envolver todas as camadas da população. Atende a ricos e pobres, altos e baixos, fracos e fortes. No Brasil, em termos esportivos, falta melhorar a organização. Temos muitas federações e confederações, algo que acaba atrapalhando um pouco o esporte. Com melhor organização, com certeza o jiu-jitsu terá muito a crescer.



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