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Com prêmios divididos e cerimônia mais dinâmica, Oscar consagra “Argo”

Depois de vencer todos os prêmios prévios, Argo foi o grande vencedor do Oscar. O filme dirigido e estrelado por Ben Affleck (que não foi indicado a melhor direção), faturou, no total, três estatuetas na cerimônia que terminou pontualmente às 2h da madrugada desta segunda-feira. A surpresa ficou por conta da aparição da primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, que fez o anúncio mais esperado da noite.
Com a consagração no grande prêmio da indústria do cinema, a mistura de suspense com drama histórico assinada por Affleck confirma o posto de melhor filme produzido em Hollywood do ano passado. Isso que Argo não teve a estratégia de lançamento que os estúdios geralmente reservam para as suas principais apostas ao Oscar – chegou aos cinemas no início de outubro, meses antes da premiação e das estreias de seus principais concorrentes.

Amor, magnífica produção franco-austríaca que a Academia de Hollywood surpreendentemente indicou a melhor filme e direção, ficou com o prêmio de longa estrangeiro. Lincoln e As Aventuras de Pi, os dois recordistas de indicações (com 12 e 11, respectivamente), também não saíram de mãos abanando: o primeiro rendeu o terceiro Oscar da carreira do sempre ótimo Daniel Day-Lewis (os outros dois foram paraMeu Pé Esquerdo e Sangue Negro), além de vencer em direção de arte, enquanto o segundo foi premiado em direção, fotografia, efeitos visuais e trilha sonora.
Entre a mais velha (Emmanuelle Riva) e a mais nova (Quvenzhané Wallis) indicada, o Oscar de melhor atriz foi para uma das mais talentosas estrelas em ascensão de Hollywood: Jennifer Lawrence (de O Lado Bom da Vida), 22 anos. Anne Hathaway (Os Miseráveis) e Christoph Waltz (Django Livre) os ganhadores entre os coadjuvantes, eram mesmo os mais cotados em suas categorias. Suas vitórias, no entanto, foram diferentes: enquanto o prêmio dela fez justiça a uma emocionante atuação, o dele consagrou uma performance muito semelhante à de Bastardos Inglórios, quando havia faturado a sua primeira estatueta.
Shirley Bassey cantou lindamente em homenagem aos 50 anos da franquia 007. Acabou protagonizando um dos momentos mais marcantes de uma noite com poucos instantes de real emoção – algo que tem se repetido, não por acaso, desde que os homenageados com troféus honorários não são chamados ao palco para receberem suas láureas.

A cerimônia em si, com Seth MacFarlane como apresentador, foi (um tantinho) mais dinâmica do que as dos anos anteriores. A tentativa de dar um ar menos tradicional ao Oscar passou pela presença do diretor do politicamente incorreto longa-metragem Ted – e MacFarlane não se saiu mal substituindo Billy Cristal, melhor apresentador dos últimos anos. Mais do que as piadas, seus pontos altos foram interações, por exemplo, com William Shatner, o Capitão Kirk de Star Trek – cuja presença evidencia o quanto a Academia concebeu a cerimônia mirando um público mais jovem do que o de costume.
Com audiência estimada em 1 bilhão de pessoas, nenhum excesso fora do script foi permitido. Para que o tempo não estourasse, os vencedores da estatueta de efeitos especiais (por As Aventuras de Pi) tiveram seu discurso indelicada e abruptamente cortado, o que gerou críticas nas redes sociais e nos bastidores da festa, sobretudo porque não deu tempo de eles falarem sobre a recente falência de sua empresa, a Rythm ‘n’ Hues.
Ao fim, não houve maiores surpresas, nem grandes injustiças. No ano em que tentou ousar na cerimônia (para seus padrões), o Oscar consagrou quem se esperava que saísse consagrado.
“Amanhecer” é o pior do ano no Framboesa de Ouro
O Lado Bom da Vida foi o grande vencedor do Independent Spirit Awards, tradicional premiação entregue um dia antes do Oscar para as melhores produções norte-americanas realizadas fora dos grandes estúdios de Hollywood. O longa de David O. Russell levou os troféus de melhor filme, direção, roteiro e atriz (para Jennifer Lawrence), superando, entre outros, Indomável Sonhadora e Moonrise Kingdom. O prêmio de melhor ator foi entregue para John Hawkes, de As Sessões.
Outra cerimônia realizada nas horas que antecedem o principal prêmio da indústria, o Framboesa de Ouro “consagrou” Amanhecer – Parte 2. O capítulo final da sagaCrepúsculo venceu nas categorias de pior filme, pior diretor (Bill Condon), pior atriz (Kristen Stewart), pior elenco, pior ator coadjuvante (Taylor Lautner), pior sequência ou remake e pior dupla (Lautner e Mackenzie Foy). Trata-se da tradicional e bem-humorada antítese do Oscar – os filmes considerados mais mal-sucedidos de toda a temporada em Hollywood.
Veja a lista dos premiados:
Melhor filme: Argo, de Ben Affleck
Direção: Ang Lee (As Aventuras de Pi)
Ator: Daniel Day-Lewis (Lincoln)
Atriz: Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)
Ator coadjuvante: Christoph Waltz (Django Livre)
Atriz coadjuvante: Anne Hathaway (Os Miseráveis)
Roteiro original: Django Livre
Roteiro adaptado: Argo
Animação: Valente
Filme estrangeiro: Amor (Áustria)
Fotografia: As Aventuras de Pi
Montagem: Argo
Direção de arte: Lincoln
Figurino: Anna Karenina
Maquiagem: Os Miseráveis
Trilha sonora: As Aventuras de Pi
Música: Skyfall, de Adelle (007: Operação Skyfall)
Som: A Hora Mais Escura e 007: Operação Skyfall
Efeitos sonoros: Os Miseráveis
Efeitos visuais: As Aventuras de Pi
Documentário: Searching for Sugar Man
Curta-metragem: Curfew
Curta documental: Inocente
Curta animado: Paperman
Fonte: zerohora