Esmolas

Esmolas

Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes visto por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que tua esmola seja dada ocultamente, e teu pai, que vê em segredo, re recompensará publicamente. (Mt 6:1-4)

Edição de dezembro/2019 – p. 26

Esmolas

“GUARDAI-VOS DE FAZER” – Evitai. Imperativo. Se tal acontecer que seja por força das circunstancias e, sem fugir (é claro) à naturalidade.

“A VOSSA” – A esmola é de cada um. Assim, cada um dá do que tem e com a sua própria maneira de ser. Como todos nós estamos em evolução e cada um numa posição, não se pode estabelecer norma fixa, a não ser que pretendamos conduzir a criatura à hipocrisia.


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“ESMOLA” – É todo tipo de oferta. E variam ao infinito. Do pão ao sorriso. Do calçado à palavra de estímulo. Por isso, ninguém é tão pobre que não tenha algo para oferecer. E ninguém pode alegar falta de recursos para deixar de ajudar.

No meio religioso não podemos distribuir somente utilidades, mas, a par delas, também, a orientação. Uma pessoa que sofre (devidamente esclarecida) padece menos, sabendo que Deus existe e é bom e justo, que há a reencarnação e que, mediante a lei de causa e efeito, cada um recebe segundo as próprias obras.

“DIANTE DOS HOMENS, PARA SERDES VISTOS POR ELES” – Se temos uma conduta diante dos outros e um modo de proceder, quando não testemunha das as nossas ações, estamos deixando de ser autênticos. O importante é a ajuda que tenhamos condições de proporcionar e não o fato de sermos vistos. Em todas as situações, identifiquemos o essencial.

“ALIÁS, NÃO TEREIS GALARDÃO” – Agindo daquele modo reprovável, não se tem o direito de pensar em galardão, em recompensa. Ela se limita ao fato de a criatura ser vista, fazendo algo, prestando algum beneficio. Testemunho dos homens.

“JUNTO DE VOSSO PAI, QUE ESTÁ NOS CÉUS” – Toda a sabedoria se resume em viver bem, para desencarnar com equilíbrio e em paz. Se admirados pelos homens e destacados por eles os nossos feitos, nada mais temos a esperar. Ora se o Pai está nos céus, isto é, onde há o belo, o bom, o correto, encontra-se distanciado do nosso modo de ser e proceder. E, quando se fala em VOSSO Pai, lembra mesmo aquele Pai, aquele Criador entrevisto pela janela estreita das nossas limitações.

“Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.” (Mt 6:2).

“QUANDO, POIS, DERES ESMOLA” – Quando é uma circunstância de tempo. Por enquanto ainda não vivemos num clima de caridade permanente, fazendo o bem por amor ao próprio bem. Estejamos vigilantes, para que a nossa ajuda não tenha o sabor do fel, as nossas palavras não sejam ásperas, os nossos gestos não firam…

“NÃO FAÇAS TOCAR TROMBETA DIANTE DE TI” – A trombeta é citada várias vezes na Bíblia, como o instrumento de maior percussão na época. Fazia barulho mesmo. Na idade média, tivemos os arautos. Hoje, os meios de comunicação. Não raro, é o próprio. Até a gente se lembra de Sêneca: “Elogio em boca própria desagrada a qualquer um”.

“COMO FAZEM OS HIPÓCRITAS” – Porque, até fazendo o bem, estão de olho somente nas vantagens que podem tirar da situação. Passando por virtuosos, se promovendo, garantindo o reconhecimento.

“NAS SINAGOGAS E NAS RUAS” – Sinagoga é o local de reunião dos judeus. Reunião para leitura e comentários da Lei e dos profetas. Para as preces em comum. Sinagoga representa a área religiosa.

“NAS RUAS” – Atividade pública de divulgação de feitos. Desaconselhável proclamar o bem que nos é dado fazer, quer no âmbito religioso, quer no mundo profano. Igualmente desaconselhável é partirmos para o elogio, criando um clima perigoso para o semelhante. Elogio é feito casaca de banana. Muitos escorregam e resvalam para a vaidade.

“PARA SEREM GLORIFICADOS PELOS HOMENS” – Toda situação tem duas faces. O homem, inicialmente, no seu egoísmo, não pensa, não cogita no bem de ninguém. Daí, vemos o lado positivo da glorificação, para arrancar esse mesmo homem da prisão do egoísmo. Nem que seja só para ser citado e bajulado, ele passa a fazer alguma coisa. E o que recebe não deixa de ser beneficiado, ainda que ele próprio não tenha sido o objetivo, mas apenas um meio.

“EM VERDADE VOS DIGO QUE JÁ RECEBERAM O SEU GALARDÃO” – Sim, em tal situação já recebemos a recompensa. Nada de espiritual nos inspirou e movimentou. Somente o desejo de aparecer, de ser notados, distinguidos. E isso já aconteceu. Da lei que nos manda fazer o bem sem ostentação, nada resta a nosso favor. Vale para o beneficiado o próprio bem, que pois, resultar em gratidão sua, deus familiares e amigos, encarnados e desencarnados.

“Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que fez a tua direita.” (Mt 6:3).

“MAS, QUANDO TU DERES ESMOLA,” – No ato de beneficiar alguém. Não importa onde, porque todo lugar é lugar de ajudar ao semelhante. Já se mencionou na sinagoga e na rua, ou seja, no templo de nossa devoção ou em outro local. Até em antros distanciados da mora, dos bons princípios, se pode concretizar o bem.

“NÃO SAIBA A TUA MÃO ESQUERDA O QUE FAZ A TUA DIREITA” – Mão lembra trabalho, realização. É’ bom o que movimentamos com o lado direito, isto é, com o lado reto, consciente, virtuoso. O pensamento elevado, a palavra edificante, o gesto pacificador, a ação renovada. O “NÃO saiba a tua MÃO esquerda”, representa a não ingerência do lado menos bom, imperfeito que ainda integra a nossa individualidade. Por exemplo: ajudar para APARECER; para ser CITADO; para ser DIFERENTE; para tornar-se CREDOR de atenções ou recompensas materiais (tudo isso é trama do que há de maligno em cada um de nós). A própria menção do que nós fazemos; a auto-louvação também não passam disso. Não podemos nos esquecer de que nos encontramos no mundo para nos aperfeiçoar, para levarmos avante a luta que existe dentro de nós mesmos até a vitória final do bem.

“para que a tua esmola seja dada ocultamente, e teu pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.” (Mt 6:4).

“PARA QUE A TUA ESMOLA SEJA DADA OCUALTAMENTE” – Só agimos assim, quando procuramos fazer o bem por amor ao próprio bem. E o que é dado ocultamente não humilha o auxiliado. Isso em termos materiais, porque, espiritualmente falando, como veremos, nada se consegue esconder.

“E TEU PAI” – O Criador, de acordo com o nosso entendimento ainda muito acanhado. Mas como é confortador lembramos que temos um Pai. O Pai aqui pode ser interpretado também como a lei de Causa e Efeito, de Ação e Reação. O bem trazendo o bem e vice-versa. E as leis divinas são infalíveis.

“QUE VÊ EM SEGREDO” – Para Deus nada há secreto, nem para os espíritos superiores a nós. E muito menos para as leis nas quais nos enquadramos. Há sempre milhares de testemunhas espirituais presenciando os nossos atos mais corriqueiros…

“TE RECOMPENSARÁ PUBLICAMENTE” – A recompensa é notória. O bem e o mal promovem consequências visíveis. Ás vezes, a pessoa está tão absorvida pelas coisas materiais que não percebe. Precisamos abrir os nossos olhos. O bem nos fortalece e encaminha para a prática do que é melhor. O menos bom nos convida a retificação indispensável.

Temos conhecido companheiros que, pelo fato de se dedicarem ao trabalho de assistência aos semelhantes, têm se furtado de muitos sofrimentos. Têm até conseguido a prorrogação de suas vidas na carne…



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