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JAN/12 – pág. 14

Educar os filhos pode ser bem complicado, especialmente quando se busca incentivar o consumo de água em abundância, a prática de esportes e, sobretudo, a ingestão de alimentos saudáveis. Márcia de Paula e Lucas da Silva formam um casal brasileiro vivendo em Los Angeles, CA, trabalhando e criando duas filhas jovens, Alexas (14) e Sabrina (10).


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“Tem sido muito difícil tentar controlar o que as minhas filhas estão comendo diariamente. Em casa, nós temos sempre disponíveis muitas frutas, verduras e água. Mas é difícil concorrer com todos aqueles produtos disponíveis nas máquinas automáticas existentes nas escolas. Minhas filhas sempre acabam comendo as batatas fritas, o chocolate, as bebidas açucaradas em lugar do lanche servido na escola. De alguma forma, esse tipo de guloseima se apresenta de forma muito mais atraente, estragando o apetite delas no resto do dia”, disse a Sra. De Paula numa recente entrevista em Venice Beach, Califórnia.

Quando Márcia e Lucas abriram sua galeria de molduras (Universal Gallery) na década de 90, suas agendas ficaram bem apertadas. Márcia sempre gostou de cozinhar e preparava alimentação suficiente para a semana e a estocava no refrigerador. Mas, entre deixar as crianças na escola, cuidar dos negócios, da casa, fazer compras e tomar cuidado com outros assuntos pessoais, o dia acabava ficando curto, sendo Márcia obrigada a parar num restaurante de comidas rápidas a caminho de casa ao sair do trabalho. A comida caseira sempre ficava em segundo plano, devido à comodidade e à disponibilidade dos restaurantes de comidas rápidas. Essa rotina começou a incomodar a família quando eles perceberam que seu nível de energia estava baixo enquanto seu peso aumentava. “As crianças adoravam as comidas rápidas, os hambúrgueres e batatas fritas, mas sentíamos que faltava uma aproximação maior entre nós como família. Acreditamos que fazer as refeições caseiras juntos pode contribuir para um melhor relacionamento entre pais e filhos.”

Assim que os negócios começaram a melhorar, Márcia encontrou mais tempo para cuidar da família. Ela fez questão que eles comessem o que ela havia preparado para a semana e as visitas a restaurantes de comidas rápidas diminuíram. “Eu cresci com meu pai sempre se preocupando com a qualidade dos alimentos que comíamos. Quando ele ficou mais velho e apresentou alguns problemas de saúde, ele mudou inteiramente sua dieta, reservando também um espaço para exercícios físicos. Essas pequenas mudanças contribuíram para que ele tivesse uma vida mais saudável e perdesse peso. Eu estou tentando passar para minhas filhas esse valores, servindo como exemplo. Acredito que os filhos possam se ‘inspirar’ ao ver os pais engajados em alguma atividade física e se alimentando bem”, conclui Márcia.

Quando a família soube do relatório divulgado pela Fundação Robert Wood Johnson juntamente com o Centro Yale Rudd Para Políticas de Alimentação e Obesidade sobre as táticas de marketing desenvolvidas pela indústria de bebidas açucaradas visando o público jovem, os pais ficaram bastante preocupados, sobretudo com a ausência de informações referentes à quantidade de cafeína presente nos rótulos de muitos produtos energéticos e adocicados. “As companhias de bebidas açucaradas e energéticas deveriam ser obrigadas a publicar em seus rótulos e embalagens as quantidades exatas de cafeína contida em suas fórmulas. Seria muito mais fácil argumentar com nossos filhos sobre as consequências do abuso de bebidas altamente calóricas que contenham cafeína se tivéssemos as informações disponíveis”, disse Márcia.

No dia 31 de outubro de 2011, o Centro Rudd apresentou os resultados do seu relatório durante o Encontro Anual de Saúde Pública em Washington, DC, revelando que os jovens estão expostos às táticas de publicidade efetuadas pela indústria de bebidas energéticas e açucaradas. Seus dados mostraram que as empresas estão ampliando suas campanhas, sobretudo visando à população negra e hispânica.

“Empresas de bebidas açucaradas têm prometido melhorar suas campanhas de publicidade no que se refere ao público infantil”, disse a pesquisadora responsável Jennifer Harris, diretora de iniciativas de marketing do Centro Rudd. “Mas nós não temos visto uma mudança efetiva em suas campanhas.”

Marlene Schwartz, coautora do relatório e diretora do Centro Rudd, disse que “a indústria de bebidas precisa melhorar seus produtos dirigidos ao público infantil através da redução da quantidade de açúcar adicionado, da remoção de adoçantes artificiais e da interrupção dos anúncios de produtos que contenham grande quantidade de cafeína e açúcar.

Essa é uma preocupação que aflige membros da comunidade brasileira nos Estados Unidos, como é refletido nas maneiras pelas quais a família Silva negocia o consumo de bebidas açucaradas. “Minhas filhas adoram bebidas açucaradas. Não temos a ilusão de parar de consumi-las tão cedo. Então, o negócio é consumi-las com moderação, substituindo-as por água sempre que possível”, adicionou Márcia quando concluímos nossa conversa.



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