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Estamos tão habituados aos talheres, e a usar garfo, faca e colher, que comer de outro modo parece quase um absurdo.
Nao é nem um pouco assim!
Mesmo em nossa civilização, o uso do garfo e da colher somente começou a se difundir – e mesmo assim somente nas mesas da aristocracia – lá pelo século XIV.
Em outras culturas milenares, como na China, embora a colher já fosse utilizada há séculos para o consumo da sopa, os sólidos ainda hoje são levados à boca por meio dos nossos conhecidos pauzinhos.
A nós – ocidentais – podem parecer toscos, mas, na verdade, são sofisticados. Nas culturas do extremo oriente, a comida já vem preparada e adequada aos pauzinhos.
Foi no século XI que o garfo foi introduzido na Europa e somente no século XVI que o seu uso se generalizou nas mesas aristocráticas, em especial na corte de Henrique III de França, vindo provavelmente de Veneza.
Apesar de conhecerem o uso dos talheres, a maioria da população da França, da Inglaterra e do norte da Europa ainda continuava a comer com as mãos, usando os dedos, a língua e os lábios ou, quando muito, o pão ou uma tosca colher para recolher sopas e molhos.
O uso do garfo e dos talheres completos somente se tornaria universal na Europa, depois da segunda metade do século XIX. Assim mesmo, hoje, os chineses só recorrem ao garfo quando vão ao McDonalds, e ainda por cima de plástico.
Por fim, existe uma história curiosa sobre a evoluçao desse utilíssimo instrumento. Por muito tempo, o garfo teve apenas três pontas. A quarta surgiu no século XIX durante o reinado de Fernando de Bourbon, em Nápoles. O autor da ideia genial foi Germano Spadaccini, dispenseiro real.
Até então, os napolitanos comiam seu célebre spaghetti com a mão.
Com o conforto da quarta ponta, renderam-se todos ao garfo, inclusive o ocidente.
Bem, agora vamos às receitas.