Dia histórico para o Brasil com vitória da oposição Câmara

Dia histórico para o Brasil com vitória da oposição Câmara

A Presidente Dilma Rousseff está a um passo do Impeachment. Com um placar de 367 votos favoráveis, 137 contra, o processo de destituição foi enviado ao Senado. Um momento decisivo na política brasileira

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Com um placar de 367 votos favoráveis, 137 contra, sete abstenções e apenas duas faltas, durante votação no Plenário da Câmara Federal, em Brasília, a Presidente Dilma Rousseff está a um passo do Impeachment. Na reta decisiva coube ao deputado tucano Bruno Araújo, de Pernambuco, registrar o voto 342, completando os dois terços necessários para admitir o processo de destituição e enviá-lo ao Senado. De acordo com o restrito parecer que a acusava, a presidenta cometeu crime de responsabilidade ao assinar seis decretos suplementares de recursos sem ter caixa correspondente além de ter atrasado um repasse a um banco público. Foram razões pouco citadas durante a sessão maratônica que explodiu no voto crucial com os deputados cantando “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, enquanto fogos de artifícios eram ouvidos nas ruas.

Nunca os deputados brasileiros, que só trabalham de terça a quinta em Brasília, atuaram tão focados por um objetivo comum. Muitos enrolados na bandeira do Brasil, entoando canções, mensagens religiosas e saudando eleitores de seus Estados, aproveitavam como podiam a audiência privilegiada da sessão de impeachment. Parlamentares levaram mulheres e filhos para viver o momento histórico que pode dar fim ao ciclo do PT no poder depois de 14 anos, dois anos antes da presidente Dilma concluir seu segundo mandato.

O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hostilizado pelos colegas do governo durante o processo de votação do impeachment, agiu como o maior antagonista ao Governo, ganhou ares de vitorioso após o resultado positivo das votações. E agora sua bancada informal quer retribuir o serviço prestado. O peemedebista é réu no Supremo Tribunal Federal por seu envolvimento na Lava Jato, e está sob o risco de perder seu mandato no Conselho de Ética por ter mentido na Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras, onde ele negou ter contas no exterior. Se isso acontecer, ele perderia o direito ao foro privilegiado, e poderá ser julgado pelo implacável juiz federal Sérgio Moro.Entre seus correligionários, porém, já existe uma movimentação para que ele não perca o mandato. Comenta-se entre os deputados e assessores que presidente da Câmara Federal tenha conquistado a simpatia de muitos parlamentares pela agilidade com que fez o processo de impeachment tramitar.


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Temer em contagem regressiva

A derrota de sua ex-aliada Dilma Rousseff, com quem compartilhou o Governo durante seis anos, é o seu triunfo, o vice- presidente Michel Temer não deixou de costurar alianças nem por um minuto desde que viu a possibilidade de vestir a faixa presidencial. Agora, deve aparar as arestas do seu programa de Governo para azeitar o discurso rumo à “conciliação” prometida em diversas mensagens. Na noite de domingo, uma foto sorridente de Temer acompanhando a votação contrastava com a imagem que ele sempre mostrou ao público, com seu sorriso discreto e os gestos aristocráticos. Ele já coloca um pé no Palácio do Planalto, enquanto o processo de impeachment, que passou pela Câmara, segue para o Senado.
Temer lidera o PMDB, que rompeu com Dilma no dia 29 de março, anunciando seu voto favorável à destituição parlamentar em um ato incendiário ao qual Temer, naturalmente, não compareceu. “Ele não conspira; tem quem conspire por ele”, disse dele um parlamentar a algumas semanas. Essa sua faceta, porém, desperta desconfianças, como mostrou uma matéria do Washington Post sob o título: Os brasileiros se perguntam: o vice-presidente quer tanto assim o cargo de número um?

Não é a primeira vez que esse político de 73 anos, advogado especialista em Direito Constitucional, amigo de escrever poemas e aforismos sobre guardanapos de papel e que acumula cargos institucionais desde 1980, usa esse tipo de estratagema sinuoso: no dia oito de dezembro foi divulgada –Temer garante que foi por engano – uma carta pessoal dele à presidenta. Nela, dizia-se despeitado e acrescentou, algo ameaçador, que estava cansado de ser “um vice decorativo”. Depois acrescentou, com seu duvidoso faro poético: “As palavras voam; os escritos permanecem”. Dilma começava então a deslizar ladeira abaixo e seu aliado marcava distâncias pela primeira vez numa tentativa de se afastar do cadáver político que a presidenta começava a se tornar.



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