A magia do balé na arte de bailarinos brasileiros no ‘Metropolitan Opera’

Júnio Enrique e Ana Luiza são destaques nos musicais do “Metropolitan Opera” de Nova York

Os bailarinos brasileiros, Júnio Enrique e Ana Luiza Luizi, que integram o cast de artistas contratados do “Metropolitan Opera in NY”, em Nova York, fala ao “Nossa Gente”, da agenda de grandes espetáculos até junho de 2022. O sucesso na rede social e a performance que encanta plateias

Da Redação

Os movimentos são precisos, sincronizados – a harmonia perfeita entre os acordes impulsivos da música e a leveza de corpos, que desenham no espaço imagens entrelaçadas aos pés, mãos e abdômen. É a pura magia da essência humana. Uma sucessão de gestos protagonizados por ágeis bailarinos, que nos conduzem a uma viagem de sonhos – impossível não se entregar à dança. O balé clássico é mesmo envolvente! Mas que mundo é esse? Como alcança-lo?


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A entrevista com os bailarinos brasileiros, Júnio Enrique e Ana Luiza Luizi, que residem em Nova York, nos coloca no palco – e nem é preciso estar de sapatilhas –, de onde é possível enxergar com clareza a importância do balé e seus efeitos benéficos. “O poder da dança cura a alma! A dança é um remédio divino! Mergulhamos em um mundo mágico, e nos tornamos poderosos, esquecemos de tudo, e a sua realidade é exaltada! Quando danço, sinto que estou completo”, diz Júnio com ênfase nas palavras.

Júnio e Ana conquistam redes sociais dançando na sala e na cozinha de casa

O casal de bailarinos integra o seleto cast de artistas contratados do renomado “Metropolitan Opera in NY”, em Nova York, cumprindo temporada com os espetáculos, “The Magic Flute” (Dec 10 – Jan 5); “Le Nozze di Figaro” (Jan 8 – Apr 21), e “Turandot” (Oct 7 – May 14). Uma trajetória bem-sucedida, dividida com atividades paralelas: “Nós também somos atores, professores de dança, e participamos de comerciais para televisão e filmes nos Estados Unidos. Todos os dias somos chamados para testes, além de nossos vídeos no ‘Tiktok’ e no ‘Instagram’, onde mostramos o nosso dia a dia”, explica Júnio.  

O sucesso nas redes sociais aconteceu durante a pandemia, quando os teatros se fecharam nos EUA e os bailarinos descobriam nas redes sociais uma forma de estimular a dança – incentivar os seguidores. “A rede social nos salvou e salvou pessoas! Postamos vídeos feitos na nossa sala e cozinha, dançando durante o lockdown, e as pessoas acharam interessantes e passaram a nos seguir.”

“E como não tínhamos como compartilhar o nosso trabalho do palco, fizemos de nossa sala e de nossa cozinha um lugar de espetáculos para compartilhar com os nossos seguidores. Descobrimos nas redes sociais uma terapia de vida. O ‘TikToK’ e o ‘Instagram’ são ferramentas importantes de conexão com pessoas em várias partes do mundo. Nós temos um projeto em andamento para um curso de dança online. E através de nossos vídeos, fomos contatados para fazer comerciais para a ‘Disney’ e para ‘United Airlines”, complementa Ana.

Trajetória de destaque marca a carreira dos bailarinos nos EUA

Indagado sobre a carreira de sucesso nos palcos de Nova York, disse Júnio que tudo aconteceu quando veio aos EUA em 2005 para representar o Brasil, no “New York Internacional Ballet Competition”, e então foi contratado pelo “Columbia Classical Ballet”.

No Brasil, teve uma trajetória expressiva, aos 18 anos, participando da “Companhia de Dança SesiMinas”, em Belo Horizonte, onde conheceu Ana Luiza, com 15 anos – que também integrava o balé. Começou então um namoro, pois o casal estava sempre junto, era dupla preferida para protagonizar os espetáculos.

“Quando fui escolhido para vir a Nova York, eu e a Ana ficamos separados por um ano”, lembra Júnio. Entretanto, Ana também acabou sendo selecionada e contratada para dançar no “Europe Ballet Conservatory”, na Áustria, internacionalizando a sua carreira – e lá se foi mais um ano de distância entre o casal.

“O meu pai era contra eu deixar o Brasil para dançar na Áustria. Achava que eu era muito nova, e não acreditava que a profissão fosse me dar um suporte financeiro adequado. Queria que eu continuasse os meus estudos na faculdade, mas eu jamais perderia a grande oportunidade da minha carreira. Fiz a minha escolha, deixei tudo para trás e fui para a Áustria”, fala com carinho.

O casal de bailarinos se reencontrou em dezembro de 2007, nos EUA, oportunidade em que Júnio e Ana foram contratados pela “New Jersey Ballet Company” por sete temporadas. E desde 2010 são os principais “Guest Artists do Staten Island Ballet”, em Nova York. Em 2014, os bailarinos foram contratos pelo “Metropolitan Opera in NY”, com vários espetáculos na agenda até junho de 2022.

Cortinas vermelhas

Filho de policial – os pais dançavam a dança de salão –, conta Júnio que quando criança, assistia com os irmãos as apresentações de Mikhail Baryshnikov, um dos mais célebres bailarinos, no “American Ballet Theatre”.  “Eu ficava fascinado com as apresentações do Mikhail Baryshnikov, e quando as cortinas vermelhas do ‘Metropolitan’ se abriam, mostrando a performance de Baryshnikov, meu coração acelerava. Eu queria dançar, era isso que queria para a minha vida”, fala com emoção.

“O meu pai nunca me disse não, ele me incentivou quando falei que queria fazer balé, ser bailarino. É um sonho de criança que hoje vejo realizado. E, no mesmo teatro, no mesmo palco que um dia quando criança vi Baryshnikov dançando, é o palco onde hoje eu danço. E quando olho para as cortinas vermelhas do ‘Metropolitan’ vem a imagem de menino, sentando na sala da minha casa, fascinado com a magia daquelas cortinas.”

“Quero fazer uma homenagem ao meu avô, Antônio Salgado, que é músico da Banda da Polícia Militar de Minas Gerais. Meu avô tem 95 anos de idade e ainda roça seu acordeom. E ele sempre me diz que, ‘Com a música eu toco a vida’. Sou grato pelo seu incentivo”, ressalta Júnio.

Descoberta de Ana

Segundo Ana, a sua paixão pelo balé aconteceu quando criança, no jardim da infância, ocasião em que teve uma aula de demonstração com a professora. “E quando comecei a fazer os primeiros movimentos, fiquei encantada. Cheguei em casa e disse para minha mãe que eu queria fazer balé, e ela me apoiou. Falou que me colocaria em uma escola, mas tive que esperar. Percebi que os meus pais não viam o balé como uma profissão. Precisei insistir com a minha mãe para ela me colocar em uma escola de dança”, relata. “Para mim, a dança era uma certeza.”

Ana e Júnio nasceram para dançar, se encontraram, e hoje encantam plateias com uma performance de tirar o fôlego. Estão na linha de frente dos grandes espetáculos musicais do “Metropolitan Opera in NY”, eles que começaram a dançar juntos, na “Cia de Danças Sesiminas” em Belo Horizonte. “Nosso sonho de criança não pode morrer, ou envelhecemos espiritualmente. Sou um sonhador nato”, finaliza Júnio.  

Serviço

Instagram e Tiktok do casal:

@ThatBrazilianCouple



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