Debate republicano resulta em críticas e provocações

Debate republicano resulta em críticas e provocações

Houve 11 candidatos e o polêmico Donald Trump, líder nas pesquisas, foi o centro das atenções, com ataques e ironias. O presidente Barack Obama e a candidata democrata, Hilary Clinton, não foram poupados pelos adversários. A causa dos imigrantes indocumentados também foi discutida

Ben Carson, Donald Trump e Jeb Bush
Ben Carson, Donald Trump e Jeb Bush

Os olhos e a atenção do mundo, incluindo os imigrantes, estiveram voltados para o Debate dos presidenciáveis Republicanos, realizado pela CNN, em rede nacional. Evidente que o centro das atenções, em meio aos ataques e provocações, foi o polêmico pré-candidato Donald Trump, líder nas pesquisas, que tem feito ameaças aos indocumentados no país de forma incisiva, causando repúdio. Mas, curiosamente, Trump mostrou-se bem mais contido nesse segundo encontro, em poucas ocasiões atacou diretamente seus adversários, contrariando seu tradicional estilo agressivo. Logo no primeiro bloco, porém, ele questionou a presença de Rand Paul no debate. “Já há gente demais no palco – 11 pré-candidatos -, ele não deveria estar aqui, tem menos de 1%”, disse, durante uma pergunta em que o candidato sequer havia sido citado.

Jeb Bush, irmão do ex-presidente George Bush, se saiu bem e conseguiu aplausos quando Trump disse que o irmão dele “nos deu Barack Obama, por causa do desastre do final de seu mandato”, ao que Jeb respondeu que seu irmão fez dos EUA um lugar mais seguro.
A maior adversária de Trump acabou sendo Carly Fiorina, que foi “promovida” e ganhou a chance de debater com os principais candidatos, após subir nas pesquisas depois de se destacar no primeiro debate, promovido pela Fox News, no qual discutiu apenas com os menos cotados nas pesquisas.

Alguns candidatos aproveitaram a ocasião para fazer duras críticas ao governo Obama e também à pré-candidata democrata Hillary Clinton. Scott Walker, Mike Huckabee e Chris Christie foram os mais críticos, e o último chegou a questionar por que Clinton ainda não foi processada pelo caso de seus e-mails, que teria colocado em risco a segurança nacional. Quanto a Obama, as acusações mais frequentes foram referentes à política externa, com muitos comentários contra o acordo nuclear com o Irã, que Ted Cruz disse que irá rasgar “no primeiro dia” caso seja eleito, e que Mike Huckabee chamou de “ameaça à civilização ocidental”.


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Provocações acaloradas

Houve 11 candidatos porque Carly Fiorina protestou e a CNN mudou as regras para incluí-la. Fiorina teve bons momentos defendendo as mulheres e fez a intervenção mais contundente contra o aborto, um tema essencial para as bases republicanas. Em um dado momento, ela se envolveu em uma troca com Donald Trump sobre quem deles é o melhor executivo. Trump atacou Fiorina dizendo que sua época à frente da Hewlett-Packard afundou a empresa (que acaba de anunciar 25.000 demissões). Fiorina expôs todas as contas da HP como se estivesse se dirigindo ao conselho administrativo, e depois atacou Trump com uma questão pouco explorada até agora: ele se declarou em falência quatro vezes para se aproveitar das leis e refinanciar dívidas gigantescas. “É isso o que o senhor pretende fazer com a dívida dos Estados Unidos?”, perguntou Fiorina. Trump não se intimidou e defendeu a gestão de seu império de cassinos e campos de golfe. Chris Christie teve seu grande momento no debate ao calar os dois: “Não nos interessa quem é o melhor executivo, nos interessa como está a situação da classe média”.

Trump teve que explicar na televisão a Fiorina seu comentário sobre seu rosto (“acho que a senhora tem um rosto bonito”, disse ele em um momento incômodo); teve que explicar diante do neurocirurgião pediatra Ben Carson por que duvida da eficiência das vacinas; teve que explicar, e não conseguiu, como deportaria 11 milhões de imigrantes ilegais quando o governador Chris Christie colocou sobre a mesa dados que mostram que isso seria uma loucura. Jeb Bush exigiu dele, diante de milhões de espectadores, que pedisse desculpas a sua esposa, mexicana, por suas declarações sobre os mexicanos. Bush o enfrentou diretamente pela acusação de que estaria nas mãos de seus doadores de campanha, e disse, com um jeito de revelação, que, quando era governador da Flórida, Trump ofereceu-lhe dinheiro para construir um cassino, o que Bush recusou. Trump negou a afirmação.

A CNN apresentou um debate de três horas. Pelo Twitter, Trump reclamou que queriam “encolher” o evento. Desde o início, o roteiro foi confrontar Trump com todas e cada uma de suas saídas de tons. Durante três meses, desde que lançou sua campanha, Trump pode dizer qualquer coisa, enquanto os demais candidatos ficavam sem palavras para responder algo razoável. A única vez que o contestaram com contundência foi quando ele atacou o senador John McCain, e, ainda assim, saiu ganhando.

Terminado o debate, a equipe de Bush presente no spin room (“sala de análises”) mostrava um otimismo moderado. “Ele apagou Trump”, disse ao EL PAÍS o principal estrategista da campanha, Michael Steel. “Ele teve o melhor momento de humor e o melhor momento de força”. Em outro canto, o senador Rand Paul falava a um grupo de jornalistas, e suas primeiras palavras foram: “Trump ficou muito irritado”. Momentos depois, dezenas de jornalistas saíram correndo e se golpeavam para abordar Trump em um corredor. Ainda restam vários dias e até semanas de análises sobre quem ganhou e quem perdeu. Nesse sentido, talvez pelo número de participantes, o debate não foi muito esclarecedor.



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