É traumático não se entender “O Trauma”

É traumático não se entender “O Trauma”

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DEZ/14 – pág. 68

sua_saude_rosarioTrauma refere-se a qualquer experiência que afeta vários níveis, provavelmente para o resto das nossas vidas: pode ser tanto físico quanto psicológico, o que nos leva a reagir e atuar de maneiras que, do contrário, seriam diferentes e mais saudáveis.


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Infelizmente, muitos de nós não só ignoramos este fato, como não sabemos como lidar com ele. Às vezes, nem nos damos conta de onde vem o nosso mal-estar.

Sentindo medos, ansiedade ou depressão, pode-se pedir ajuda médica e o mais provável é o médico receitar um calmante.

Ter medos é natural e humano, tomar calmantes é comum e necessário. Mas este artigo é para elucidar o leitor e propor soluções que resolvam o problema na raiz (não temporariamente).

Vivemos em uma sociedade de prazeres e buscamos resultados imediatos. As grandes fabricantes de remédios apóiam a nossa dependência e sugerem um remédio para tudo.

A maior parte dos médicos não evita passar remédios, em vez de sugerir uma psicoterapia (ou, pelo menos, conjuntamente). O mundo desconhece ou evita conhecer os sinais de trauma, que podem ser:

  • depressão, ansiedade, irritabilidade, mudanças de humor, tensão;
  • problemas de sono, peso ou memória;
  • dissociação;
  • isolamento;
  • desconfiança;
  • alcoolismo ou outras dependências;
  • instabilidades relacionais ou laborais;
  • rigidez de personalidade.

Muitos médicos, inclusive psiquiatras, desconhecem modalidades de tratamentos psicológicos e atribuem os sintomas mencionados a problemas alheios a traumas (o que raramente é o caso) e referem-se a problemas endógenos e causas físicas. O remédio pode apoiar, mas não é a solução ou a única intervenção necessária.

Na realidade, antidepressivo ou remédio antiansiedade pode chegar a ser antiprodutivo quando se tenta fazer psicoterapia.

Os calmantes, por exemplo, têm, em geral, qualidades aditivas, isto é, quanto mais os ingerimos, mais vamos necessitar deles, porque o cérebro habitua-se em nível físico, como também em nível psicológico.

Assim, é importante confrontar os sintomas de depressão, ansiedade ou irritabilidade como “amigos”. Eles existem por uma boa razão e devemos aprender a lidar com eles, em vez de anestesiá-los temporariamente e, assim, mantê-los. Primeiro, vou procurar apoio para me entender (por exemplo, a razão do meu medo de cães) e, depois, buscar uma solução permanente (neutralizar essa memória assustadora da minha infância).
Componentes de memória trágica (Shapiro e Leeds): imagens, sensações, emoções, pensamentos, sons, conclusões, ações e desejos.

O que pode causar o trauma: pobreza, guerra, religião, política/governos opressivos, abusos de qualquer tipo, acidentes de todo o tipo, tragédias naturais, mortes inesperadas ou doenças.

Se eu fui mordida por um cachorro quando pequena, por exemplo, naturalmente, fujo de um, ou nem gosto de animais. Posso até nem me lembrar da causa original e crer que sempre fui assim, sem razão especial. Com o decorrer da vida, ao enfrentar outras experiências desafiadoras, ao não ter resolvido as anteriores, psicologicamente, acumulo medos e pensamentos negativos que sobrecarregam o meu corpo e psique. Nesse caso, posso viver com a crença de que “não gosto de animais”, “os cães são maus” ou “os donos de cães não são de confiança” etc.

Estas conclusões pessoais generalizadas, face a situações desafiadoras, reações pouco saudáveis e problemas interiorizados acumulados, tornam-me uma pessoa nervosa, negativa e de difícil convivência.

Um trauma pequeno (como um cão que me assustou quando criança), um trauma grande (uma violação sexual, por exemplo) são ambos registrados no cérebro da mesma maneira e ambos “lidados” por nós de maneiras idênticas (levando em conta variantes como idade, experiências prévias, apoios, personalidades etc.).

São poucas as modalidades eficazes no tratamento de p.t.s.d. – “post traumatic stress disorder” – em português, perturbação pós-traumática do estresse. Estatísticas indicam que o maior êxito reside não nas “terapias de fala” (quando se estabelece um diálogo com um psicólogo), mas nas “terapias potentes” (como o emdr), que neutralizam a memória traumática (em vez de apenas aliviar a reação ao trauma).

Eu especializei-me no tratamento de traumas e utilizo várias técnicas, como o e.m.d.r. “eye movement disensitizationand reprocessing” (dessensibilização e reprocessamento através do movimento dos olhos). Tanto trato um cliente que sofreu um susto isolado (por exemplo, um desastre de carro), como outra pessoa com uma vivência complicada (infância negligenciada, vida militar, presença em guerra e morte de um filho). A intervenção estrutural do e.m.d.r. é parecida em ambos os casos. Claro que a primeira é um tratamento mais rápido e menos complexo.
Precisamos nos educar e lutar contra atitudes passivas e ignorantes sobre o impacto e tratamento do trauma! É importante optarmos por soluções permanentes!

Quanto mais rápida e apropriada a intervenção, mais evitamos e nos libertamos de problemas psicológicos, bem como acumulamos e agravamos menos os desafios normais da vida.

Vivemos em um mundo que procura soluções externas para resolver problemas internos, quando a solução reside interiormente. Para qualquer tipo de trauma, é importante falar com um profissional especializado nesse tratamento, como o emdr. De preferência, procure alguém certificado em emdr (não meramente treinado).

Que belo presente de Natal! Apostarmos em nós ou elucidar um amigo. Que belo investimento para 2015: dedicarmos tempo, dinheiro e esforço a uma tarefa frutífera para o nosso futuro e para todos a nossa volta!

Para mais informações: www.emdria.org e www.emdrreseachfoundation.org

Para qualquer pergunta, comentário ou consulta, telefone ou mande e-mail.

Rosario Ortigao, LMHC, MAC
Conselheira de Saúde Mental
407 628-1009
rosario@ortigao.com



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