Anúncio foi feito nesta sexta-feira (6) em Oslo, na Noruega, confirmando a ativista iraniana, Narges Mohammadi, como ganhadora do “Prêmio Nobel da Paz” por combater a opressão das mulheres e contra a pena de morte no Irã
Da Redação – O anúncio nesta sexta-feira (6) de que a ativista iraniana, Narges Mohammadi, ganhou o “Prêmio Nobel da Paz” por combater a opressão das mulheres e contra a pena de morte no Irã, surpreendeu o mundo muçulmano. Aos 51 anos, ela fez o seu trabalho com impetuosidade, mesmo tendo que enfrentar inúmeras detenções e de ter passado anos atrás das grades pelo seu ativismo.
“Este prêmio é, antes de mais, um reconhecimento do trabalho muito importante de todo um movimento no Irã, com o seu líder indiscutível, Narges Mohammadi”, argumentou Berit Reiss-Andersen, presidente do Comitê Norueguês do Nobel, ao anunciar a vencedora em Oslo.
Segundo o presidente do Comitê, “o impacto do prêmio não cabe ao comitê do Nobel decidir. Esperamos que seja um incentivo para continuar o trabalho em qualquer forma que este movimento considere adequada”, acrescentou.
Em contrapartida, não houve reação imediata da televisão estatal iraniana e de outros meios de comunicação controlados pelo Estado com o importante anuncio de um dos prêmios mais cobiçados do mundo. Algumas agências de notícias semi-oficiais reconheceram a vitória de Narges Mohammadi em mensagens online, citando reportagens da imprensa estrangeira.
Detida em 2021
Antes de ser presa, Mohammadi era vice-presidente do banido “Centro dos Defensores dos Direitos Humanos” no Irã. E tudo começou quando ela foi detida em 2021, depois de comparecer a um memorial em homenagem a uma pessoa morta em protestos nacionais de 2019, desencadeados por um aumento nos preços da gasolina.
No momento, Narges, a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2023, está detida na famosa prisão de Evin, em Teerã, cujos presos incluem pessoas com ligações ocidentais e presos políticos. Ela é a 19ª mulher a ganhar o Nobel da Paz e a segunda iraniana, depois que a ativista de direitos humanos Shirin Ebadi ganhou o prêmio em 2003.
E mesmo atrás das grades, Mohammadi contribuiu com um artigo de opinião para o “The New York Times.” “O que o governo pode não compreender é que quanto mais de nós eles prendem, mais fortes nos tornamos”, escreveu Narges.
Os Prêmios Nobel trazem um prêmio em dinheiro de 11 milhões de coroas suecas – cerca de US$ 1 milhão. Os vencedores também recebem uma medalha de ouro de 18 quilates e um diploma nas cerimônias de premiação em dezembro.
O vencedor do prestigiado Prêmio Nobel da Paz é escolhido por um painel de especialistas na Noruega a partir de uma lista de pouco mais de 350 nomeações. No ano passado, o ganhador foi um ativista de direitos humanos da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia, no que foi visto como uma forte repreensão ao Presidente russo, Vladimir Putin, e ao seu homólogo e aliado bielorrusso.
Outros vencedores anteriores incluem Nelson Mandela, Barack Obama, Mikhail Gorbachev, Aung San Suu Kyi e as Nações Unidas.
