A demanda por viagens está de volta e o setor aéreo está lutando para recuperar o atraso e recontratar. Comissários de bordo alegam “situação muito difícil”, com o excesso de horas trabalhadas e escassez de pessoal
Da Redação – O que acontece com funcionários das companhias aéreas com a volta dos passageiros nos aeroportos, após o período de restrições com a pandemia? À medida que os viajantes retomam seus assentos em massa, falhas constantes podem ser verificadas nos saguões de embarques, seguidas de reclamações com voos cancelados, bagagens extraviadas e passageiros perdendo a confiança na indústria da aviação.
“A falta de funcionários, atrasos, cancelamentos, falta de bagagem – acho que é uma situação muito difícil para todos”, disse o comissário de bordo da “Lufthansa”, Daniel Kassa Mbuambi. E para a comissária de bordo, Allie Malis, da “Lufthansa”, “há algum tipo de colapso acontecendo que eu acredito que poderia ser evitável”, afirma.
Segundo informações de profissionais do setor aéreo, quando a aviação parou nos primeiros dias da pandemia, a maioria das companhias aéreas e aeroportos concedeu licença ou demitiu muitos trabalhadores terrestres e aéreos. As empresas operaram com uma equipe reduzida durante a maior parte dos últimos dois anos.
Agora, a demanda por viagens está de volta e o setor está lutando para recuperar o atraso e recontratar. Para os comissários de bordo que ainda estão empregados, é uma “situação muito difícil”. A tripulação diz que esta tensão significa operar um voo com o mínimo de pessoal a bordo.
Os comissários de bordo alegam que situações como essas, juntamente com horários imprevisíveis, causam estragos no bem-estar mental e físico da tripulação. “Os níveis de doença atingiram o teto, os níveis de fadiga atingiram o teto, não porque os comissários de bordo estão rejeitando ou protestando de alguma forma. É porque não conseguem lidar com as constantes mudanças”, relatou uma comissária de bordo.
O boom de viagens pós-pandemia era “esperado – mas não nessa intensidade”, acrescentou o porta-voz. Disse que a empresa cancelou recentemente uma série de voos de verão, cujo objetivo era reduzir os cancelamentos no dia.
Horários imprevisíveis
Os contratos de comissários de bordo permitem dias de trabalho variáveis, então voar sempre foi um trabalho que vinha com um grau de imprevisibilidade. Mas, à medida que o setor está sobrecarregado, os comissários de bordo dizem que essa incerteza aumentou.
Sugerem que horários imprevisíveis, combinados com as condições salariais atuais, são o motivo pelo qual os trabalhadores que deixaram o setor durante a pandemia não estão retornando. “Há uma razão para eles não voltarem”, diz o porta-voz. “A indústria criou seu próprio problema.”
Os comissários de bordo estão esgotados, trabalhando quase que ininterruptamente, com os períodos de descanso mais curtos durante a noite. Em contrapartida, o sindicato da categoria está defendendo o aumento dos salários da tripulação aérea para corresponder à alta do custo de vida e melhorar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Passageiros indisciplinados
No auge da pandemia, um dos maiores problemas enfrentados pela tripulação aérea eram os passageiros indisciplinados, com a maioria dos incidentes nos EUA supostamente relacionados à falta de conformidade com o uso de máscaras. E embora os problemas relacionados às máscaras possam ter cessado em solo americano, eles estão surgindo em outros lugares.
“Nós, como comissários de bordo, estamos lá com nossos passageiros, sentimos suas frustrações. Queremos fazer o certo por nossos passageiros que estão apenas tentando chegar aonde precisam ir. Podemos ler seu estresse, e realmente queremos que eles cheguem com tranquilidade ao seu destino. Esperamos dizer adeus com um sorriso”, disse o comunicado do sindicato.
