O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou o fim da emergência no país da Covid-19 e especialistas avaliam que, apesar da redução recente das infecções, este ainda não é o melhor momento para revogar a portaria de emergência da saúde pública no Brasil. O decreto contraria estratégia dos EUA e alerta da OMS
Da Redação
Para profissionais da saúde no Brasil e de países da Europa, foi um contrassenso o pronunciamento do Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em anunciar no domingo, em rede nacional, a decisão do governo brasileiro de decretar o fim da emergência no país da Covid-19. Isso ocorre após reunião com a presença dos principais cientistas do mundo, que declararam, de forma unânime, que a pandemia ainda é uma realidade e que não é o momento de falar do fim da emergência internacional.
A decisão brasileira contraria a estratégia do presidente Joe Biden que acaba de ampliar por mais três meses medidas de controle e uso da máscara. Para o Comitê de Emergência da OMS, a Covid-19 ainda é “um evento extraordinário que continua a afetar negativamente a saúde das populações em todo o mundo, representa um risco contínuo de propagação internacional e interferência no tráfego internacional, e requer uma resposta internacional coordenada”.
Falando em rede nacional, Queiroga anunciou o fim da situação de emergência sanitária nacional devido à pandemia da Covid-19. Ele afirmou que irá editar nos próximos dias um ato normativo para encerrar a Espin (Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional). No entanto, ressaltou que a medida não significa o fim da doença.
Para a OMS, a imprevisibilidade do vírus é o principal motivo da cautela da agência. “Ainda não se tem clareza sobre a evolução do vírus”, explicou uma fonte do alto escalão da agência. No entanto, a OMS respeita a soberania dos governos, mas reconhece que o SARS-CoV-2 continua a ter uma evolução viral imprevisível, que é agravada por sua ampla circulação e intensa transmissão em humanos.
Em nota, explica que, “O SARS-COV-2 continua a causar altos níveis de morbidade e mortalidade, particularmente entre as populações humanas vulneráveis. Neste contexto, o Comitê levantou preocupações de que o uso inadequado de antivirais pode levar ao surgimento de variantes resistentes a drogas”,
“O Comitê também observou com preocupação a inconsistência dos requisitos globais da Covid-19 para viagens internacionais e o impacto negativo que medidas inadequadas podem ter em todas as formas de viagens internacionais. Neste contexto, o Comitê observou que oferecer vacinação a grupos de alto risco de viajantes internacionais na chegada poderia ser considerado um meio de mitigar o risco de doença grave ou morte devido à doença entre esses indivíduos”, defendeu.
Na contramão dos EUA
A decisão do governo brasileiro sobre a pandemia também contraria a direção que os EUA tomaram em relação à doença. Os dois países lideram em número de mortes pela Covid-19. Na quarta-feira, o governo americano decidiu ampliar por mais três meses a emergência sanitária, permitindo assim que os cidadãos possam continuar sendo testados e recebendo tratamento de forma gratuita.