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Empresária dá a volta por cima e se solidariza com imigrantes
JUL/2015 – pág. 32 e 36
A brasileira Selma Ottone, proprietária da “GS – Auto Center” – venda de carros e mecânica -, em Orlando, é exemplo de vitória. Ao lado do esposo, o empresário Giovanni Ottone, orienta os clientes e dá apoio aos brasileiros que chegam ao país
Vencer exige garra e determinação. E para conquistar a meta de vida, seja em quaisquer situações, prevalece o que temos de melhor na busca pelo objetivo. A brasileira Selma Ottone, empresária e proprietária da “GS – Auto Center” – venda de carros e mecânica -, em Orlando, juntamente com o esposo, Giovanni Ottone, é o que consideramos exemplo de vitória. A cearense, natural da cidade de João Pessoa, driblou os inconvenientes, superou desafios e chegou lá. E quando está no ambiente de trabalho não para: seja falando ao telefone ou atendendo os clientes que comparecem à empresa. Ela mantém-se concentrada, demonstrando simpatia e precisão. A empresária interrompeu os seus compromissos para conversar com a equipe do “Jornal Nossa Gente” , em entrevista que relata sua história de garra e vontade de viver. Outro fator predominante é a preocupação com os imigrantes que vivem no país.
“O nosso principal trabalho na empresa é a venda de carros e mecânica, mas como passei por dificuldades ao chegar nos Estados Unidos, em dezembro de 1999, por não saber falar inglês e sem noção sobre os encargos para obter a documentação, acho pertinente ajudar os imigrantes que aqui chegam. A necessidade de ajuda e esclarecimentos dos brasileiros, dos hispânicos, dos imigrantes de um modo geral é grande. E não ter alguém que os oriente para tirar a drive license, por exemplo, ou dar dicas da melhor opção a seguir no país, dificulta. Você precisa contar com uma pessoa correta, que possa auxiliar e orientar de forma precisa. O nosso objetivo aqui é ajudar essas pessoas, orientá-las a se direcionarem para uma vida mais fácil, sem ficar correndo em círculo. Têm pessoas que cobram para dar qualquer indicação ao imigrante. Tenho informação a esse respeito, o que acho lamentável, porque ninguém sabe o dia de amanhã”, alerta a empresária.
“Orientamos o cliente a tirar a carteira de motorista antes de comprar um carro. Não adianta sair dirigindo por aí e depois ser pego, o que resultará em prejuízo. A pessoa precisa ter consciência da situação do país, de como tudo funciona. O brasileiro tem a mania de tentar fazer a coisa mais rápida, o famoso jeitinho brasileiro, o que não dá certo nos Estados Unidos. É um erro porque não resolve”, complementa. “E quando você se torna cidadão americano entende melhor os mecanismos do país. A gente olha para trás e vê o quanto errou tentando abreviar caminhos com a mentalidade do Brasil. Eu passei por isso, tentei fazer nos moldes do jeitinho brasileiro e não deu certo. O erro aparece lá na frente”.
Indagada sobre os meios ideais para abrir empresa nos Estados Unidos e manter conduta empreendedora, Selma foi objetiva nas suas colocações: “Antes era tudo mais fácil porque o dólar estava alto e havia muito mais empregos no país. Não estou dizendo que hoje não vale a pena porque aqui é a terra das oportunidades e você consegue o que determina. E para viver nos Estados Unidos é preciso analisar o campo de trabalho, no caso de investimentos, estudar a área que pretende atuar. Você tem de avaliar todo contexto para depois investir. Quando vim para os Estados Unidos, a minha condição era bem diferente porque eu tinha apenas 50 dólares no bolso. Consegui trabalhar como housekeeper durante dois anos em um hotel. Eu limpava 20 quartos por dia, além das suítes. Também dava assistência aos hóspedes. Trabalhava duro, de domingo a domingo. A minha vontade de crescer era tão grande que em dois meses passei a ser supervisora do hotel. Mas com uma diferença: eu não falava inglês ou espanhol. As pessoas se comunicavam comigo através de mímica. Eu tinha de ficar no trabalho, não podia voltar para o Brasil porque a minha situação lá não era tão fácil. Depois fui trabalhar em um posto de gasolina à noite, na cidade de Altamonte, quando aprendi a falar o inglês pela força das circunstâncias. Aprendi o inglês de rua. Eu trabalhava no caixa à noite porque o movimento era pouco e não havia necessidade, a princípio, do inglês. Era a opção que eu tinha na ocasião”, lembra a empresária.
Mas o inevitável aconteceu, relembra Selma com um sorriso saudosista. “Estava indo tudo muito bem no posto quando o telefone começou a tocar insistentemente pela manhã. Era a voz de uma senhora pedindo um número. Eu ficava confusa porque não entendia o inglês e desligava. Mas a mulher continuou ligando insistentemente pedindo pelo número, então falei um número qualquer para me livrar dela”, a empresária faz expressão de espanto e continua. “Três horas depois, três caminhões com combustível chegaram no posto. O número que a senhora pedia era do tanque do posto, o número do piso do tanque. Eu quase perdi o meu trabalho (sorri). O meu patrão, um haitiano, gritava com as mãos na cabeça quando viu os caminhões estacionados. Ele quase enfartou porque o erro foi meu. O número que eu passei para a mulher no telefone era para abastecer os tanques vazios. Foi um transtorno, mas a minha eficiência no atendimento, apesar daquele erro, me garantiu uma segunda chance. O meu chefe se acalmou e disse que eu precisava aprender o inglês. E ele me ajudou”.
Quanto ao encontro com o empresário Giovanni, o seu esposo, a forma como se conheceram, Selma voltou ao passado, com expressão dócil, e narrou os detalhes de uma relação bem sucedida. “O Giovanni tinha uma pizzaria e trabalhava com brasileiros. Os meus amigos eram clientes dele. Eu namorava com um rapaz, que trabalhava com o Giovanni, e que me falava muito dele, então acabei me apaixonando pelo Giovanni. Na época eu tinha comprado o meu carro e morava em Lake Mary (próximo a Altamonte), e a pizzaria ficava em Orlando, então acabei me mudando para cá e começamos a namorar. Isso foi em 2004”, conta a empresária.
Visto L-1 e a legalização
Lembra Selma que na ocasião em que trabalhava no posto de gasolina, em Altamonte, aplicou para o Visto L-1 (Empresário brasileiro pode abrir filial de sua empresa do Brasil nos Estados Unidos e requisitar um visto de transferência entre a matriz brasileira e sua filial na América), através de uma amiga, Cristina, que tinha um escritório de contabilidade. “Quando eu fiquei legal no país, vi o quanto era prejudicial estar ilegal, então voltei para o Brasil e entrei nos Estados Unidos com o Visto L-1, como funcionária de minha irmã no Brasil, transferida para trabalhar nos Estados Unidos em empresa metalúrgica. Eu poderia trabalhar com o visto L-1 por dois anos. E na época em que namorava o Giovanni o meu prazo de permanência no país estava expirando, foi quando pedi a ele para se casar comigo, caso contrário teria de voltar para o Brasil. Os impostos exigidos pelo L-1 eram muito altos e eu não tinha mais condições para pagar. Voltei para o Brasil porque deveria me apresentar no Consulado Americano para entrevista. Tinha de reportar tudo sobre a suposta metalúrgica de minha irmã. Eu tinha conseguido o visto porque era mais fácil na ocasião. E na entrevista no Brasil deu tudo certo. Fiquei 15 dias no Brasil, vi meus familiares e retornei porque precisava trabalhar. Nesse período me casei com o Giovanni”, diz.
Mas, com o fim do prazo do Visto L-1, Selma ficou ilegal nos Estados Unidos e a sua carteira de motorista também estava com os dias contados. “Eu vendi o meu carro e dei entrada na documentação de legalização no país. O Giovanni me ajudou a vender o meu carro e foi muito fácil, então surgiu a ideia de montar uma empresa para a venda e compra de carros. O Giovanni estava cansado do ramo de pizzaria, tinha 15 funcionários, mas o ganho dava apenas para pagar as contas. Em 2005 alugamos uma garagem e abrimos a empresa de compra, venda e consertos de carros. Os carros eram bem velhos, mas tocamos o negócio mesmo com dificuldades. Depois alugamos uma outra garagem, que cabia apenas três carros. E quando chegava alguém para ver os veículos, era preciso tirar todos da garagem. Eu mesma lavava os carros e o Giovanni ia para os leilões comprar carros usados. E dependendo da compra, ganhávamos na venda. Mas antes de vender o veículo, revisávamos e o cliente levava com tudo pronto. Com isso, os clientes ficaram nossos amigos e voltavam para a troca de óleo. Mais tarde alugamos um local maior e a empresa prosperou”, fala com satisfação.
Instinto solidário
E para quem enfrentou dificuldades quando chegou aos Estados Unidos, a empresária Selma Ottone, com o apoio do esposo Giovanni, tem auxiliado os brasileiros a investirem com segurança no país e os auxilia em várias situações. Inclusive, na época em que atuava como supervisora de hotel, conseguiu emprego para as pessoas que a procuravam. “Dei apoio à uma jovem que foi fazer entrevista para trabalhar no hotel, mas que morava longe e não tinha carro. Eu a levei para ficar na minha casa e ela ficou o tempo que precisou. Eu, por exemplo, quando cheguei ao país, fui morar com uma brasileira que me deu um prazo 15 dias para ficar na sua casa. Tive de me arranjar depois. Hoje tenho experiência de clientes que chegam aqui e que se empolgam e querem os melhores carros, os melhores apartamentos, os melhores móveis. Eu aconselho a quem não tem crédito que compre um carro mais barato porque terá condições de pagar. As seguradoras e bancos cobram muito alto. Oriento os brasileiros a não investirem sem antes conhecer o lugar. Hoje a minha clientela é setenta por cento de brasileiros”, informa. “Trabalhamos com mecânica, venda e compra de carros. A pessoa chega aqui faz a sua compra e os pagamentos são feitos aqui mesmo. Não importa se o cliente tem crédito ou não, procuramos atender a todos. Damos assistência com guincho, no caso de acidentes. Temos um site onde os nossos clientes são cadastrados. O site avisa quando precisa fazer a troca de óleo e indica o melhor local para manutenção do veículo, no caso esteja fora do estado. A nossa clientela tem toda a nossa segurança e atenção”, finaliza.
Walther Alvarenga