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Chambinho do Acordeon é atração de Mostra Brasileira
NOV/14 – pág. 41
Após a exibição do filme “Gonzaga – De Pai para Filho”, no Valencia College, em Orlando, o acordeonista conversou com o público, interpretando clássicos da música nordestina. A equipe do “Nossa Gente” entrevistou o músico.
Integrando a Mostra do Cinema Brasileiro, no Valencia College, em Orlando, o filme “Gonzaga – De Pai para Filho”, de Breno Silveira, escrito por Patrícia Andrade, inspirado na vida e obra dos cantores Luiz Gonzaga – o Rei do Baião – e Gonzaguinha, pai e filho, emocionou a plateia de brasileiros e americanos. O longa, protagonizado pelo músico Chambinho do Acordeon, retrata a vida do sanfoneiro Luiz Gonzaga do Nascimento e as dúvidas sobre a paternidade de Gonzaguinha que o acompanham por toda a vida, pontuando de forma quase sempre negativa o relacionamento entre ambos. A incerteza é alimentada pelo comportamento de Gonzagão, que deixa o garoto, ainda bebê, sob os cuidados de um casal de amigos enquanto viaja o país fazendo shows. Uma história que comove. E após a exibição do filme, Chambinho, o convidados da noite, conversou com o público, tocando e cantando clássicos da música nordestina. O Jornal “Nossa Gente” esteve no evento e conversou com o músico, em entrevista exclusiva.
Jornal Nossa Gente – Como foi para você participar do Festival do Valencia College e receber o carinho do público? Deu para emocionar?
Chambinho do Acordeon – É muito bom estar aqui (sorri). A emoção foi grande porque ver um trabalho do cinema brasileiro sendo mostrado nos Estados Unidos, para um público universitário, é gratificante. Todos assistiram ao filme atentos, absorvendo cada detalhe da história. O filme foi legendado e isso não tirou a atenção dos americanos, diante de uma obra tão rica,musicalmente falando, que também relataa controvérsia entreGonzagão e o filho, Gonzaquinha. Dois músicos brilhantes, compositores de peso que marcaram a nossa música.
JNG – A atenção do público, durante a exibição do filme, traduz reconhecimento e apreço pelo cinema brasileiro, não é mesmo?
CA – Fiquei feliz por isso também. O filme teve o reconhecimento de brasileiros, de americanos e de alunos hispânicos. Ele foi muito bem recebido por todos que o assistiram em Orlando. E o que mais gratifica é que aqui, nos Estados Unidos, são feitos os grandes filmes, grandes produções. Aqui é a terra do cinema, uma escola de cinema marcada pelos grandes diretores, atores renomados e roteiros premiados. E um filme nosso, brasileiro, contando a nossa história, ser aceito neste país é uma consagração (fica emocionado).
JNG – O público mostrou-se sensibilizado com a vida e a carreira do Gonzagão. A expressão da plateia era de perplexidade nas cenas dramáticas. Você percebeu isso?
CA – Eu vi pessoas chorando na plateia. E não eram apenas brasileiros, mas americanos também. Eu me senti orgulhoso porque o filme toca o coração das pessoas, independentemente da sua nacionalidade. Ele cativa e toca na alma. Posso dizer que estou honrado e feliz com isso.
JNG – É a primeira vez que você vem a Orlando?
CA – Eu vim aos Estados Unidos outras vezes, mas em Orlando é a primeira vez. Estive em New York para a exibição do filme lá. Depois participei da Lavagem da Rua 46, que é uma festa muito bonita e animada. O evento acontece um dia antes do Brazilian Day. Houve um show na rua 46 e eu participei. Muito bacana. Vi muitos brasileiros e fiz amigos em New York, como estou fazendo amigos em Orlando. Tenho um carinho especial pelo professor Richard L. Sansone – organizador da Mostra de Cinema no Valencia College – que me recebeu tão bem. Ele é muito querido na universidade, também respeitado pelos artistas brasileiros. Gostaria de agradecer a direção do Valencia College pela oportunidade.
JNG – Após a exibição do filme “Gonzaga – De Pai para Filho”, você conversou com o público presente e foram feitas várias perguntas. Algum questionamento em especial?
CA – Gostei da pergunta de um aluno que abordou sobre o embate entre pai e filho. A discussão entre os músicos. Ele queria mais detalhes sobre o desentendimento dos dois. O questionamento dele demonstrou interesse pela história. O Gonzagão era um homem do povo e o Gonzaquinha era um rapaz intelectualizado, sensível. O Pai se casa com a secretária e ela não tem simpatia por Gonzaguinha, seu enteado, e o rejeita e se recusa criá-lo. O filho sofreu muito, se sentia rejeitado. Não foi fácil para ambos. De um lado está o pai com a sua severidade e, do outro, o filho e a sua sensibilidade. Inclusive, perguntaram se o Gonzaguinha era mesmo filho do Gonzagão.
JNG – E como você se sentiu diante de pergunta tão delicada, embora a controvérsia entre pai e filho é mostrada no filme?
CA – Não foi fácil responder porque foram levantadas dúvidas sobre isso, se o Gonzagão era de fato o pai do Gonzaguinha, mas o que importa isso agora? A própria família se recusou a fazer o teste de DNA. O importante é que tudo se resolveu entre eles, as coisas se acertaram entre os familiares e ninguém mais tocou no assunto. Claro que fiquei de certa forma constrangido com a pergunta, mas tudo acabou bem (sorri).
JNG – Você nasceu onde? E como surgiu a paixão pelo acordeon?
CA – Eu nasci em São Paulo, mas os meus pais são de Jaicós, povoado da Várzea, no Piauí. Eu cresci ouvindo música nordestina. E quando era menino, fui morar em Jaicós e fiquei lá durante três anos. O meu avô afinava sanfona e o meu tio tocava acordeon. Os três anos morando lá foram suficientes para eu me apaixonar pelo instrumento. Vendo o meu avô e o meu tio tocarem, despertou em mim um interesse muito grande em aprender a tocar. Tive uma grande escola instrumental. Voltei para São Paulo apaixonado pela música nordestina (lembra com emoção).
JNG – Você compõe suas músicas, enfim, como você prepara o repertório para shows?
CA – Olha, eu rabisco algumas letras de vez em quando (sorri). Tenho algumas composições, mas gosto muito do trabalho do Flávio José, um músico muito conhecido no Nordeste e que compõe muito bem. Eu gravei um CD – “Verdade” -, com a participação do Fagner (Raimundo) e gravei músicas do Flávio José. Ficou um trabalho muito bom e estou divulgando o CD pelo Brasil.
JNG – Você vai seguir a carreira de ator? Como você se divide entre a música e a interpretação cênica?
CA – Não tenho pretensão de largar a sanfona para ser ator. Quando o Breno Silveira me convidou para fazer o filme eu fiquei quase um ano sem tocar porque tive que me entregar de corpo e alma para o projeto. Fui para o Rio de Janeiro e permaneci lá durante seis meses, me preparando. A profissão de ator é um trabalho de entrega, intenso. Você tem de estudar o seu personagem, precisa estar atento ao texto. No meu caso, eu gosto de música, gosto de estar no palco fazendo shows. Eu sei que música e as artes cênicas caminham juntas, mas adoro trabalhar com a música, ou seja, cantar.
JNG – Com a repercussão do filme no Brasil e no exterior sugiram outros convites para o cinema? Você aceitaria atuar, mesmo que a música seja mais forte na sua trajetória artística?
CA – (sorri antes de responder) Fui convidado para um outro filme, que considero fantástico. Vai ser rodado o longa Lampião, sobre a vida do cangaceiro Lampião, um projeto do Bruno Azevedo e do Paulo Goulart Filho. Não vou fazer o papel do Lampião, mas vou participar no filme. É uma trilogia sobre o Cangaço. Imagine o bando de cangaceiros que pressionava os fazendeiros, todos a cavalo e em trajes de couro, chapéu e muita ousadia. Vai ser um filme e tanto. Estou aguardando.
JNG – Qual o seu recado para a Comunidade brasileira em Orlando?
CA – Quero deixar um abraço a todos os brasileiros que moram em Orlando, enfim, todo o pessoal que vive na Flórida. Foi um prazer conhecer Orlando, uma cidade muito bonita e aconchegante. E gostaria de deixar avisado ao pessoal que em janeiro do próximo ano eu vou voltar aqui, mas desta vez para passear. Quero conhecer os parques e visitar os locais interessantes desta cidade. Quem bebe da água de Orlando, tem que voltar (brinca). E eu quero voltar, com certeza.
Walther Alvarenga