Coisa de cinema

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Inspirada pelo filme “Karatê Kid”, a paulista Caroline Araújo sai da obesidade infantil para se tornar campeã sul-americana de karatê

por Luiz Humberto Monteiro Pereira

humberto@esportedefato.com.br

Karateca Caroline Araújo, campeã sul-americana na categoria acima de 60 kg – Fotos: divulgação
Karateca Caroline Araújo, campeã sul-americana na categoria acima de 60 kg – Fotos: divulgação

Quando tinha 12 anos, Caroline de Oliveira Araújo estava bem acima do peso – estava com mais de 80 kg. Praticar algum esporte parecia a melhor solução. Até que “Karatê Kid”, filme norte-americano de 1984 estrelado por Ralph Macchio e Pat Morita, deu a inspiração de que precisava. “O que começou como uma forma de emagrecer se tranformou em um paixão, uma forma de conhecer pessoas novas, lugares diferentes e ter uma rotina saudável”, explica a atleta de 27 anos, que é tricampeã paulista, bicampeã da Copa São Paulo, campeã brasileira de 2016, best of fighters no Dream Cup e levou a medalha de ouro na categoria feminina acima de 60 kg no Sul-americano de Karatê Shinkyokushin, realizado em em Montevidéu.


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Esse resultado na capital uruguaia, obtido em novembro do ano passado, classificou Caroline para o Copa do Mundo de Karatê Shinkyokushin, que será realizada no Cazaquistão em julho. “Vou representar o Brasil e os países sul-americanos na categoria de peso pesado”, comemora a paulista de Ribeirão Pires, que não tem patrocinadores e divide a paixão pelo karatê com o amor pelos games. “São meu passatempo desde que me entendo por gente. Sou fã de jogos de estratégia e puzzles como ‘Zelda’, ‘Age of Empires’ e ‘Tycoons’ e esportes”, explica a karateca, que é formada em Relações Públicas na Universidade Metodista de São Paulo e tem uma empresa de marketing digital.

Esporte de Fato – O que achou da inclusão do karatê como categoria olímpica, no Jogos Tóquio 2020?

Caroline Araújo – É uma ótima notícia! Abre caminhos para conquistar o suporte do governo e poder criar projetos de captação de recursos, o que permite que os atletas de alto desempenho recebam apoio para poderem viver do esporte.

Esporte de Fato – Como avalia as possibilidades olímpicas do karatê brasileiro?

Caroline Araújo – O Brasil tem crescido muito em competições internacionais e ganhou posição de respeito frente ao mundo. São grandes as chances do país chegar às fases finais da competição. Quanto às minhas chances, embora eu saiba que já não tenho idade para pensar em Olimpíadas posteriores, pretendo me dedicar ao máximo para conquistar a melhor posição possível em 2020 e ser campeã em 2024. Também acredito bastante na Djefini Carvalho, que já é octacampeã sul-americana e foi minha referência de treinos para chegar onde estou hoje. No masculino, tenho boas expectativas em relação ao Djemison Carvalho. Ele só tem 18 anos e já tem uma técnica muito boa, vinda dos muitos anos de treino e competições.

Esporte de Fato – Com os resultados que obteve, já consegue encarar o karatê como profissão?

Caroline Araújo – Para mim, o karatê enquanto profissão ainda é uma visão. A falta de apoio financeiro torna impossível viver do esporte. Sou apaixonada pelo karatê por ser um esporte individual, onde o resultado depende só de si mesmo. Em 2014, durante uma competição na Hungria, percebi que não largaria mais o karatê. Foi meu primeiro campeonato internacional, onde poderia viajar o mundo, fazer amigos, ver a galera torcendo, as crianças pedindo autógrafos, cobertura de televisão e jornais, além de viver experiências incríveis. Quero fazer parte disso e com o karatê posso trazer algo de bom para o Brasil, hoje como competidora, e sempre como representante e fazendo o esporte crescer por aqui. Como não tenho patrocinadores, quando há alguma competição no exterior, sempre tento contato com empresários da região em busca de apoio. Mas, como poucos aceitam, então faço tudo sozinha, parcelando no cartão aqui, pegando um empréstimo ali, fazendo pedágios e “vaquinhas” online. É complicado, pois acabo pagando só as competições, não sobra nada para investir em equipamentos, suplementação de ponta, profissionais externos para acompanhar… Mas vale o esforço.

Esporte de Fato – Como é sua rotina diária?

Caroline Araújo – Moro em Ribeirão Pires, onde treino cinco dias por semana. Aos finais de semana sigo para Barueri, onde fica a matriz da minha federação, e fazemos um treino especial com toda a seleção brasileira. Em média, treino de três a seis horas diárias, divididas entre musculação, treino físico, técnico e de competição. Também dou aulas em algumas academias, intercalando isso com a rotina de nove horas de trabalho na minha empresa, a Oliveira Comunicação. Nela, pretendo expandir a atuação no marketing digital, fechando mais parcerias, aumentando equipe, receita e, quem sabe, começar a atender clientes de fora do Brasil e estabelecer filiais.

Esporte de Fato – Como acredita que o karatê possa se desenvolver como esporte no Brasil?

Caroline Araújo – O karatê possui um espaço imenso para se desenvolver no país. As competições estão muito centradas nas capitais, e nem todos os estados têm federações ativas. Isso me faz pensar no potencial de crescimento, já que o Brasil já mostrou que se interessa por lutas. É possível conseguir espaço para ter campeonatos passando na televisão, o que daria um apelo maior de patrocínio. O ideal é estar presente em todos os bairros, ser um esporte reconhecido como opção de jovens de todos os cantos do país. Ainda estamos engatinhando e temos muito pra construir.

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