Além dos outros

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ABR/15 – pág. 50

“Não fazem os publicanos também o mesmo?” Jesus (Mateus, 5:46)

momento_espiritualAo iniciar um novo ciclo, é importante analisarmos o que temos feito como espíritos, e refletir sobre o que pretendemos, ou, pelo menos, deveríamos pretender realizar. Santo Agostinho, respondendo à pergunta 919-a de “O Livro dos Espíritos”, recomenda: “Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: no fim de cada dia interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e me perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria tido motivo para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e ver o que em mim necessitava de reforma”. O conselho do amigo espiritual é para que façamos esse exame de consciência diariamente. Mas, se não observamos essa salutar medida para melhoria íntima, há motivos para que paremos um pouco e façamos esse balanço íntimo, para verificarmos como estamos na caminhada evolutiva.


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O espírita possui um tesouro: os ensinamentos de Jesus, recordados e explicados com simplicidade e clareza pelo Espiritismo. As religiões pregam a imortalidade da alma, mas o espírita sabe que a vida continua sem grandes modificações depois da morte física. Não é uma crença vaga, nós sabemos com base nos fatos, nas informações de amigos e parentes que já partiram para a outra dimensão da vida, e que voltam informando, como se constitui a vida no outro plano. Outro conhecimento importante é sobre as razões do sofrimento humano. Sabemos que sofremos para evoluir, desenvolver as potencialidades existentes no Espírito, e que, em consequência desse desenvolvimento, compreenderemos as Leis Divinas, viveremos em harmonia com elas e seremos felizes. O sofrimento, sempre dentro dos preceitos da justiça e da bondade de Deus, constitui a lição, o recurso educativo de que necessitamos para nosso aperfeiçoamento. Outro item importante esclarecido pelo Espiritismo é a lei de causa e efeito. Com o nosso livre-arbítrio relativo, e no nosso patamar evolutivo, construímos o nosso destino. Não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar a nós mesmos, e à medida que nos modificamos para melhor passamos a nos identificar com o que há de melhor nas pessoas e situações e, portanto, passamos a viver melhor. “A medida que melhoramos, tudo melhora em torno de nós”, ensina André Luiz.

Não temos espaço para relacionar todos os benefícios que a Doutrina Espírita nos proporciona, todavia, o que ficou dito acima é suficiente para evidenciar quanto temos recebido em termos de informação e orientações. Alguém poderá dizer: Mas Jesus já ensinara tudo isto. De fato, todos esses ensinamentos constam do Evangelho, entretanto, ao longo do tempo foram sofrendo interpretações distorcidas, interpolações, de sorte que, hoje, os adeptos das religiões, que se consideram cristãs, não recebem essas informações de maneira clara e objetiva. Daí, como “a quem mais é dado, mais será pedido”, a responsabilidade de quem está melhor informado é maior. Emmanuel, no livro “Fonte Viva”, psicografia de Francisco C. Xavier, cap. 96, analisando a frase citada de início, reflete: “Trabalhar no horário comum irrepreensivelmente, cuidar dos deveres domésticos, satisfazer exigências legais e exercitar a correção de proceder, fazendo o bastante na esfera das obrigações inadiáveis, são tarefas peculiares a crentes e descrentes na senda diária. Jesus, contudo, espera algo mais do discípulo”. E pergunta o instrutor espiritual:

— Correspondes aos impositivos do trabalho diuturno, criando coragem, alegria e estímulo, em derredor de ti?

— Sabes improvisar o bem, onde outras pessoas se mostraram infrutíferas?

— Aproveitas, com êxito, o material que outrem desprezou por imprestável?

— Aguardas, com paciência, onde outros desesperaram?

— Na posição de crente, conservas o espírito de serviço, onde o descrente congelou o espírito de ação?

— Partilhas a alegria de teus amigos sem inveja e sem ciúme, e participas do sofrimento de teus adversários, sem falsa superioridade e sem alarde?

— Que dás de ti mesmo no ministério da caridade?

E conclui Emmanuel: “O homem vulgar, de muitos milênios para cá, vem comendo e bebendo, dormindo e agindo, sem diferenças fundamentais, na ordem coletiva. De vinte séculos a esta parte, todavia, abençoada luz resplandece na Terra com os ensinamentos do Cristo, convidando-nos a escalar os cimos da espiritualidade superior. Nem todos a percebem, ainda, não obstante envolver a todos. Mas para quantos se felicitam em suas bênçãos extraordinárias, surge o desafio do Mestre, indagando sobre o que de extraordinário estamos fazendo”.

José Argemiro da Silveira
Autor do livro: Luzes do
Evangelho, Edições USE



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