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Armamento de professores gera discussão entre pais na Flórida
O Projeto Lei que permite aos professores da Flórida de carregarem uma arma de fogo em sala de aula abre discussão entre organizações civis, sindicatos de professores e pais de alunos. O Conselho de Orange County declarou oposição ao armamento
Edição de maio/2019 – p. 06
Armamento de professores gera discussão entre pais na Flórida
A aprovação do Projeto Lei que permite aos professores da Flórida de carregarem uma arma de fogo em sala de aula, abre discussão entre organizações civis, sindicatos de professores e pais de alunos, preocupados com o destino das crianças nas escolas. A decisão da Câmara dos Representantes da Flórida – de maioria republicana –, aprovada com 65 votos a favor e 47 contra, coloca em risco a segurança dos estudantes, alegam os opositores. O governador republicano Ron DeSantis já sinalizou que irá assinar a proposta, desde que os educadores passem por treinamento nos moldes da polícia e por uma avaliação psiquiátrica, no “Programa de Guardiões Voluntários”.
A maioria dos distritos escolares da Flórida Central não tem planos de armar professores. Orange County optou por sua resolução anterior. “O conselho declarou oposição ao armamento de professores em Orange County e, portanto, se opõe ao projeto de lei que permitiria o armamento de professores”, disse Lorena Arias, porta-voz do distrito.
Já os defensores da medida, incluindo o presidente dos EUA, Donald Trump, e a Associação Nacional do Rifle (NRA), argumentam que os professores armados representam a melhor resposta rápida a incidentes que envolvem atiradores em escolas. Lembram do lamentável episódio ocorrido em fevereiro de 2018, na escola secundária Marjory Stoneman Douglas de Parkland, no condado de Broward, no sul da Flórida, quando o ex-aluno de 19 anos, Nikolas Cruz, matou 17 pessoas – entre alunos e professores. “Não há tempo hábil para um professor desarmado reagir e conter um possível atirador, até que a polícia chegue ao local. Muitas vidas inocentes serão ceifadas”, alertam os legisladores.
O presidente do Senado estadual, o republicano Bill Galvano, disse que a legislação melhora a coordenação entre docentes, agentes da ordem e equipes de saúde mental para “garantir que os estudantes em risco recebam a ajuda que necessitam antes que ocorra uma tragédia”.
“Os segundos são importantes quando se detém um atirador. Esta legislação garantirá que o pessoal escolar disposto, incluindo os professores da sala de aula, tenha a capacitação e os recursos necessários para ser a última linha de defesa entre uma criança inocente e um agressor violento”, declara o senador.
Mas, entre os pais de alunos a insegurança é latente, afinal, argumentam que é de inteira responsabilidade de policiais e oficiais de recursos escolares o bem-estar do filho durante o processo de aprendizado. E que não cabe ao professor tamanha incumbência, além da árdua missão de ensinar. Portanto, “eu não gostaria de armas em nossa escola por causa da possibilidade de acidentes acontecerem”, disse Suzanna Barkataki, mãe de aluno.
Opositores à legislação dizem que menos armas deveriam estar nas escolas e que a medida deverá levar a acidentes fatais. Em contrapartida, defensores afirmam que a nova legislação ajuda a evitar que se repitam ataques em escolas, e que as crianças estarão protegidas.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, apresentou no último mês de fevereiro um plano de segurança baseado nas recomendações feitas por uma comissão formada após o tiroteio na escola Marjory Stoneman Douglas de Parkland e que incluía a presença de guardiões armados.
Por outro lado, uma lei aprovada em 2018 por causa do tiroteio de Parkland aumentou a idade mínima para adquirir uma arma dos 18 aos 21 anos e impõe um período de espera de três dias para a maioria das compras de armas de longo alcance.
Condados da Flórida reagem
Além do conselho de Orange County que declarou oposição ao armamento de professores nas escolas, em Osceola, nenhum membro do conselho trouxe o tópico para discussão em uma reunião pública. “Nosso Conselho Escolar escolheu seguir a rota de utilizar SROs em vez de armar professores”, disse um porta-voz.
O superintendente assistente do Brevard, Matt Reed, disse que o distrito escolheu no ano passado não participar do “Programa de Guardiões Voluntários”, ao invés irá contratar segurança treinada para escolas. “O conselho tomou essa decisão depois de semanas ouvindo os funcionários da escola, pais e alunos sobre o assunto por meio de pesquisas e uma série de reuniões da prefeitura. O conselho não teve ainda discussões públicas sobre se revisitaria a questão à luz de novas legislações”, disse Reed.
O condado de Seminole não pretende armar professores, disse um porta-voz do distrito, e um porta-voz da “Volusia Schools” disse que seu distrito discutirá o programa dos “Guardiões” em uma reunião a ser realizada este mês ou no mês de Junho.
O projeto permite que os professores dos distritos escolares que desejam participar do “Programa de Guardiões Voluntários” portem uma arma em sala de aula depois de terem passado por um treinamento de 144 horas e terem sido aprovados numa avaliação psiquiátrica.
Antes da aprovação da nova legislação, funcionários escolares em 40 dos 67 condados da Flórida já haviam se matriculado – ou declarado que planejavam fazê-lo – no curso de treinamento, que segue os padrões de formação policial, segundo um porta-voz do presidente da Câmara estadual.