EUA lançam plano para aumentar o nº de americanos estudando no Brasil

EUA lançam plano para aumentar o nº de americanos estudando no Brasil

Programa vai levar representantes de universidades brasileiras aos EUA. Objetivo é mostrar como as instituições podem atrair mais americanos.

Jefferson Brown, do governo americano, esteve em SP para um encontro com atuais e ex-bolsistas (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
Jefferson Brown, do governo americano, esteve em
SP para um encontro com atuais e ex-bolsistas
(Foto: Ana Carolina Moreno/G1)

O governo dos Estados Unidos anunciou na quarta-feira (24) um novo programa para estimular o intercâmbio de estudantes americanos em universidades brasileiras. Entre outubro de 2014 e setembro de 2015, dois grupos de representantes de instituições de ensino superior do Brasil serão selecionados para uma visita de duas semanas à capital dos EUA e a campi de universidades e faculdades americanas.

O objetivo, segundo Jefferson Brown, secretário-assistente de diplomacia pública do Escritório de Negócios Ocidentais do governo americano, é trocar informações com os gestores de ensino brasileiros sobre que tipo de estrutura de apoio as universidades podem oferecer para que mais estudantes americanos pensem em fazer intercâmbio no Brasil.

Em entrevista ao G1 em São Paulo, onde se encontrou com atuais e ex-bolsistas do governo americano, Brown explicou que os novos destinos de intercâmbio, como o Brasil, precisam “convencer” duas audiências: os estudantes e seus pais. “Os pais querem saber se sua filha e seu filho estarão seguros, onde vão morar, faz parte da tarefa que os novos destinos têm que cumprir, é como atrair turistas”, disse ele.


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Atualmente, o número de americanos fazendo algum tipo de curso de nível superior no Brasil tem crescido. No ano letivo 2011-2012, 4.060 estudantes dos Estados Unidos faziam intercâmbio no país, 16,5% mais que no ano anterior 3.485). O crescimento no Brasil foi mais alto que a média da América Latina e do Caribe, de 11,7% (de 40.000 para 44.677). Os dados referentes ao ano letivo 2012-2013 devem ser divulgados em novembro.

Entre as considerações que devem ser levadas em conta no processo de internacionalização das universidades vão desde a estrutura das residências estudantis e o sistema de transferência de créditos, para garantir que as disciplinas cursadas no Brasil serão aproveitadas no histórico escolar dos EUA, até a questões mais específicas, sobre apoio para os estudantes tirarem os documentos exigidos como estrangeiros no Brasil e oferecer alguém para receber o intercambista no aeroporto.

A iniciativa faz parte do programa “100K Strong in the Americas” (“Força de 100 mil nas Américas”, em tradução livre), lançado pelo presidente americano Barack Obama para dobrar o número anual de estudantes americanos que escolhem algum país das Américas como destino de intercâmbio. Hoje, segundo Brown, esse número é de 45 mil.

Em 2011-2012, o Brasil foi o terceiro país do continente que mais recebeu americanos nas suas universidades. O primeiro foi a Costa Rica (7.900 intercambistas dos EUA), seguida da Argentina (4.763). Em quarto lugar ficou o México, que recebeu 3.815 universitários americanos, pouco acima do Equador, onde 3.572 americanos foram estudar.

Barreira do idioma

Zoe Mercer-Golden, de 24 anos, estudou letras na Universidade Yale e hoje dá aulas de inglês na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
Zoe Mercer-Golden, de 24 anos, estudou letras na Universidade Yale e hoje dá aulas de inglês na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)

Outra questão importante, porém, é a falta de acesso dos estudantes americanos a cursos de português, em comparação com os de espanhol. “Até nas universidades é mais fácil, mas ainda não é universal”, explicou o diplomata americano. “É mais difícil um aluno pensar no Brasil [como destino de intercâmbio] se ele tem conhecimento zero em português.”

O caso da jovem californiana Zoe Mercer-Golden, de 24 anos, se encaixa no exemplo dado por Brown. A estudante, que tem diploma da Universidade Yale, queria participar de um programa de estágios para professores oferecido pela Comissão Fulbright (instituição ligada ao governo americano que oferece bolsas de estudos).

“Me inscrevi para o programa na Argentina. Eles disseram que estavam expandindo as bolsas também para o Brasil e me ofereceram uma vaga aqui”, explicou a professora, que há sete meses e meio mora em Ouro Preto (MG) e dá aulas para alunos de letras da Universidade Fedreal de Ouro Preto (Ufop) e no programa Inglês sem Fronteiras, do Ministério da Educação. Zoe diz que, apesar de não ter escolhido o Brasil como primeira opção e de ter chegado ao país sem conhecer a língua, sua experiência merece elogios. “Tenho adorado estar aqui, estou tendo uma experiência incrível”, contou a jovem, que ainda tem um mês de estágio pela frente.

A americana afirma que os alunos brasileiros para quem ela deu aulas de inglês até agora mostram níveis de domínio da língua muito distintos. “Tem alunos muito avançados, e outros que passaram anos estudando inglês, mas chegam à universidade sem realmente saber a língua. Vi que você pode estudar inglês na escola duas vezes por semana durante anos e não aprender inglês. Muitos dos bons alunos vêm de famílias com renda alta que pagaram por cursos de inglês em escolas privadas”, disse.

Por outro lado, Brown diz que as instituições também podem atrair mais americanos se começarem a desenhar cursos onde parte das aulas são oferecidas em inglês. “Um país bem sucedido nessa área é a Costa Rica. Uma ou mais universidades desenvolveram um programa em língua inglesa. Também é uma coisa muito boa para os estudantes brasileiros, que vão melhorar seu nível de inglês”, explicou o diplomata.

Inglês no Ciência sem Fronteiras
Brown disse que, no decorrer dos anos, tem aumentado o número de bolsistas do Ciência sem Fronteiras (CSF) que são enviados aos Estados Unidos meses antes do início do curso apenas para fazer aulas intensivas de inglês. O objetivo do curso extra é garantir que os bolsistas que não atenderam ao nível mínimo de domínio de inglês possam aprendar o idioma antes do início do ano letivo, para poderem aproveitar as aulas.

Segundo Liliana Ayalde, a embaixadora dos EUA no Brasil, atualmente 400 instituições americanas aderiram ao programa de intercâmbio financiado pelo Ministério da Educação. O atendimento dos estudantes brasileiros que vão aos Estados Unidos pelo CSF é feito por instituições especializadas contratadas pelo governo americano.

O intercâmbio de gestores aos Estados Unidos, segundo o governo americano, também tem como objetivo fazer com que aumente a troca de informação entre as instituições brasileiras e as americanas, muitas das quais ainda são pouco conhecidas no Brasil. “A gente encontra muito pessoas que conhecem um número de universidades americanas famosas e querem estudar lá. Mas pode ser que haja uma que eles não conheçam e que seja perfeita para eles”, explicou o secretário-assistente.

Fonte: g1.globo.com



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