MAI/12 – pág. 52
“Num país distante, havia um rei. Seu reino era grande e próspero, amava sua esposa e era correspondido, tinha um filho ainda pequeno. Apesar de tudo estar bem em sua vida, o rei sentia que precisava de algo mais. Ficou dias pensando e, por fim, decidiu passar a administração do reino para sua esposa e seus conselheiros. Desincumbido de qualquer responsabilidade, partiu rumo a um dos mosteiros localizados na montanha santa. Ele precisava se encontrar, mesmo que, para isso, tivesse que deixar tudo pra trás.
O tempo passou e o filho do rei foi crescendo ouvindo sempre a mesma história:- “O rei abandonou tudo, inclusive o filho pequeno e foi servir a Deus”.
Um dia, já com 7 anos, o príncipe perguntou à sua mãe: -“Onde está meu pai, porque ele não vem me ver?” E a mãe respondeu com tristeza no olhar: -“Seu pai é um homem bom, meu filho, mas revolveu servir a Deus!” E o menino, inconformado, argumentava:-“Mas ele não pode servir a Deus aqui junto de nós?”
Pouco antes de completar 18 anos, o príncipe resolveu procurar pelo pai. Ele queria uma resposta a suas indagações íntimas. Depois de muitos meses de procura, chega exausto a um mosteiro, onde pede abrigo. No dia seguinte, já refeito, ele pergunta aos monges se conheciam seu pai. Ele então é levado à presença do monge superior, que pergunta ao rapaz:
– “Meu jovem, o que o traz aqui?”
– “Procuro por meu pai, que se retirou para um mosteiro quando eu ainda era muito pequeno. O Senhor sabe onde ele está?”
Olhando nos olhos do príncipe, o monge pensa:- “Sim, é ele, é meu filho!” Porém, o antigo rei, controlando a emoção, diz ao rapaz que seu pai havia estado lá, mas faleceu há um ano. O rapaz muito triste diz ao monge: -“Eu queria ter perguntado a meu pai se valeu a pena”.
O monge, percebendo a decepção do rapaz, convida-o a permanecer com ele no mosteiro por mais algum tempo. O príncipe aceita e acaba ficando por lá quase um ano.
Certo dia resolve voltar e assumir suas responsabilidades em seu reino. Chegando lá, recebe a triste notícia de que seu reino fora assolado por uma peste que matou várias pessoas, inclusive sua mãe.
Desnorteado com a notícia, resolve voltar ao mosteiro onde por certo encontraria os sábios conselhos do velho monge, seu amigo.
Com surpresa e satisfação, o príncipe é recebido pelo monge que, a partir de então, passa a cumprir os deveres de pai que, há anos, havia deixado para trás.
Eles permaneceram juntos até o príncipe sentir-se seguro e capaz de assumir suas obrigações para com seu reino.”
Não se pode fugir do destino, muitas vezes é no desvio dele que reassumimos nossas responsabilidades.
O universo sempre nos dá uma segunda chance.
Esta história foi contada por um senhor indiano. Ele me disse que seu avô costumava contar esta e outras histórias para ele, para seus irmãos e seus primos.