Alimentação da criança pré-escolar

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NOV/12 – pág. 54

Para compreender melhor os alimentos e as exigências alimentares de cada fase, é importante conhecer as distintas etapas que as crianças passam. Na idade pré-escolar, que corresponde ao período de 3 a 6 anos, a criança já alcançou a maturidade completa dos órgãos e sistemas que intervêm na digestão, absorção e metabolismo dos nutrientes.


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A criança come o que vê seus pais e colegas comerem

É uma etapa de crescimento mais lento e estável, em que as crianças ganham a média de 2 quilos de peso, e de 5 a 6 cm de tamanho ao ano.

Nessa etapa, as crianças desenvolvem grande atividade física e seu gasto energético aumentará consideravelmente, devendo adaptar-se, portanto, seu consumo de calorias à nova realidade. Desde o ponto de vista do desenvolvimento psicomotor, a criança alcançou um nível que lhe permita uma correta manipulação dos utensílios empregados durante as refeições, sendo capaz de usá-los para levar os alimentos à boca.

Uma das características específicas dessa idade é a rejeição por alimentos novos, pelo temor ao desconhecido. Trata-se de uma parte normal do processo de maturidade no aprendizado da alimentação, o que não deve ser traduzido pela falta de apetite.

A criança pré-escolar pode reconhecer e escolher os alimentos, igual ao adulto. Normalmente, a criança tende a comer o que vê comer seus pais e outras pessoas que o acompanham. Eles observam e imitam, também, na alimentação.

Na escola, esse processo se ampliará, e a criança adquirirá novos hábitos devido às influências externas.

Modelos de dieta pré-escolar

Normalmente, uma criança nesta etapa deve consumir, em média, 1.600 calorias, sendo 50% carboidratos, 31% lipídios e cerca de 18% de proteínas.

Alimentação e Crescimento Saudável em Escolares

A idade escolar compreende o período da vida que se estende dos 7 aos 10 anos de idade. Nessa fase, o crescimento é lento, porém constante, com maior proporção na região dos membros inferiores do que na região do tronco. Em relação à composição corporal, os meninos em geral apresentam maior massa magra que as meninas. Após os sete anos de idade, ocorre o aumento do tecido adiposo em ambos os sexos, sendo um preparo para o estirão. Nessa fase, inicia-se a dentição permanente, sendo de extrema importância reforçar os bons hábitos de saúde, como alimentação e higiene, a fim de prevenir a ocorrência de cáries dentárias e outros problemas de saúde. Nesse período, há um aumento do apetite e melhor aceitação da alimentação, porém, se a criança já tiver hábitos alimentares inadequados, há grande chance dessa inadequação se acentuar e alguns distúrbios alimentares podem persistir, principalmente quando não forem corrigidos. Isso acontece porque a criança em idade escolar começa a desenvolver autonomia para decidir o que quer comer, o que deve ser estimulado em um ambiente saudável, evitando assim, o aumento de casos de obesidade infantil, anemia, constipação intestinal e outros problemas.

A obesidade pode ter início nessa faixa etária, devido ao maior interesse que as crianças passam a ter por alguns alimentos muito calóricos (como salgadinhos, fast food, refrigerantes, doces etc.), cuja ingestão é de difícil controle, bem como pelo sedentarismo, pois a prática de atividade física é substituída pelo uso do computador, videogame, televisão, pela falta de espaço e segurança. Nessa faixa etária, também aumenta a influência do grupo social (turma) na escolha de alimentos. A alimentação é bastante influenciada pelo tempo que a criança permanece na escola e pelos contatos sociais. Portanto, colegas, professores, treinadores, ídolos do esporte e outras amizades influenciam muito nos hábitos alimentares.

Alimentação da criança em idade escolar

O principal problema quanto à alimentação da criança em idade escolar é a qualidade dos alimentos ingeridos, devido à preferência e maior acesso a alimentos ricos em energia, gorduras e carboidratos tais como: frituras, salgadinhos, refrigerantes e doces em detrimento dos alimentos ricos em micronutrientes, como as frutas e hortaliças. Esse fato contribui para o aumento de problemas nutricionais, sendo assim, importante estimular a formação e a adoção de hábitos alimentares saudáveis durante a infância e a adolescência. O acesso a uma alimentação saudável nesse período é, portanto, essencial, pois em virtude do crescimento e desenvolvimento dos ossos, dentes, músculos e sangue, as crianças precisam de alimentos mais nutritivos, em proporção ao seu peso, do que os adultos. A alimentação do escolar deve fornecer energia adequada para sustentar um ótimo crescimento e desenvolvimento sem excesso de gordura. A ingestão de carboidratos simples (refrigerantes, balas, doces, chocolates, pirulitos etc.) deve ser controlada para uma boa saúde, e as fibras devem estar presentes para auxiliar no bom funcionamento do intestino. Além disso, a alimentação deve ser rica em vitaminas e minerais, pois a ingestão insuficiente desses nutrientes pode prejudicar o crescimento e resultar em doenças.

Um dos fatores para determinar uma alimentação balanceada é estabelecer diretrizes na alimentação diária, isto é, rotinas alimentares bem definidas, pois não é só a qualidade e a quantidade da alimentação oferecida à criança que é importante. Os horários para as refeições – café da manhã, almoço e jantar – são importantes, bem como os horários para lanches intermediários, que devem ser estabelecidos, evitando-se o consumo de qualquer tipo de alimentos nos intervalos das refeições programadas. A falta de disciplina alimentar costuma ser a maior causa dos distúrbios alimentares, comprometendo a qualidade e a quantidade da alimentação consumida.

Hábitos alimentares e família

A família é responsável pela transmissão da cultura alimentar. Com ela, a criança aprende sobre a sensação de fome e saciedade, e desenvolve a percepção para os sabores e as suas preferências, iniciando a formação do seu comportamento alimentar.

O comportamento dos pais contribui para o hábito alimentar de seus filhos, assim, os pais devem adotar hábitos que gostariam de ver em seus filhos.

O estabelecimento do hábito alimentar também está relacionado à maneira como as compras de alimentos são realizadas pela família, uma vez que a criança dificilmente aprenderá a gostar de frutas e verduras se, em sua casa, a oferta desses alimentos for escassa, mais ainda, se for farta em alimentos industrializados. Dessa forma, é importante ressaltar que a formação de hábitos alimentares saudáveis na criança começa pela conscientização e envolvimento das famílias, sendo importante limitar o consumo de alimentos industrializados de baixo valor nutritivo e/ou ricos em gorduras, açúcar e sódio, como refrigerantes, doces e salgadinhos.

Hábitos alimentares e escola

Além da família, a escola exerce influência decisiva na formação dos hábitos e consumo alimentar das crianças. Para isso, durante o planejamento da merenda escolar, os alimentos selecionados para integrarem o cardápio devem estar adequados à necessidade das crianças, contendo frutas, vegetais, sucos de frutas naturais, pães e biscoitos integrais etc. O programa de alimentação escolar deve ensinar a optar pelo melhor, instruindo sobre os efeitos que cada tipo de alimento pode causar ao organismo. A merenda hipercalórica e monótona, presente na maioria das escolas, e a existência de alimentos pouco adequados contribuem para a aquisição de hábitos alimentares errados. Portanto, alimentos de baixo ou nenhum valor nutritivo não devem ser oferecidos no ambiente escolar, seja durante a merenda escolar ou em festas e eventos realizados na escola. O ambiente escolar é o local ideal para estimular o consumo de alimentos saudáveis por meio da implementação de programas voltados à educação para a saúde, com ênfase nos aspectos alimentares e nutricionais.

Para garantir o crescimento e desenvolvimento saudáveis, sugere-se a adoção das seguintes recomendações:

  • o esquema alimentar deve ser composto por cinco ou seis refeições diárias, com horários regulares: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e, algumas vezes, lanche antes de dormir;
  • a criança não deve permanecer em jejum por longos períodos, pois está em fase de crescimento e necessita de energia e de nutrientes. Portanto, todas as refeições são fundamentais para o desenvolvimento das atividades físicas (ir à escola, brincar, correr, pular) e das atividades intelectuais (capacidade de concentração);
  • nos horários das refeições, controlar a oferta de líquidos (suco, água e principalmente refrigerantes), pois eles distendem o estômago, o que pode dar o estímulo de saciedade precocemente, diminuindo a ingestão de alimentos mais nutritivos. Oferecê-los após a refeição, de preferência água ou sucos naturais. Não proibir refrigerantes, oferecer apenas em ocasiões especiais;
  • proibir alimentos (salgadinhos, balas, doces, refrigerantes etc.) pode torná-los ainda mais atraentes, deve-se limitar o consumo e oferecê-los nos horários adequados e em quantidades suficientes para não atrapalhar o apetite da próxima refeição. Ensinar a criança quais são os alimentos mais saudáveis e que devem ser consumidos com frequência, e limitar o consumo de outros menos saudáveis;
  • envolver a criança nas tarefas de realização da alimentação, como participar do preparo de lanches, por exemplo: gelatina com frutas, salada de frutas, barrinhas de cereais, sorvete de suco de frutas, iogurte batido com frutas e cereais, sanduíches de queijo branco com hortaliças;
  • limitar a ingestão de alimentos com excesso de gorduras ”trans” e saturadas, sal e açúcar, pois são fatores de risco para as doenças crônicas no adulto;
  • a criança em idade escolar não gosta de levar lanche para a escola, preferindo comprar a seu gosto, mas isso pode levar a hábitos alimentares incorretos, portanto, é importante limitar os dias da semana em que a criança vai comprar o lanche e os dias em que ela o levará de casa;
  • o ambiente na hora da refeição deve ser calmo e tranquilo, sem a televisão ligada ou quaisquer outras distrações como brincadeiras e jogos. É importante também evitar atitudes negativas como, por exemplo: “Se você comer rápido ou comer tudo, terá sorvete”, “Se você não comer tudo, não vai tomar suco”;
  • algumas atitudes positivas podem estimular a criança a comer como: “Quem sabe você gostaria de comer salada hoje?”, “Eu não vou lhe dizer que comer verduras é importante para o seu crescimento, porque você é muito inteligente e já sabe disso”;
  • um dos fatores que pode tirar o apetite e o interesse da criança pelo alimento é a monotonia alimentar, sem variações do tipo de alimento e de preparações, portanto, oferecer uma refeição com grande variedade de cores e texturas, pois a criança se fixa nas cores, na forma e no visual, condições importantes para a aceitação dos alimentos;
  • dar ênfase à ingestão de frutas e vegetais, produtos de grãos integrais, produtos de laticínios com baixo teor de gordura, leguminosas e carne magra, peixes e aves;
  • as sobremesas e alimentos doces devem ser oferecidos com pouca frequência e incorporados nas refeições para reduzir sua cariogenicidade;
  • as refeições em família ajudam a criança a reforçar os bons hábitos alimentares, portanto, procure fazer pelo menos uma refeição com toda a família reunida;
  • evite oferecer à criança bolachas recheadas ou amanteigadas, pois elas contêm muita gordura. Prefira biscoitos sem recheio, ricos em fibras, como os biscoitos de aveia, torradas integrais, entre outros;
  • evite adicionar açúcar aos achocolatados, pois eles já são suficientemente adoçados;
  • evite substituir refeições por lanches, mas, quando for necessário, prefira alimentos saudáveis, que não sejam ricos em gorduras e açúcar;
  • quando as bolachas ou salgadinhos de pacote forem oferecidos, especialmente dos pacotes grandes, coloque uma pequena porção em uma tigela ou prato, nunca oferecer direto do pacote. Por conseguinte, ao se pensar uma merenda adequada à situação nutricional e ao hábito alimentar dos escolares de hoje, deve-se programá-la mais como um lanche do que como substituição a uma refeição.

Elaine Peleje Vac
elaine@nossagente.net
(Médica no Brasil)
Não tome nenhum medicamento sem prescrição médica.
Consulte sempre o seu médico.

 



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