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Entrevistando Evandro Mesquita
SET/15 – pág. 70 e 72
Em janeiro de 1982, em pleno verão carioca, nasceu a Blitz, após uma apresentação no Circo Voador. Resultado de shows improvisados em bares da zona sul, a banda tomou forma e começou a virar mania no tablado do Circo.
Ainda no mesmo ano, no mês de julho, a Blitz gravou o compacto Você Não Soube Me Amar, incluindo apenas essa música. No lado B do mesmo compacto, uma voz repetia “nasa, nada, mada”. Apenas nos três primeiros meses de venda, o compacto atingiu a marca de 100 mil cópias, quando a banda deixou definitivamente o anonimato para ser reconhecida e respeitada no cenário rock/pop brasileiro.
A Blitz irreverente de Evandro & Cia surgia no mesmo cenário de artistas como Lulu Santos, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Titãs e muitos outros. No entanto, a Blitz era diferente. A mistura de música e teatro tinha muito a ver com a sua origem, o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone. De lá, saiu Evandro Mesquita, o homem de frente do grupo e responsável por boa parte das letras. Evandro não só cantava, mas também dialogava com as garotas do backing vocal: a cantora Márcia Bulcão e a bailarina Fernanda Abreu (que deixou a banda e segue até hoje carreira solo). Na ‘cozinha’ da Blitz, Billy Forghieri (teclados, ex–Gang 90), Ricardo Barreto (guitarra), Antonio Pedro (baixo, ex-Mutantes) e Lobão (bateria) apoiavam os cantores com máxima competência. Foi com essa ‘escalação’ que a Blitz conquistou o cenário musical brasileiro, apresentando-se em casas de shows nos quatro cantos do Brasil e se consagrando no Rock in Rio.
A formação atual da banda traz Evandro Mesquita (vocal, guitarra e violão), Billy (teclados), Juba (bateria), Rogério Meanda (guitarra), Cláudia Niemeyer (baixo), Andréa Coutinho (backing vocal) e Nicole Cyrne (backing vocal).
Em julho, a Blitz realizaria apresentações em Boston, Miami e Orlando, mas por conta de problemas consulares – o sistema foi invadido por hackers -, as apresentações foram canceladas, frustrando os fãs que aguardavam por Evandro & Cia. Para comentar sobre esse episódio, bem como sobre a banda e seus trabalhos paralelos a Blitz, o Nossa Gente traz com exclusividade uma entrevista com Evandro Mesquita. Confira!
NG – Os arquivos apontam que a Blitz iniciou atividades em 1980 e, portanto, completa este ano 35 anos de atividades. A banda reconhece o ano de 1980 como início das atividades ou a data seria 1982, com o lançamento do compacto Você Não Soube Me Amar?
EM– Começamos a fazer o circuito underground em 81. Depois em 82, no circo Voador do Arpoador, entraram as backing vocals na banda e já havíamos conquistado nossa turma da praia. O bairro passou a ter uma banda que representava a juventude, com uma poesia mais direta de rua e uma mistura de sonoridades daqui e de fora. A música Você Não Soube Me Amar arrombou as portas das gravadoras que eram fechadas pra esse tipo de música. Numa época de crise do mercado fonográfico, vendemos mais de um milhão de compactos, com uma música só, pois o lado B era eu falando “nasa, nada, mada…”. Com nosso sucesso, as rádios e gravadoras começaram a dar mais espaço a nova música, bem como para as outras bandas que surgiam.
NG – A Blitz gravou entre CDs e DVDs um total de 12 trabalhos. Quais são os planos da banda referente ao futuro?
EM – Gravamos, na praia de Ipanema, o DVD Blitz 30 Anos, que mostra nossa história até os dias de hoje e, agora, estamos em estúdio, finalizando um álbum de inéditas para lançamento no segundo semestre.
NG – Ao contrário de artistas de MPB, da música erudita ou da música instrumental, que desenvolveram carreira no exterior, os artistas brasileiros de música pop ou rock pouco investiram em carreira internacional. Você atribui essa falta de investimento aos empresários ou aos músicos?
EM – Era preciso antes conquistar o nosso país, que já rodamos por inteiro, para agora fazemos umas excursões internacionais em aventuras interessantes. Argentina, Estados Unidos, Rússia, Japão, Portugal foram shows históricos.
NG – O que aconteceu que impediu a realização dos shows nos Estados Unidos meses atrás?
EM – A Blitz estaria indo inicialmente para Miami e Orlando. Acontece que, com o episódio do hacker chinês que invadiu o sistema do consulado norte-americano de todo o mundo, a emissão de vistos atrasou. Com o atraso nos vistos, os shows foram transferidos para os dias 10 e 11 de julho, em locais de Boston e Miami. Nossos passaportes continuavam no consulado, até que na véspera dos shows conseguimos liberar 10 passaportes dos 13 que estavam aguardando os vistos – faltando o do Juba (baterista), Claudinha (baixista) e Rogê (técnico de som). Estávamos dispostos inclusive a viajar em voo com conexão e tocar no mesmo dia que chegássemos, tudo isso para atender as datas, até porque estávamos muito animados para fazer os shows. Infelizmente, por faltarem os vistos, não foi possível realizar a tour. Gostaríamos de agradecer o empenho dos empresários locais que fizeram de tudo para que fossemos, assim como nós também tentamos de tudo.
NG – A Blitz tem programado alguns shows nos Estados Unidos, especificamente para a Flórida, em outubro. Como a banda vê esse tipo de empreitada?
EM – Com muito prazer, estamos loucos pra reencontrar os fãs da banda e descobrir novas plateias e lugares.
NG – Na década de 80 o vinil perdeu espaço para o CD. Na década de 90, o CD se converteu em MP3. De lá pra cá, a indústria da música praticamente fechou as portas, quando as gravadoras definitivamente abandonaram a comercialização de música. Em sua opinião, a música voltará a ser comercializada em um novo formato ou o futuro da música será basicamente para a música ao vivo?
EM – Há muitos caminhos para a divulgação da música. Um trilhão de opções, pois hoje qualquer um grava um disco de qualidade em casa. Ainda está muito confuso esse caminho para a nossa geração, em que o contato através do show passa a ser o motivo de se gravar CD, EP, DVD ou ainda os novos formatos já disponíveis.
NG – Gravar trabalhos solo, a exemplo de seus trabalhos gravados tempos atrás, está nos seus planos?
EM – Sempre fui um cara de banda, de grupo de teatro, de time de futebol. Gosto dessa criação coletiva. Tenho outra banda de amigos dos anos 70, a The Fabulous Tropical Acoustic Band, que está disponível para ser conhecida através do iTunes e Spotify. São versões acústicas de músicas que inspiraram nossa geração, como Bob Dylan, Stones, Pink Floyd, Hendrix, Led Zeppelin, Marley, JJ Cale e Otis Redding, entre outros. Já estamos gravando o segundo CD e fazendo shows também.
NG – Que tipo de projeto você ainda não realizou e agora, aos 63 anos, gostaria de se envolver? Música, teatro ou cinema?
EM – Tenho escrito roteiros para séries de TV. É um trabalho muito difícil, uma vez que quem define os projetos são os que mais têm projetos, e então naturalmente não dedicam muita atenção aos projetos dos outros. Fiz um roteiro para uma peça minha e do Mauro Farias, com o qual ganhamos o prêmio Shell de autores, mas é uma gincana burocrática enlouquecedora que desanima.
NG – Em 1985, você iniciou carreira como ator de TV no programa Armação Ilimitada. O fato de continuar trabalhando em TV, em programas como a extinta A Grande Família e Tapas e Beijos vem da sua necessidade de dar continuidade a sua carreira como ator de TV?
EM – É uma continuidade natural da arte que faço desde os 19 anos.
NG – Sua participação no grupo de teatro Asdrubal Trouxe o Trombone foi marcante. Você é um músico que sempre atuou como ator, ou você é um ator que desenvolveu aptidões musicais?
EM – Sou arteiro! Gosto do universo da arte e de tudo que me desafia nela e nesse universo.
NG- São mais de 15 filmes com a sua participação. Atuar como diretor faz parte dos seus planos?
EM – Sim, adoro dirigir teatro principalmente, mas escolho muito e sou bem criterioso quanto ao que fazer nessa área. Fiz a direção de Hedwig And The Angry Inch, que já foi encenada em mais de 50 países e o autor é o ator John Cameron que, ao ver a minha montagem, disse que foi a mais criativa e a que ele mais gostou dentre todas.
NG – Música, cinema e televisão. Você prefere o trabalho em estúdio, filmando e gravando, ou trabalhando em contato direto com o público?
EM – Gosto dos shows! Viajar com a banda, montar o “circo” e apresentar o show ao vivo é demais, mas também gosto da alquimia da criação das canções no estúdio.
Sallaberry
Músico, produtor musical e bacharel em Publicidade e Propaganda, membro do Latin Grammy. Autor do Manual Prático de Produção Musical.