Bolsonaro mantém liderança e impulsiona corrida presidencial

Bolsonaro mantém liderança e impulsiona corrida presidencial

Com 59% das intenções de votos contra 41% de Fernando Haddad, Jair Bolsonaro mantém-se à frente da corrida presidencial e é tido como a esperança do povo brasileiro. Os caciques que não se reelegeram no Senado e as surpresas das urnas

Edição de outubro/2018 – p. 17 e 29

Bolsonaro mantém liderança e impulsiona corrida presidencial

O Brasil atravessa um período político avassalador – de indagações –, com a corrida presidencial que elegeu para o Segundo Turno – 28 de outubro – candidatos extremistas, polarizando as votações em âmbitos bem definidos: esquerda versus direita, o cenário atual da sucessão ao Palácio do Planalto. Jair Bolsonaro (PSL) sai à frente nas pesquisas e tem 59% das intenções de votos contra 41% de Fernando Haddad (PT), o discípulo de Lula, que, por sua vez, promete resgatar projetos que minguaram com o impeachment de Dilma Rousseff. Mas o que se pode avaliar no país até o momento é o amadurecimento do eleitor – muito mais convicto. Prova disso são os resultados surpreendentes das urnas no último dia sete, evidenciando que o político tem prazo de validade, e que boa parte dele foi banida do Congresso Nacional, caso de Romero Jucá (MDB-RR), Eunício Oliveira (MDB-CE), Lindbergh Farias (PT-RS) e Edison Lobão (MDB-MA), os chamados caciques de Brasília.

Jair Bolsonaro aparece como solução única e imediata para o eleitor – polêmico, mas transmitindo segurança e confiança ao povo brasileiro –, que clama por mudanças no país, e quer ver fora da esfera do poder os candidatos do PT, avaliados como corruptos e manipuladores da opinião pública. O fenômeno bolsonarista, no entanto, mostrou força nestas eleições, elegendo novos candidatos ao Senado, à Câmara Federal e Estadual, com expressivas pontuações. Esse o caso da advogada Janaina Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que se tornou a deputada estadual por São Paulo mais bem votada da história, obtendo 2,06 milhões de votos pelo PSL de Bolsonaro.


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Líder nas pesquisas, Bolsonaro ameaçou não comparecer aos debates do Segundo Turno, chamando o candidato petista de “ventríloquo do Lula”, alegando não saber se quem falaria seria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou o presidenciável Fernando Haddad. “Gostaria de debater com ele sim, mas eu e ele, sem intermediário”, afirmou, se referindo a uma possível influência de Lula.

Os ataques diários nos programas eleitorais na televisão, e a troca de farpas nas redes sociais, entre Bolsonaro e a turma do PT, estão cada vez mais acirrados. Uma espécie de salve-se quem puder, mas o eleitor já definiu o seu lado político e não mais cederá as pressões estratégicas da caça ao voto, articuladas por marqueteiros. Todos, conscientes, evitam dar outro tiro no pé nesse momento – como ocorreu na reeleição de Dilma Rousseff em 2014. Errar na altura do campeonato pode levar o Brasil ao caos, comprometendo as gerações vindouras. Ninguém quer correr esse risco.

Em contrapartida, mediante a desilusão com a política no Brasil, muita gente decidiu chutar o balde, recusar todos os candidatos de uma vez e votar nulo, resultando em um índice alarmante de votos nulos e votos brancos. Esse dado preocupante desencadeou questionamentos por parte de economistas, jornalistas e coordenadores de campanha, repensando cada detalhe dos respectivos candidatos na arena de considerações. E o consenso tem sido unânime: o eleitor se cansou e priva por novos horizontes, abolindo a mesmice. Medo de Bolsonaro? Nada disso, o que a maioria teme é que, se eleito, Haddad liberte o Lula da cadeia e o nomeie ministro.

As eleições presidenciais no Brasil transcorrem em clima de tensão – acredite o leitor –, tendo a participação incisiva do povo em meio a uma enxurrada de notícias falsas – fake news – que tenta confundir o eleitor. E desde a facada contra Jair Bolsonaro, durante campanha eleitoral em Juiz Fora (MG), que os ânimos ficaram exaltados. Um ato criminoso que serviu como divisor de águas – ideais –, consequentemente causando ruptura política, e ninguém, em sã consciência, quer ficar em cima do muro. Assumir-se simpatizante de Bolsonaro tornou-se questão de honra entre os que acreditam que chegou a hora da virada no Poder Executivo federal. Mas o que o Brasil pode esperar de Jair Bolsonaro ou de Fernando Haddad para 2019?

Propostas de Bolsonaro e Haddad

Dentre as propostas do seu plano de governo, Jair Bolsonaro pretende realizar programa de privatizações, envolvendo várias estatais. Sobre a Petrobras, disse que o tema “entrou no seu radar”, mas que ainda não tem uma definição. A respeito dos bancos públicos, alega “estudar” a possibilidade. Na Previdência Social, o candidato afirma ser contra a proposta de reforma apresentada pelo governo de Michel Temer, por ela ser “grande demais”. Ele cogita propor mudanças graduais nas aposentadorias, priorizando o combate à “fábrica de marajás”.

Crítico do Bolsa Família, Bolsonaro muda o foco de avaliação dizendo que defende a manutenção do programa “com auditoria”. Quanto a Reforma Trabalhista, o candidato votou a favor da proposta na Câmara dos Deputados e tem repetido o que diz ouvir de empresários: os trabalhadores brasileiros podem ter que escolher entre ter “menos empregos e mais direitos” ou o oposto.

Para combater a criminalidade – Segurança Pública –, pretende promover o endurecimento de leis penais, fortalecer o policiamento e promover a revisão do Estatuto do Desarmamento. Na Política Econômica conta com o “Guru” em economia, Paulo Guedes, a favor da manutenção do tripé macroeconômico – com regime de meta fiscal e de inflação, com câmbio flutuante –, e defende a necessidade de uma simplificação tributária rumo a um imposto único federal.

No outro extremo, Fernando Haddad tem no seu plano de governo ampliar o empreendedorismo e o crédito cooperado. Incluir jovens, trabalhadores de meia idade e mulheres em oportunidades de trabalho, “fortalecer o empreendedorismo” com apoio às micros e pequenas empresas. Remontar o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, associando universidades e centros de excelência para estimular a produção de pesquisas, gerando inovação em áreas como manufatura avançada, biotecnologia, nanotecnologia, fármacos, energia e defesa nacional.

Falha em pesquisas do Ibope e Datafolha

Outro fator agravante ocorreu nas semanas que antecederam ao processo eleitoral do Primeiro Turno, no último dia sete de outubro, com os resultados errôneos das pesquisas de intenção de votos dos candidatos ao Senado e à Câmara Federal, divulgados pelo Ibope e pelo Datafolha. Em Minas Gerais, por exemplo, as pesquisas apontavam em primeiro lugar a ex-presidente Dilma Rousseff, que disputada uma vaga no Senado, e era tida como a favorita. Nas urnas a resposta foi diferente, a petista acabou em quarto lugar, e as duas vagas para o Senado por MG foram conquistadas por Rodrigo Pacheco (DEM), e jornalista Carlos Viana (PHS).

O mesmo aconteceu em São Paulo com o candidato ao Senado, Eduardo Suplicy (PT), considerado eleito, segundo as pesquisas, mas que amargou na derrota, pela segunda vez consecutiva, superado por Mara Gabrilli (PSDB) e pelo Major Olimpio (PSL).

Como se bastasse o erro das pesquisas, outras surpresas aconteceram nas urnas com a eliminação dos chamados “medalhões” de Brasília, que acabaram banidos de seus cargos por não conseguirem a reeleição. É a tendência da renovação da política demonstrada pelo eleitor, saturado pelo contingente de corruptos, apontados pela Lava Jato como “ficha suja”.

No Rio de Janeiro, Lindbergh Farias foi derrotado pela dupla Flávio Bolsonaro (PSL) e Arolde de Oliveira (PDT), ambos novatos no Senado. Eunício de Oliveira (MDB), atual presidente do Senado, perdeu a disputa pelas duas vagas do estado, agora nas mãos de Cid Gomes (PDT) e do novato Eduardo Girão (Pros). Também ficaram de fora, Romero Jucá (MDB-RR), e Edison Lobão (MDB-MA), as “raposas” do Congresso. Já Aécio Neves (PSDB), vaiado pelo povo nas ruas, e Gleisi Hoffmann (PT), às duras penas, conseguiram se refugiar na Câmara Federal, mantendo a imunidade parlamentar.

Quem não conseguiu a reeleição e causou estranheza pelo empenho acirrado em sua área de atuação foi o senador Magno Malta (PR-ES), que luta contra a pedofilia no Brasil. Fabiano Contarato, gay assumido, desbancou Malta e é o novo senador do Espírito Santo. O Senador Cristovam Buarque (PPS–DF), voz ativa no Senado em defesa da Educação, perdeu sua cadeira para Leila do Vôlei (PSB) e Izalci Lucas (PSDB).

Em contrapartida aos prós e contras, o palhaço Tiririca (PR-SP), que havia abandonado a Câmara Federal, abrindo mão do cargo de deputado federal, dizendo-se “chateado com a política”, foi reeleito a deputado federal por São Paulo pela terceira vez.

No PSDB de São Paulo, a relação ficou estremecida entre Geraldo Alckmin – fora das disputadas presidenciais –, e João Dória – no Segundo Turno pelo governo de São Paulo com Marcio França (PSB) –, causando desconforto ao partido tucano. Alckmin chamou Dória de “traidor” quando o empresário declarou o seu apoio a Jair Bolsonaro no Segundo Turno. A troca de farpas entre os tucanos foi alvo de especulações, inclusive, de que o partido estaria enfraquecido, “desidratado”, como declararam os opositores.

São tempos de varredura, levantando tapetes e expurgando os fichas sujas –remanescentes da velha e traiçoeira politicagem. Os olhos do mundo agora estão voltados para o Segundo Turno das eleições presidenciais no Brasil. Muita expectativa para os resultados finais no dia 28 de outubro quando os brasileiros saberão de fato quem será o próximo presidente do país.

Participação ativa do eleitor brasileiro no exterior

Nos Consulados de vários países, incluindo os EUA, os brasileiros foram às urnas, denotando força e participação em momento crucial do Brasil. Os residentes na Flórida, por exemplo, tiveram presença maciça, com filas para escolher o futuro presidente do Brasil. São 500.729 mil eleitores no exterior, segundo divulgou o Ministério das Relações Exteriores, consolidando um poderio considerável nas urnas. Nos EUA, Jair Bolsonaro teve a preferência do eleitorado, com 32% dos votos válidos, o mesmo acontecendo no Japão e em Portugal.

De acordo com pesquisas, os eleitores brasileiros que votam no exterior, principalmente nos EUA, preferem ver Bolsonaro na presidência, principalmente após visita do candidato do PSL à Comunidade brasileira em Massachusetts e em outros estados. A força e a influência que o político exerce na maioria dos brasileiros foram consolidadas durante o encontro, o que foi prontamente avaliado nas urnas, no último dia sete de outubro. Em Paris, na França, eleitores brasileiros enfrentaram chuva para votar, mas não desanimaram. Muitos brasileiros, residentes em diversos outros países, viajaram de lugares distantes para exercer a cidadania do voto.



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