Brasileira faz faxina de graça, fala do amor ao próximo e devolve a autoestima

Marina Benicio Pimentel não mede esforços durante faxina em casa de pessoas abandonadas pela família

Uma missão humanitária, desafiadora, iniciativa da brasileira Marina Benicio Pimentel, que limpa casas de graça em Orlando, ajudando pessoas em situação de abandono, devolvendo a cada uma delas a sua autoestima

Walther Alvarenga

“Exemplo, é uma atitude mais forte do que qualquer palavra que saia da minha boca. Moro há dezenove anos nos Estados Unidos, e durante dezessete anos, fiz faxina. Hoje, o meu trabalho é limpar casas de pessoas esquecidas pela família, vivendo em condições subumanas. Não cobro um único centavo para exercer essa tarefa, pois foi Deus quem me designou essa missão, e conto com o apoio da minha filha mais velha – Carol, de 26 anos –, e de meu marido, Adimilson, para cumprir esse propósito. E dependendo do acúmulo de lixo, contrato pessoas para nos ajudar”, relata Marina Benicio Pimentel, mineira da cidade de João Monlevade, que reside em Orlando com a família.


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Uma missão humanitária, desafiadora, deparando-se com indivíduos que sofrem de transtorno de acumulação compulsiva, e sentem uma necessidade forte de guardar objetos, transformando a residência em armazenamento de lixo. Um descuido motivado pela solidão, pela incompreensão de familiares, gerando uma prisão voluntária, longe de tudo e de todos. Mas o que há de verdade em tudo isso?

Uma missão desafiadora, removendo o lixo da vida de pessoas que perderam a esperança

“Eu tinha decidido parar de fazer faxina, depois que os meus vídeos para as redes sociais – Instagram, Facebook e You Tube – ganharam força. Eu produzia conteúdos com dicas de limpeza, mostrando a melhor forma de limpar uma casa. Também mostrava as curiosidades dos Estados Unidos, criando um laço especial com um grupo de seguidores, que fez com que os meus vídeos deslanchassem”, lembra Marina.

“Eu mostrava o lixo de lojas dos Estados Unidos, contava histórias interessantes, aliando a minha rotina aos vídeos. Rapidamente, eu cresci nas redes sociais com os meus conteúdos. Achei que eu não era uma pessoa interessante, e que as pessoas se interessavam mesmo pela faxina. Estava indo tudo muito bem, tão compensador que deixei de limpar casas para cuidar das redes sociais e produzir mais vídeos. E foi nesse momento que Deus falou comigo”, conta.

Marina fala de Deus, e sente gratificada em fazer limpezas sem cobrar um único centavo

Enfatiza Marina que no auge de seu trabalho, produzindo e postando vídeos, “senti uma tristeza profunda. Eu não queria mais fazer vídeos, não queria mais aparecer, e tive que lidar com um nível de melancolia que me abalou emocionalmente. Eu parei com tudo, me afastei das redes sociais, quando ouvi a voz de Deus, e isso é para quem crê. Deus falou comigo no momento em que me sentia fragilizada, sem motivação alguma para continuar”, fala com emoção.

“Deus me mostrou que, o fato de eu ter vindo para os Estados Unidos, de ter aprendido a falar o inglês, não foi um mero acaso. Foi ele que me trouxe para cá, que me capacitou, e soprou o meu nome na internet, então as coisas aconteceram. Deus me usou com o propósito de ajudar o próximo em seu nome. Algumas pessoas podem não compreender o que estou relatando, mas saibam que o poder de Deus é algo sublime, às vezes muito além do nosso entendimento,”

Foi então que a brasileira decidiu retornar ao trabalho de faxina, depois de um ano e meio, mas com uma missão: jamais cobrar para limpar a casa das pessoas. “E quando coloquei um anúncio oferecendo os meus serviços, de graça, as pessoas não acreditavam no que liam. Uma senhora americana, inclusive, entrou em contato comigo, pediu o meu  ID number, e fez um check-up, achando que era uma pessoa perigosa, com segundas intenções.”

A direção de Deus

“Eu estava dirigindo, sem um endereço de residência, mas tinha plena convicção de que precisava ajudar alguém, sem noção alguma de quem seria essa pessoa. No meu carro, levava os produtos de limpeza, os acessórios para uma faxina, mas seguia sem saber o lugar. Rodei pela cidade sem rumo, quando falei com Deus e pedi a ele a direção. Sem saber, eu já estava na rua da casa de uma senhora que seria ajudada. Ela estava na porta de sua residência quando a vi. Sabia que ela precisava de ajuda, então lhe perguntei se acreditava em Deus, e a mulher respondeu que sim. Desci do carro e falei que estava ali para ajudá-la, e ela me relatou que há dois anos orava por essa ajuda.”

Conta Marina que foi uma das tarefas mais difíceis, pois a casa da senhora tinha uma verdadeira parede de lixo, com baratas por todos os lados. “Ao entrar na casa, fiquei chocada. Demorei sete dias para limpá-la, e foram retirados três caminhões de lixo. Tiramos todos os gabinetes, limpamos tudo e depois pintamos a casa. Foi uma obra linda”, fala com satisfação.

Em outra residência, diz Marina, uma senhora rica, que tivera no passado até avião particular, estava há dois anos sem sair de casa e há cinco anos sem ver ninguém. A mulher não se levantava da cama, e estava há cinco meses sem tomar banho. Ela fora abandonada pela família e sofria na mais absoluta solidão, vivendo em uma casa imensa. “Deu muito trabalho para limpar aquela casa.”

“Essa senhora tinha na sua garagem um carro avaliado em cento e trinta mil dólares. E ela culpava a todos pela situação em que se encontrava. Foi quando lhe sugeri que perdoasse aquelas pessoas, e que seguisse em frente com a sua vida. Com o coração endurecido, a mulher resistia, dizia que jamais liberaria o perdão. Insisti pelo perdão, pois sua vida estava travada, e ela era a única que estava em sofrimento”.   

Em outra situação, dumpsters foram utilizados para a limpeza da casa de uma mulher, usuária de drogas, que morava sozinha e precisava de ajuda. “Essa outra senhora morava com a sua cachorra em uma casa abarrotada de lixo. Ela se deixou levar pelas drogas, se abandonou, também abandonando a sua própria casa. Trabalhamos duro para remover toda a sujeira”, lamenta Marina.

Uma jornada humanitária

Sem cobrar para realizar limpeza em casas, em Orlando, enfrentando situações estarrecedoras em uma incansável jornada humanitária, Marina diz que se sente feliz em poder ajudar o próximo. Indagada se recebe alguma ajuda financeira para realizar esse trabalho, conta que algumas pessoas colaboram. O dinheiro, no entanto, sai do seu próprio bolso para a compra de produtos de limpeza. “Mas Deus tem levantado pessoas para ajudar nesse trabalho”.

Ela conta com ajuda de voluntários para a limpeza de casas, também recebendo total apoio da filha Carol. “E quando há necessidade de mais gente nesse trabalho, com o excesso de lixo, contrato pessoas para nos ajudar”.

“Deus, no momento, está trabalhando o meu orgulho. Falo isso porque não gosto de pedir ajuda quando eu mesma posso fazer. No entanto, pedir auxílio é um exercício de humildade, e tenho feito isso porque não posso parar o meu trabalho, então peço ajuda. Nada poderá interromper essa missão, tenho que seguir em frente,”

Vivendo com a família em Orlando, Marina tem três filhos – Carol, 26, Bryan,18, e Sophia, 9. Alega estar feliz ao voltar à faxina após um ano e meio afastada das atividades de limpeza. “Sou feliz fazendo isso! As pessoas passam mensagens dizendo que não preciso disso, mas foi fantástico voltar a fazer limpeza nas casas porque posso ajudar pessoas que realmente necessitam. Fazer o bem é algo compensador, indescritível”, finaliza.  

Serviço

Instagram – @marinanaamerica

Marina na América – Facebook e no YouTube



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