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Brasileiros têm dificuldade para conseguir visto para os Estados Unidos
Procura por vistos para os Estados Unidos aumenta, mas mesmo pagando taxa e com vínculo com o Brasil, muitos brasileiros não têm autorização para ingressar no país
Nem mesmo um Brasil cheio de eventos nos próximos anos — Copa do Mundo e Olimpíadas — é capaz de controlar a vontade dos brasileiros de deixá-lo por um tempo e partir para os Estados Unidos, seja em busca de turismo ou formação profissional. A procura por vistos para embarcar em direção à terra do Tio Sam deu um salto perceptível. O aumento chega a 50 mil, se comparado ao ano passado. Contudo, há pessoas que não conseguem completar o primeiro passo que deve ser tomado para entrar no país: o visto.
A burocracia e o grau de exigência ainda são motivo de receio por parte de alguns turistas. Para conseguir o visto, os viajantes precisam apresentar uma série informações e determinar qual tipo é o mais apropriado. Entre as 18 opções para imigrantes e não imigrantes é possível encontrar categorias para intercambistas, turistas, viagens para tratamento médico, visitantes a negócios, atletas e trabalhadores temporários. O pagamento da taxa de R$ 380 para fazer a entrevista não garante a entrada no país, uma vez que a autorização é dada por um funcionário do Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA no desembarque do turista.
Mesmo com a condição que pode se tornar um repelente para o turismo, as promoções de hospedagem e passagens mais acessíveis encheram os olhos da auxiliar de operações comerciais Cristiane Amorim, de 33 anos, que mesmo com sete anos de carteira assinada e casa própria não conseguiu embarcar na viagem dos sonhos. Cristiane é solteira e mora com os pais, e foi à Embaixada dos Estados Unidos por duas vezes levando a carteira de trabalho, contracheque e comprovante de residência.
Apesar das tentativas, a resposta foi a mesma: não há como comprovar vínculo com o Brasil. “Pretendo tentar uma terceira vez, mas me sinto constrangida pela situação por que passei nas entrevistas anteriores. É uma sensação de frustração muito grande. Pessoas com a mesma situação financeira que a minha foram aprovadas” disse Cristiane.
Por quatro vezes, Dejanir Caetano, de 61, tentou o visto norte-americano para visitar a filha e duas netas que moram legalmente em uma cidade vizinha de Boston. Em todas recusaram o pedido.
As tentativas de Dejanir se iniciaram em 2006, quando ainda era mais complicado obter a permissão, mas a última foi neste ano e nada mudou. Segundo ela, eles se limitam a perguntar o que ela vai fazer lá e encerram o processo, apesar de ela ter toda a documentação necessária e preencher os requisitos, como ter casa própria, fonte de renda e outros motivos que a ligam ao Brasil. “Eles acham que o pessoal quer ir para lá ganhar dinheiro como antigamente, mas ela só quer visitar as netas”, diz o filho de Dejanir, Rochester Caetano. Advogado, ele prepara uma ação contra a Embaixada dos Estados Unidos para questionar as recusas.
VALADARENSES
Por muitos anos, a Região Leste de Minas foi marcada por “exportar” os ali nascidos para a Terra do Tio Sam. A procura era tão grande (incluindo os ilegais) que obter a autorização para visitar os Estados Unidos se tornou um privilégio de poucos. “Antigamente, morar aqui era um agravante. Hoje não é mais”, diz o gerente da Categoria Turismo, Guilherme Bragança. Mas, ainda assim, a taxa de aprovação é inferior à média nacional. “Noventa por cento é raro”, diz.
Bragança, no entanto, relata que há casos parecidos em que uma pessoa consegue e outra não. Ele diz conhecer um menino que tentou cinco vezes conseguir o visto, sem êxito, porque a mãe dele residia nos Estados Unidos, enquanto um jovem com renda inferior a R$ 1 mil e pais e irmãos morando lá conseguiu de primeira. “A cabeça do cônsul é um pouco confusa”, afirma.
Fonte: em.com.br