Disney impulsiona trajetória do brasileiro em Orlando

Disney impulsiona trajetória do brasileiro em Orlando

Os desafios das operadoras no Brasil e o perfil da criança e do adolescente que vislumbravam viver o sonho americano nos anos noventa. Roberto Silva, um dos pioneiros do turismo na Flórida, completando 80 anos, fala da influência da Disney no turismo brasileiro e no crescimento de Orlando

Edição de agosto/2018 – p. 34

Disney impulsiona trajetória do brasileiro em Orlando

A chegada da Disney a Orlando, em 1971, impulsionou a vinda de brasileiros para conhecer os famosos parques das personagens dos quadrinhos e dos desenhos animados, assinados por Walt Disney. Iniciava-se a partir daí um caminho novo para o turismo na Flórida, facilitando o deslocamento entre Brasil, Miami – na ocasião o paraíso das compras de videocassete, fax, micro-ondas, aparelhos de ginástica e até bicicleta. “Naquela época as pessoas que vinham para a Disney tinham que viajar até a Califórnia e depois desembarcarem em Miami para as compras. Com a chegada dos parques da Disney a Orlando, encurtou o tempo de viagem e facilitou para os brasileiros. O mercado do turismo ficou muito mais aquecido na Flórida e a cidade de Orlando cresceu com a visitação de grupos de várias partes do Brasil”, lembra Roberto Silva, um dos pioneiros em acompanhar turista a Orlando e alugar casa para famílias brasileiras.

Sorridente e mantendo o olhar para um período onde o turismo ganhava força, com a expectativa do brasileiro de vivenciar o sonho americano, quando não havia celular, redes sociais e internet, exigindo mais empenho das operadoras de turismo, Roberto conta dos desafios. “Eram poucas operadoras no Brasil. Tínhamos que se desdobrar muito mais para proporcionar ao turista uma viagem segura e prazerosa. Para um menor viajar desacompanhado dos pais, a operadora assumia toda a responsabilidade com a criança na Flórida. A demanda era muito grande, tanto que os voos para Miami eram insuficientes diante do contingente de grupos de turistas que vinham conhecer a Disney”, relata Roberto.


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“Eu trabalhava com a ‘Bel Air’, do empresário Mayer Ambar, que fazia contratos com grupos de turistas no Brasil. Depois o Mayer se juntou com o Álvaro Feio, um homem de grandes ideias, que trouxe grandes grupos de adolescentes, em parceria com escolas de todo o Brasil para trazer crianças para a Disney, mesmo desacompanhadas dos pais. O negócio cresceu tanto que se tornou pioneiro. Eu morava no Brasil nessa época – Recreio dos Bandeirantes, no Rio de janeiro –, mas vinha com frequência a Orlando com a minha esposa – Silvinha”, diz Roberto.

Segundo o entrevistado, as operadoras que predominavam o mercado brasileiro era “Stela Barros Turismo”, em São Paulo, a “Dimensão” e a “Bel Air”, que operava no Rio e em vários Estados. Inclusive, na época, poucas pessoas alugavam casa, com isso, impulsionando a rede hoteleira em Miami e, posteriormente, Orlando. Mas, após deixar a “Bel Air” e se mudar definitivamente com a família para Orlando, em 1995, Roberto entrou no mercado de aluguel de casa. “Eu atendia aquelas famílias que não queriam ficar em seis ou mais pessoas em um quarto de hotel. Queria liberdade, mais espaço para os filhos e optavam em alugar casa. Na época tinha apenas duas empresas que prestavam esse serviço”, diz.

Indagado sobre as condições do turismo nos anos noventa, comparado aos dias atuais, Roberto foi enfático: “naquela ocasião os tíquetes eram mais baratos que hoje, porém caros comparados com o poder aquisitivo dos brasileiros ; o preço das passagens exorbitantes, o que permitia apenas a uma classe privilegiada de viajar. As coisas mudaram, até as classes mais simples – classe C – podem viajar a Orlando. Hoje, como uma oferta muito maior, os preços das passagens ficaram mais baratos. Do ponto de vista do operador , mesmo com uma demanda maior , as mesmas passam por um período de teste devido a proliferação de agências de viagens no mercado, oferecendo serviços muito em conta para atrair clientes. O nível de exigência cresceu muito, mesmo pagando muito menos. A barganha é muito grande e o turista exige serviço cinco estrelas a um custo menor”, aponta. “No período de áureo para operadores, parques e lojistas foi mesmo de 1991 a 2000 – o poder aquisitivo do turista era bem melhor”.

Novo perfil de crianças e adolescentes

Mas a Disney, até os dias de hoje, acrescenta Roberto, continua sendo o carro-chefe das viagens a Orlando, embora os parques da Universal vêm crescendo consideravelmente. “O perfil da criança e do adolescente nos dias atuais é bem diferente. Por exemplo, a fantasia que a Disney oferece tem hoje como um forte adversário, a Universal. As atrações dos parques da Universal têm aventura, caso do Harry Potter. São brinquedos que atraem criança e adolescente em busca de adrenalina. A Universal está focada no adolescente e vem ganhando força, algo para a Disney repensar alguns conceitos de diversão”, comenta. A Universal tem hoje três parques e está caminhando para o sexto hotel”.

“O adolescente chega a Orlando com seis mil dólares para gastar nos parques e na compra de celular, de computadores e tantas outras tecnologias na ponta dos dedos. É um perfil bem diferente do adolescente que tínhamos nos anos noventa. A criança e o adolescente mudaram muito. Mas a Disney continua influenciando os adultos que trazem os filhos para vivenciar a sua magia. Na verdade, há parques para todos os gostos e idades em Orlando. Antes, a Disney era voltada apenas para os americanos, mas hoje é atração para todo o mundo. E o crescimento do turismo nos anos noventa era porque o brasileiro queria experimentar o sonho americano, o que não acontece atualmente. Antes era a fantasia, hoje é o cotidiano”, explica.

“Orlando tem hoje um expressivo contingente de investidores que atuam em diferentes setores do mercado americano, como também várias famílias residem aqui. No turismo há concorrência muito maior com o excesso de profissionais na área. E o que atrapalha não é o produto em si, mas a concorrência. A minha filha – a empresária Marianna Silva, da ‘Personal RGE Tours & Travel’ – comanda sua empresa com muita competência e empenho, galgando passos essenciais no turismo. A Marianna veio do Brasil a passeio e ficou em Orlando, onde estudou, se casou, e hoje é uma renomada empresária. Os outros filhos – Roberta vive na California e Marcello vive em Orlando. A cidade é um grande coração que abriga todo mundo. Aqui, cabem todos”, comemora.

Inclusive, a empresária Marianna, que participou da entrevista ao lado do pai e da mãe, Silvinha, fez uma analogia sobre o trabalho de Roberto – hoje aposentado –, ao longo dos anos: “Orlando é bem parecida com o meu pai, e tem tudo a ver com o que ele fez a vida inteira, que foi construir e trazer famílias para se divertir nos parques da Disney. O meu pai é um pioneiro do turismo na Flórida. Através dele conheci Orlando, me mudei para cá e toda nossa família veio em seguida. Um homem que tem uma história exemplar no turismo e é uma referência para todos nós, não somente como profissional da área de turismo, mas como um agregador, bem como Orlando”, elogia.

Para Roberto, “a Disney, sem dúvida, continua atraindo pessoas que vêm para Orlando trazendo divisas para a cidade. Ela é o símbolo da diversão e continua no topo das opções com seus parques notáveis. Tudo foi preparado com intuito de entreter pessoas, realizar sonhos, proporcionar diversão e momentos únicos às famílias. Todos os preparativos nesses anos todos visam trazer turistas para fazer compras e visitar os parques”, finaliza.



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