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Existem vários fatores para determinar a proporção da crise em que vive um país ou uma região. No setor imobiliário, a crise pode ser medida por vários fatores. O fator mais importante é o psicológico. Acreditar que o país está em crise gera mais crise. O que chamamos de crise na América é muito diferente do que chamamos de crise no Brasil.
No Brasil, quando da troca pelo real, o governo soltou uma medida da URV (Unidade Real de Valor). Naquele momento, a economia sofreu o impacto de um scânia batendo em um muro. Além de outras medidas, a que mais surpreendeu a economia foi que a venda de carros, ou outro financiamento, somente era possível com prazo de 3 meses, isso mesmo 3 meses. As concessionárias ficaram cheias de carros; as lojas, de eletrodomésticos e as indústrias começaram a demitir em massa. A inadimplência comercial foi para os 20%, ou seja, um desemprego sem igual num país em crescimento. Isso é a crise no Brasil.
Na América, o que se chama de crise são acomodações de mercado. A lei que rege isso é a da oferta e da procura. O mercado imobiliário passou e ainda passa por isso. Em um determinado momento, o volume de construção de novos imóveis era muito acima da absorção de mercado. Não tinha gente mudando para a Flórida para comprar novos imóveis. A acomodação ainda não está completa, porém caminha para esse ponto.
Em certos estados, não se percebeu essa crise, pois não houve a tal explosão de oferta e, consequentemente, não foi necessário acomodar o mercado. Recentemente, escutei de um empresário, que havia comprado um negócio no Centro-Oeste dos Estados Unidos, que as pessoas dormiam nos carros em frente aos apartamentos para poder ocupar um assim que o atual inquilino desistisse do imóvel. A demanda é tão alta que o locatário deixa em aberto o contrato para o inquilino que ocupar o imóvel em primeiro lugar.
Na Flórida Central, diga-se na Região Metropolitana de Orlando, temos indicadores que mostram a estagnação da atividade imobiliária, alguns indicadores refletem como os negócios estão aqui:
1.Número de permits emitidos e o valor das novas construções. Condados de Orange, Osceola, Seminole e Lake.
Foram emitidos ao todo, durante o primeiro trimestre de 2012, 93 permits para novas construções com um valor de $300 milhões. No mesmo período do ano passado, foram emitidos 71 permits com valor de $347.9 milhões. (fonte HBW inc).
Comentário: esse número é estável se considerado que já esteve acima dos bilhões nos anos de 2007/2008. Essa média faz com que algumas áreas do setor de construção mantenham-se ocupadas e sobrevivam a este período. Atenção para o indicador, pois ele reflete o que os construtores começarão a construir e não o que está sendo projetado.
2.Inadimplência nas notas promissórias dos empréstimos comerciais.
A região deixou de ser a segunda área com maior número de inadimplência nos Estados Unidos para ser a terceira. A percentagem caiu de 18% para 17% de mortgages comercias em atraso.
Comentário: aparentemente esse não será um índice que mudará no próximo ano. Esse número alto de inadimplência, o segundo no país, tem muita relação com o que estava acontecendo há 5 anos quando os preços eram 200% maiores e geraram financiamento que estão vencendo agora.
3.Valor por quarto de hotel na área de Orlando.
O valor médio de um quarto de hotel na área de Orlando chegou a $83,519 em 2011, esperando-se, este ano, uma avaliação de $100,888. Crescimento de $20.8%. (fonte HVS New York University).
Comentário: embora ainda abaixo dos valores por quarto em 2007 ($114,134), a projeção e expectativa para este ano faz com que a atividade hoteleira possa novamente atrair investimentos imobiliários e manter a atividade em relação ao número de empregados e de construção.
4.Preço de venda de imóveis comerciais.
Os gráficos explicam melhor a tendência de estabilização dos preços por pé quadrado na venda, na área de Orlando. As curvas indicam a comparação entre as diferentes áreas: área metropolitana de Orlando; estado da Flórida; condado de Orange; cidade de Orlando.
Antonio Romano
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