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Por mais que se pensa que todos os ângulos de um negócio estão sendo avaliados, sempre se deve considerar um appraisal ou um consultor.
Muitas iniciativas de negócios falham devido a esses fatores. De cada 10 empresas abertas, somente 1 prospera e 1 se mantém.
Os motivos mais comuns são os relacionados à falta de profissionalismo e à informação. Há um banco de dados enorme à disposição dos empreendedores. Desde o censo para casos de demografia até os que são mais complicados como os que moderam a qualidade de inadimplência por parte dos bancos.
Há também o risco inevitável de ler dados erradamente. Encontram-se muitos websites gratuitos, bem como não gratuitos, com informações não “completamente” confiáveis. Na nossa comunidade, é comum ver pessoas investindo em negócios sem a menor noção do ramo em que se estão envolvendo.
Recentemente, uma empresa de saúde resolveu entrar em venda, sobrando mais de $600 mil por ano de lucro líquido. Os proprietários pediam $1,5milhões.
Após passar por muitas fases de inspeções e de avaliações, inclusive de appraisal, feitas com experts, aparece uma pergunta:
E o ObamaCare?
Quando lido, mesmo sem a redação final, o negócio é inviável. Vira um negócio muito difícil para se ter noção de quanto gerará de resultados e, portanto, tudo o que foi feito no passado não se projeta para o futuro. O custo para evitar grande perda foi a contratação das pessoas certas e dos consultores do ramo. O que parecia ser caro virou prejuízo mínimo em relação à possível perda total.
Posso ficar enumerando muitos outros casos de insucesso, mas vamos a outros de sucesso:
Há algum tempo, recebi uma consulta sobre navios para carga e fui fazer a análise de mercado. O que era para ser uma resposta curta e seca sobre a total inviabilidade de negócio passou a ser uma luz verde bem forte. Os estudos que foram feitos mostraram a falta de equipamento para venda no mercado e um número muito grande de rotas a serem exploradas. O mercado está em expansão e, para visão de longo prazo, estão os novos canais para travessia do Atlântico ao Pacífico e também as expansões nos portos. Muitas outras considerações, como a decisão dos EUA em permitir que um navio de bandeira não americana possa fazer transportes entre portos americanos, mostram visão bem otimista.
Desapontado pelo volume de investimento necessário para atingir o sucesso, o cliente passou a considerar outro ramo de negócio, porque esperava transportar um número de containers em que o ponto de equilíbrio mostra ser insuficiente.
Algumas operações de sucesso passam também por procurar JV com alguns outros investidores do ramo e até empresas de capital de risco. São comuns e bem-vindos os parceiros “chatos”. Aqueles que não aceitam arriscar e que colocam seu dinheiro no negócio. Essa “dor” de dividir o sucesso traz a tranquilidade de minimizar o insucesso.
Muitos palpiteiros, não conhecedores das suas responsabilidades, quando abrem a boca, sugerem negócios mirabolantes e sem nexo. Confundem as equações matemáticas e acabam levando pessoas a grandes perdas e fracassos.
Não podemos nos esquecer dos casos clássicos na cidade como o Atlantis, que era para ser o maior prédio de Orlando, com um investimento de mais de $10 milhões só em estudos e projetos. Os empreendedores, seguros de seu sucesso, misturaram o dinheiro investido por terceiros no projeto e acabaram presos pela Interpol. Todo o cuidado é pouco.
Antes de qualquer transação com dinheiro de terceiros, devem-se considerar as opiniões de advogados especializados, tributaristas e criminalistas. Hoje, alguns bancos têm restrições enormes contra dinheiro vindo de certos países por falta de credibilidade quanto à legalidade desse dinheiro.
Portanto aquilo que poderia parecer solução comercial vira pesadelo contábil e legal na hora de operar. Lembre-se que o contador deve denunciar fraudes, assim como corretores ou qualquer profissional que veja ilegalidade em transações ou negócios com estrangeiros, bem como com residentes.
O que parece bom demais é suspeito e, às vezes, o que parece pouco lucrativo vira um negócio bom pela tranquilidade e pela estabilidade. As portas dos negócios à venda estão sempre abertas, mas tem que saber onde bater e como bater.
Recentemente, uma empresa consultou-me sobre a possibilidade da venda da empresa somente pelo seu ativo, uma vez que seu resultado operacional não era compatível com o valor a ser investido. Isso é comum e chama-se Asset Sales. Os corretores de negócios odeiam oferecê-los, pois as comissões são muito pequenas e difíceis. Boa procura pode colocar, em frente ao investidor, uma empresa pronta para dar lucro, já montada e com preço bem aquém daquele que seria pago para montar os equipamentos e máquinas. Uma “barbada” que, se for mal oferecida, parece péssimo negócio.
Para exemplificar, estive vendo uma linha de destruição de pneus para fabricação de carpetes e outros derivados do aproveitamento da borracha arrancada dos pneus. O maquinário novo custa em torno de $2milhões. Sua instalação completa, com separadores de aço e de algodão etc., mais $1milhão. Na área central, havia uma planta completa, sem nunca ter sido usada, por $600 mil, com direito à pequena pechincha. A razão da venda: o dono havia falecido e o depositário do inventário estava vendendo quase a preço de peso.
Não há garantias para fazê-lo encontrar oportunidades iguais àquelas que pretende fazer, no entanto, é importante contratar alguém para especular o mercado. Se for conveniente buscar ajuda de um sócio, tenha certeza de que ele conheça bem o ramo, principalmente o produto que será comercializado. A potencialização do prejuízo é extremamente alta.
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