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Fernanda Torres: entre tapas e muitos beijos
Ela interpreta a Fátima, vendedora da “Djalma Noivas”, ao lado da amiga inseparável, Sueli (Andrea Beltrão), em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro, no seriado “Tapas & Beijos”. Personagem impulsiva, engraçada, que conquistou a simpatia do público. Fernandinha é a grande revelação do humor no Brasil
“Filho de peixe…” Para a Fernanda Torres, sem dúvida, herdar o talento de pais consagrados na dramaturgia, os atores Fernando Torres e Fernanda Montenegro, é uma benção dos deuses. Na Globo protagoniza o seriado “Tapas & Beijos” (encerra-se em Julho de 2015), interpretando a Fátima, vendedora da “Djalma Noivas”, ao lado da amiga inseparável, Sueli (Andrea Beltrão), em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. Uma personagem impulsiva, engraçada, e que conquistou a simpatia do público. Fernandinha arrasa no papel e se caracteriza como uma das grandes revelações do humor no Brasil. Quer mais? A atriz ganhou a Palma de Ouro como Melhor Atriz, no Festival de Cannes, em 1985, no filme “Eu Sei que Vou Te Amar”, de Arnaldo Jabor, aos 19 anos. “Fazer cinema é como plantar. O agricultor escolhe um ano antes o que vai semear e quando vem a colheita ele reza para que a sua produção esteja em alta no mercado”, disse.
A atriz revela que foi rebelde em sua adolescência e que foi usuária de drogas por mais de dez anos, e que, apesar de muitos anos de tratamento, só parou definitivamente ao completar 30 anos. “ Acho que o máximo que os pais podem fazer é estabelecer uma relação de amizade. Meus pais fizeram assim: eles não deixavam usar drogas em casa. Sabiam que eu usava. Mas não se falava sobre isso, não se tocava no assunto. Eles eram uma espécie de freio mental”, lembra.
Seu primeiro relacionamento amoroso aconteceu aos 17 anos com o apresentador Pedro Bial, com quem namorou por dois anos e meio. Nesta época conheceu diversos países com Bial – que era correspondente internacional da Globo -, mas devido a constantes desentendimentos, houve a separação do casal. Outro envolvimento amoroso de Fernanda Torres foi com o polêmico diretor de teatro Gerald Thomas, com quem ficou por quatro anos. Nesse relacionamento novo, passou a viver em Nova York e no Rio de Janeiro, já que o namorado viajava constantemente para os EUA. Após brigas, o casal se separou, e Fernanda passou a viver em diversos países, morando sozinha, entre Europa, Estados Unidos e Brasil. Durante estas viagens, teve outros namorados, entre eles cantores, modelos e atores, mas seus relacionamentos não deram certo. Em 1995 voltou a morar definitivamente no Brasil. No Rio, conheceu o cineasta Andrucha Waddington e foram viver juntos. Em 2000, nasceu o primeiro filho do casal, Joaquim. Fernanda engravidou em 2007, mas sofreu um aborto espontâneo. Logo depois, engravidou novamente, e nasceu Antônio.
Temporada de “Tapas e Beijos”
Não é mais novidade que a série “Tapas & Beijos” tem o seu término previsto na metade de 2015, por decisão da direção da Globo, embora o grande público não concorde. E quem se acostumou com as peripéscias da Fátima vai sentir saudades, sem dúvida. Para Fernanda Torres, a Fátima é muito especial e ela diz o seguinte: “ Acho que com a Fátima eu aprendi a me vestir como mulher. Ela passou por muitas mudanças e obstáculos em sua vida, e hoje leva tudo como aprendizado”, diz.
Sucesso na grade da Globo desde 2011, “Tapas & Beijos” já tem seu término previsto e alinhado entre direção, produção e elenco. Nos bastidores, a informação não chegou como uma surpresa ou foi vista de forma negativa. O projeto é considerado muito bem aceito entre toda a equipe e possui respaldo do público. No entanto, existe a vontade de se encerrar antes de um inevitável desgaste e que se possa permitir o elenco a migrar para novos projetos. Esta definição da Globo em terminar “Tapas & Beijos” na metade de 2015 garante uma temporada a mais do que vinha sendo cogitado até então. No ano passado, eram vários os rumores de que a temporada deste ano seria a última.
Entre muitos, o destaque do trabalho de Fernanda Torres ficou por conta dos episódios de “A Comédia da Vida Privada” e a série de linguagem inovadora “Os Normais” (2001-2003), protagonizada por ela e Luiz Fernando Guimarães e posteriormente adaptada ao cinema em duas películas. Ao mesmo tempo em que firmava seu espaço na televisão, Fernanda Torres traçava um rumo especial no cinema. Participou de “One Man´s War” (“A Guerra de um Homem”, 1991) de Sergio Toledo, cujo elenco incluía o renomado ator Anthony Hopkins e a argentina Norma Aleandro. “Terra Estrangeira” (1996), de Walter Salles Jr. e Daniela Thomas, e o filme de Bruno Barreto “O Que é Isso, Companheiro?” (1997) marcariam uma fase promissora, tendo a última produção sido indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Em 1999, atuou em “Gêmeas”.
Ao lado do irmão – o produtor, diretor e escritor Cláudio Torres – escreveu seu primeiro roteiro para o filme “Redentor”, de 2003. Retornou dois anos mais tarde com “Casa de Areia”, em que contracenou com a própria mãe, Fernanda Montenegro.
Indagada sobre o fator idade e se isso a preocupa, Fernanda Torres, na fase dos quarenta, disse que leva a situação com muita tranquilidade. “Os 40 anos são uma idade de muita completude, ao mesmo tempo em que dá para enxergar a curva da vida. Você entende que o tempo passa, e passa rápido, então é uma época de muita felicidade e compreensão da mortalidade. Porque, aos 20 anos, você é imortal”. conclui. Para a atriz, ser uma artista de sucesso é consequência de muito trabalho e dedicação, mas, acrescentou dizendo que isso não é motivo para se gabar, pelo contrário: “O artista não é especial coisa nenhuma, o artista é como todo mundo. Quer telefonar para Deus e não sabe o número”, finaliza.