Empresário deixa engenharia e conquista o turismo em Orlando

Empresário deixa engenharia e conquista o turismo em Orlando

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JUN/2015 – pág. 36 e 47

Ronaldo G. Esteves é o bon vivant que deu certo nos Estados Unidos, mantendo um trânsito privilegiado com o site “ Orlando Tickets Online” e o “Sambalatte Café”, entre as melhores casas de café dos Estados Unidos

Ronaldo Esteves em seu escritório

Empresário bem sucedido, Ronaldo G. Esteves tem participação nas casas de café, “Sambalatte Café”, em Las Vegas, Monte Carlo e Nevada – entre as melhores casas dos Estados Unidos -, e também proprietário do site “Orlando Ticktes Online”, em Orlando, com vendas de tickets para grandes eventos na Flórida – aluguel de carros, conexão com hotéis. Pode-se considerar o bon vivant que deu certo nos Estados Unidos, mantendo um trânsito privilegiado no Turismo, há 27 anos residindo no país. Carioca de Duque de Caxias, comanda uma equipe altamente capacitada para atender a demanda de turistas que se locomovem em Orlando, Miami, Las Vegas, e entre outras cidades, em busca de diversão e bons hotéis. Ele abandonou a Engenharia no Brasil, mesmo contra a vontade do pai, para se dedicar ao que mais gosta: o entretenimento. Alçou voo na sua escolha e hoje desfruta de sua conquista ao lado da família. A “Sambalatte Café”, foi apoiadora do “Rock In Rio Las Vegas 2015”, que aconteceu em maio em Las Vegas, obtendo a resposta positiva do público que prestigiou o renomado festival. A equipe do “Nossa Gente” conversou com Ronaldo, entrevista regada a momentos emoções fortes que marcaram a trajetória do brasileiro.


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Sambalatte no Hotel Monte Carlo

“Eu comecei a trabalhar aos 14 anos, mesmo contra a vontade do meu pai. Ele queria que eu apenas estudasse, mas eu desejava ter o meu sapato”, lembra Ronaldo. “Fui trabalhar em uma fábrica – Fábrica Nacional de Tecidos, em Caxias – com empilhadeira, organizando sacos de estopas, e até hoje tenho calo nos dedos”, sorri com saudosismo, mostrando as mãos. “Fiquei na empresa um ano e nove dias”. Depois disso, em 1969, Ronaldo foi aprender a profissão de desenhista projetista, junto com o pai, em uma construtora em Botafogo, na zona Sul do Rio de Janeiro. “Eu não tinha salário. Aprendi a desenhar sem ganhar nada. O meu pai dizia que primeiro eu teria de aprender a profissão para depois ganhar dinheiro. Trabalhei seis meses sem salários e, quando aprendi o ofício, me arranjaram salário, mas aí decidi trabalhar em outra empresa de engenharia. Depois voltei a trabalhar com meu pai”, conta.

Grupo Carlinhos de Jesus visita o Sambalatte no Rock in Rio

Para o garoto que residia no subúrbio do Rio, o contato com pessoas bem sucedidas da Zona Sul, abriu-lhe novos horizontes. O sonho do menino de Caxias era o de morar em um apartamento na praia, de frente para o mar, mas isso exigia empenho em seu trabalho, objetivando o crescimento profissional. “Tinha como meta morar na Vieira Souto, em Ipanema, em uma cobertura de frente para o mar. Era a época de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João Gilberto e da canção Garota de Ipanema. E todo suburbano sonhava em viver em Ipanema, na Zona Sul. Engraçado, hoje posso morar em Ipanema, mas não moro. Os sonham mudam. Você tem a fase de desejar algo e, quando conquista, quer mais. Eu estudava engenharia, viajava para praia com os amigos. Saía de casa sexta-feira e só voltava na segunda. Ficava com os meus amigos na Zona Sul e ia para as boates me divertir. Eu curtia a vida. Viajava para o nordeste, durante trinta dias. Trabalhava, tinha responsabilidade, mas naquele momento, queria compensar o que não havia feito. Meu pai era dedicado à família, fora os agregados da rua que ele cuidava, então não tinha muito tempo (o empresário se emociona ao falar do pai. Fica cabisbaixo e chora). Eu precisava compensar o que ficara pendente pela falta do dinheiro. O que faltou no passado teria de ser compensado, compreende? “, justifica o empresário.

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E foi durante viagem de 45 dias, passando pelo Recife, Fortaleza, Natal, Belém e Maceió – Praia dos franceses -, que Ronaldo refletiu sobre o seu futuro, decidindo mudar de vez os rumos de sua vida. “Pensei muito no que teria pela frente, pois seria um engenheiro de carreira, mas não era o que queria. Iria visitar obras, depois voltar para o escritório. Temia pegar malária, pois geralmente os engenheiros recém-formados eram mandados para Manaus ou Moçambique, enfim, eu tinha 31 anos, jovem o bastante para mudar a minha vida””, relata o empresário. “Eu precisava buscar outras oportunidades, então decidi deixar a engenharia e sair da empresa depois de cinco anos. Fiz um acordo com os meus superiores, terminei alguns projetos pendentes, embora o meu chefe insistisse para que eu continuasse na empresa. Não esmoreci, mantive a decisão de mudança”.

Ronaldo, Simone, Carolina e Isabella Esteves
Ronaldo, Simone, Carolina e Isabella Esteves

Disposto a ingressar no ramo de Turismo, Ronaldo Esteves fez curso de Guia de turismo, no Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), Curso de Agente de Viagem, além de estudar inglês e espanhol. “Eram cursos grátis, exceto os cursos de idiomas, que eu pagava apenas cinquenta por cento porque consegui bolsa de estudo. Paguei tudo com o meu fundo de garantia. A minha primeira viagem como guia de turismo foi para Foz do Iguaçu, no Paraná, acompanhando um grupo de turistas”, diz. “E foi neste período que senti necessidade de vir morar nos Estados Unidos”, enfatiza.

“Eu também cursei o Guia Rodoviário, na URB, para acompanhar turistas nos ônibus, em percursos pelo Brasil. As viagens duravam até 20 dias. E como eu não dominava o inglês, era uma alternativa de trabalho na área. Foi aí que programei a minha vinda para os Estados Unidos. Tinha um amigo que morava em Miami e entrei em contato com ele. Buscava mercadorias no Paraguai para vender aos amigos no Rio, pois precisava de dinheiro para viajar. Fiz o meu caixa e me despedi dos amigos com uma festa em alto estilo”, lembra Ronaldo.

Em janeiro de 1987 o carioca desembarcou em Miami, disposto a vencer. “Cheguei no país com pouco mais de mil dólares no bolso, mas sem dívidas no Brasil”, fala. “A minha meta era ficar um ano em Miami estudando. Eu voltaria ao Brasil, mas as coisas mudaram por aqui então resolvi ficar. Na época consegui me legalizar. A minha vida mudou novamente e resolvi ficar no país e fazer o receptivo a turistas por aqui mesmo. Abri a minha empresa, a Operadora RGE Tours, e passei a dar assistência aos turistas brasileiros que vinham para Flórida”, completa.

Mas Ronaldo estava de olho no mercado turístico em Orlando. E para conquistar o seu espaço na cidade teria de deixar Miami. Em 1991 resolveu se estabelecer na terra do Mickey Mouse. O empresário manteve as atividades da Operadora RGE e, junto com a esposa, Simone Esteves, abriu escritório. “Eu fazia tudo na empresa”, lembra. “Era diretor de marketing e criei o meu próprio tarifário. E tive de criar o tarifário porque na época não existiam tarifários na Internet e o mercado exigia. Viajei para New Orleans, levantando os preços de hotéis, promoções, enfim, criei o meu tarifário”, reforça.

Mas foi em agosto de 1999 que o empresário voltou para Miami para realizar um sonho de menino: morar na praia em apartamento de frente para o mar. A Operadora RGE continuou funcionando normalmente em Orlando. “Fiquei um ano de férias em Miami”, lembra. Em 2000 a família voltou para Orlando, quando Ronaldo resolveu deixar a Operadora RGE, para alçar novos voos nos meios turísticos.

Em agosto de 2002 o empresário abriu a empresa, “Orlando Tickets Online”, site especializado na venda de tickets para americanos, europeus e brasileiros, que se tornou um sucesso na Flórida. Em janeiro de 2003 montou escritório em uma sala pequena em Orlando, sem janelas. “Eu trabalhava com um garoto montando sites. Em janeiro de 2004 vim para este local – escritório da empresa – e estou aqui até hoje. Temos tickets para jogos nos estádios, shows do Circo de Solei, jantares parques, enfim, Orlando se tornou o paraíso das compras e do entretenimento. Hoje temos um fluxo expressivo de famílias que levam os filhos nos parques. O brasileiro enxergou este lugar como um paraíso de compras, então ele traz os filhos para os parques da Disney e sai às compras”, complementa. “Oitenta por cento do público brasileiro em Orlando é de compras e não de divertimento. E o divertimento de brasileiro é churrasco, praia e samba. Os pais no Brasil trabalham muito e compensam com os filhos trazendo-os para se divertirem em Orlando”.

Associação Brasileira Central Flórida

Lembra o empresário que no ano de 1993 foi fundada em Orlando a Associação Brasileira Central Flórida, com o intuito de reunir famílias e amigos. “Eu, o José Roberto Vasconcelos, a Monique Vasconcelos e o Paulo Corrêa fundamos a associação porque era uma época diferente, não tinha telefones e todos sentiam falta das famílias. A associação foi uma idealização do Paulo Corrêa, o Paulo Bolacha, e a colocamos em prática. Era um clube, inclusive, para se conseguir melhores condições para o seguro saúde. Foi ótimo porque eu sentia falta da política e preencheu, pois criamos um grupo de conselheiros para elaborar os estatutos da associação. Promovemos vários eventos no Natal, festa juninas, enfim. Depois vieram outros brasileiros como a Alma Gray, uma das mais antigas brasileiras moradora em Orlando, ela está aqui há mais de 60 anos. Fizemos um jantar de fundação da associação e mais de cem famílias compareceram. Eu me afastei da associação por problemas políticos”, diz.

Rock in Rio Las Vegas

“Las Vegas foi escolhida para sediar o Rock in Rio – primeiro evento nos Estados Unidos- porque tinha um forte apoiador, o Grupo MGM Resorts, poderoso no âmbito do entretenimento – shows e hotelaria. E havia vário interesses do MGM em transformar Las Vegas em ponto de referência e também divulgar Vegas no Brasil, tentando resgatar os clientes brasileiros que são fortes em matéria de dinheiro. E quem foi a Vegas assistir ao evento pôde ver que foi perfeito, e pode ser perfeito desde que diminua o número de pessoas porque há melhores condições de suporte aos visitantes. Em Vegas esperava-se um público de 60 mil pessoas, mas compareceram 30 mil pessoas. O mesmo aconteceu na segunda semana. E ficou evidente que um número menor de público é o ideal para os organizadores e também para as empresas que participam do evento. O Rock in Rio Las Vegas foi a nível de Rock in Rio porque não perdeu qualidade. O nosso café – “Sambalatte Cafe” -, por exemplo, atendeu a todo mundo sem ficar deixar ninguém na fila esperando”, conta.

O “Sambalatte Cafe”, explica Ronaldo, é um projeto de seu sócio, Luiz Cláudio, que estava no ramo de hotelaria. “Entrei como sócio do Luiz porque já o conhecia, trabalhamos juntos no Brasil. Ele desenvolveu o projeto do café, em estilo boutique café, a nível parisiense, na categoria cinco estrelas. Viajou para vários países pesquisando os estilos de café, também visitando o Brasil. Ele criou o nome, toda logística da empresa e foi atrás de financiadores. Tinha como foco Las Vegas e depois de montado o projeto, de 96 páginas,foi buscar financiamento em bancos, mas não obteve resultados. A burocracia e a morosidade o impediram de continuar. Ele me passou um e-mail pedindo ajuda para eu conseguir um investidor. Apresentei o projeto para alguns amigos empresários, mas eles disseram só entrariam se eu também investisse no negócio. O café não era o meu ramo, mas vi que era um bom negócio. Tinha o dinheiro e não precisaria de ninguém caso eu entrasse. O Luiz Cláudio é meu amigo, padrinho da minha filha e uma pessoa correta, confiável, então resolvi abraçar a causa. Não queria me comprometer no ramo de bebidas e comida. Sabia que o Luiz Cláudio estava investindo o seu dinheiro, de uma vida toda, e eu estava botando no negócio um dinheiro de investimento, que tinha disponível. Deu certo. Hoje são três casas funcionando”, comemora. “Estamos entre os melhores de Nevada e fomos considerados o melhor café de Las Vegas, entre os dez melhores cafés nos Estados Unidos”, finaliza.

Tereza de Castro



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