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Ela desafia o perigo: domina cobra venenosa e jacaré
A herpetóloga Camila Bozza tornou-se conhecida pela habilidade em dominar cobras venenosas. Capa da revista “Circuito Mais Brasil”, ao lado do biólogo e apresentador Richard Rasmussen, a brasileira fala de seu trabalho desafiador em resgatar animais perigosos
Edição de fevereiro/2018 – pág. 16
Ela desafia o perigo: domina cobra venenosa e jacaré
Se você, por exemplo, se encontrar em situação inesperada ao deparar-se com uma cobra venenosa dentro da sua casa, ou no local de trabalho, pode parecer o fim do mundo, mas para a brasileira Camila Bozza é questão de habilidade resolver a questão. E o perigo iminente será contornado, os répteis serão devidamente resgatados e protegidos, sem alarde. A herpetóloga tem sido o socorro de famílias, de empresas e de condomínios no estado da Florida – região de área pantanosa –, onde é comum a presença desses animais. Conhecida como “Camila Aventura”, à bióloga não tem medo de desafios e afirma que o perigo faz parte do seu trabalho.
Recentemente, Camila Bozza esteve em Orlando com biólogo, aventureiro e apresentador do SBT, Richard Rasmussen – do programa “Aventura Selvagem” –, para o lançamento da Revista “Circuito Mais Brasil”, que aborda os grandes feitos junto aos animais. A capa traz Richard e Camila, “Uma Dupla Animal”, com reportagens sobre os desafios e empenho dos biólogos, que não medem esforços e fazem “loucuras” ao tocar sucuris, ficar perto de jacarés e de animais peçonhentos, além de outras façanhas.
Em entrevista ao “Jornal Nossa Gente”, Camila Bozza, formada em Biologia conta que desde menina gostou de desafios. Herpetóloga especializada em répteis e anfíbios mudou-se para Tampa, na Flórida – onde vive atualmente com sua esposa, Maria Bozza, que é enfermeira e há ajuda em casos de acidentes. Coragem e ousadia não lhe faltam, ela que é chamada em residências, condomínios e ruas para resgatar cobras venenosas e pequenos mamíferos ou a dar suporte ao “Florida Fish and Wildlife” se é um jacaré. Outro detalhe: trabalha na extração de veneno de cobra, para produção do soro antiofídico.
“Eu trabalhei no zoológico do ‘Busch Gardens’, na cidade de Tampa, mas hoje tenho a minha própria empresa em Tampa – Animal Service Solution, que além da remoção de repteis e mamíferos de pequeno porte, faz dedetização em geral. Uma vez por semana vou a Orlando atender ao chamado de meus clientes quando encontram cobras venenosas em suas casas, no condomínio, mas também atendo toda a Florida. Orlando é uma cidade cercada de pântanos então é comum você se deparar com jacarés atravessando a rua ou encontrar cobra venenosa no quintal de residências. Também trabalho com dedetização em geral. Cuido dos animais que não podem se introduzidos na natureza. No futuro penso em abrir um santuário de animais exóticos, e os bichos resgatados serão levados para lá”, comenta a bióloga.
Camila Bozza alerta os moradores de toda a Flórida, principalmente quem mora na cidade de Orlando, para que tenham o máximo de cuidado em áreas de lagoas e rios. “Você não deve ficar desatento quando está em área de risco, ao lado de rio ou de uma lagoa. Todo cuidado é essencial porque um jacaré pode atacar inesperadamente. Eles agem sorrateiramente e atacam quem está desprevenido. Por isso, alerto para que não deem bobeira, tem de ficar esperto, principalmente quando se está com crianças, idosos e animais de estimação”, alerta.
Resgate dramático de garotinho
Indagada sobre a sua participação no resgate do garotinho de dois anos – Lane Graves –, atacado e morto por um jacaré, em 2015, dentro de um Resort da Disney, Camila Bozza disse que foi um momento cruciante, e que até os dias de hoje fica perplexa ao lembrar-se do lamentável episódio. “Foi a pior coisa que aconteceu na minha carreira. Foram horas entediantes na busca pelo corpo do menino, que foi atacado pelo jacaré e arrastado para as profundezas do pântano. A família do garotinho – de Nebraska –, entrou em desespero, e continuamos a procurá-lo ininterruptamente quando encontramos o seu corpo, no fundo do pântano. O jacaré tinha escondido o corpo do menino, que estava intacto”, fala com sentimento.
“O Turista tem a mania de ficar perto de água quando vem a Florida. Eles vêm para relaxar e não respeitam os avisos de alerta que estão em todos os locais. No caso do garoto, foi uma fatalidade que poderia ter sido evitada. Todos quando visitam a Florida adoram ficar próximos de lagos, mas devem respeitar os limites impostos, compreende? É imprescindível ler as placas de aviso. É como eu disse, é muito perigoso, e o perigo surge do inesperado”, reforça.
Natural da cidade de Campinas (SP), há doze anos morando nos EUA, a bióloga lida diariamente com o perigo, e sabe de todos os riscos, portanto, procura ter máxima prudência. “É preciso atenção redobrada porque cada bicho tem reação diferente. Eu mesma fui picada por uma cascavel e fiquei em coma durante quatro dias”, conta. “Mas lidar com animais perigosos é a minha paixão. Trabalhar com cobras, jacarés, enfim, requer astúcia, mas não tenho medo do perigo”, ressalta. Entretanto, pode parecer um contrassenso, mas Camila Bozza, acredite, tem medo de galinha e de borboleta.
“Toda a minha trajetória começou em Campinas, quando fui trabalhar no ‘Aquário Municipal’, eu queria ser bióloga marinha, tinha loucura por tubarões e, mais tarde fui trabalhar no Serpentário de Campinas e me apaixonei por cobras”, lembra.
Segundo o pai da bióloga, José Bozza, que reside em Campinas, “desde pequena que minha filha demonstrou ter tendência para lidar com bichos. Quando ela disse que queria trabalhar com répteis, fiquei apreensivo. Procuro sempre alertá-la que o bicho é mais rápido que o homem, imprevisível ao extremo. É preciso ter muita atenção para lidar com essas espécies”, relata.
A herpetóloga tem cobras venenosas em casa, e está preparando para 2018 uma área extensa onde irá funcionar o Santuário para animais exóticos, que irá abrigar répteis e anfíbios, protegendo as espécies. “A educação ambiental é muito importante e esses répteis e anfíbios precisam de um lugar de proteção. Tenho feito palestras alertando as pessoas de como lidar com a situação quando se deparam com os animais que não podem ser introduzidos na natureza”, finaliza.
Serviço
Animal Service Solution
Fone: 907-519-1362
Se você se deparar com um jacaré de mais de 4 pés (122 cm) ligue para o Nuisance Alligator Hotline no 866-FWC-GATOR (866-392-4286)