Infertilidade: Tratamentos

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 JAN/13 – pág. 49

Na última edição da nossa coluna “Saúde da Mulher”, nós abordamos o tema da infertilidade, incluindo a sua definição e como se faz o diagnóstico. Nessa edição, nós vamos discutir as diferentes opções de tratamento.


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Uma vez diagnosticada a infertilidade e a sua causa, os casais têm várias opções de tratamento. O médico e o casal devem estabelecer um plano de tratamento, usando primeiro as técnicas que são consideradas menos invasivas e mais simples. Como o diagnóstico de infertilidade carrega consigo uma carga emocional muito grande, é comum a vontade de partir diretamente para os tratamentos mais sofisticados e caros, como a Fertilização In Vitro, almejando alcançar a tão esperada gravidez mais rapidamente. Porém, outros tratamentos menos agressivos, como inseminação artificial e cirurgia, também podem ser excelente escolha, dependendo da causa da infertilidade.

 

Opções de Tratamento:

Medicações

Se a infertilidade estiver sendo causada por distúrbios hormonais que estejam levando a anovulação, como por exemplo a síndrome dos ovários policísticos, existem medicações que podem induzir a ovulação. Também, quando a anovulação está sendo causada por distúrbios da glândula tireoide, como o hipotireoidismo, ou distúrbios da hipófise, como a hiperprolactinemia, existe a possibilidade de se usar outras medicações que resolvam essas alterações hormonais, colocando o sistema reprodutivo novamente em ordem.

Além disso, os indutores da ovulação, como o citrato de clomifeno, também podem ser usados em casos de infertilidade sem causa aparente. Nesses casos, essa medicação é usada em conjunto com a inseminação intrauterina.

 

Inseminação Intrauterina

Se a infertilidade está sendo causada por fator masculino leve ou moderado, incluindo baixa contagem ou motilidade do esperma, pode-se colocar o esperma dentro do útero, facilitando que eles cheguem até o óvulo.

Nesse procedimento, uma amostra concentrada de esperma, depois de um processo de preparação especial, é colocada dentro do útero com o auxílio de um cateter, em um momento oportuno do ciclo menstrual, momentos antes da ovulação. O procedimento é muito simples e, na grande maioria das vezes, não há dor alguma.

 

Cirurgia

Se a infertilidade está sendo causada por um bloqueio nas trompas, endometriose, aderências pélvicas, malformações congênitas do útero ou cistos ovarianos, cirurgias específicas para esses tipos de problema podem ser indicadas. Os dois tipos mais comuns de cirurgia são a laparoscopia e a histeroscopia. Essas cirurgias são minimamente invasivas e têm baixo risco. Algumas vezes, a cirurgia pode ser mais extensa, requerendo uma laparotomia. Vale lembrar que, em algumas situações, a cirurgia (principalmente a laparoscopia) pode também ajudar no diagnóstico de infertilidade, como no caso da endometriose.

 

Técnicas de Reprodução Assistida

Quando infertilidade é causada por fator masculino severo, bloqueio das trompas, ou quando outros tratamentos não obtiveram sucesso, procedimentos sofisticados de reprodução assistida como a Fertilização In Vitro ou a Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide podem ser utilizados. Nesses casos, depois que a produção de vários óvulos é induzida com o auxílio de medicações especiais (gonadotrofinas), os mesmos são retirados dos ovários da mulher e fertilizados com o esperma do marido, utilizando-se técnicas de manipulação e micromanipulação de gametas. Posteriormente, os embriões obtidos são transferidos para o útero da mulher, através de um procedimento simples, ambulatorial.

 

Doação de gametas

Nos casos em que a qualidade do óvulo não é apropriada (muitas vezes causada pela idade da mulher) ou quando não há óvulos ou esperma, os casais podem usar gametas doados. Existem bancos de esperma, bancos de óvulos e agências de doadoras. Essas opções são bastante seguras, difundidas e usadas nos Estados Unidos. A doação de esperma requer o uso da inseminação intrauterina e a doação de óvulos requer o uso de técnicas de reprodução assistida.

 

As possibilidades de sucesso

Todos os tratamentos de infertilidade têm as suas taxas de sucesso diretamente relacionadas a dois fatores básicos: a idade do casal (principalmente a idade da mulher) e a severidade da causa de infertilidade. Por exemplo, as taxas de sucesso em mulheres acima dos 40 anos de idade são em média quatro vezes menores do que em mulheres mais jovens.

De maneira geral, aproximadamente 35% dos ciclos de Fertilização In Vitro resultam em um bebê, e essa taxas aumentam para mais de 50% em casos em que há um  bom prognóstico (por exemplo, infertilidade causada por bloqueio tubário em mulher jovem).  Quando a Inseminação Intrauterina é utilizada, as taxas de sucesso dependem muito das indicações para o procedimento, e cada caso deve ser avaliado individualmente.

Durante a rotina do tratamento, é importante estar atento para os termos utilizados que se relacionam às taxas de sucesso. As taxas de gravidez indicam os casos em que se obteve um teste de gravidez positivo. Mas isso não é tudo: infelizmente, depois de se obter uma gravidez, alguns casos resultam em abortamento espontâneo. Portanto, a definição mais importante é a taxa de nascidos vivos (a probabilidade que o tratamento de infertilidade levará ao nascimento de um bebê saudável).

Invariavelmente, as taxas de sucesso são médias nacionais e obtidas através de estudos direcionados a tratamentos específicos ou através da avaliação de bancos de dados nacionais e internacionais. É comum não se levar em consideração o número de tentativas utilizadas em cada caso, e isso pode afetar a avaliação final dos resultados.

Vale lembrar também que quase todos os tratamentos para infertilidade aumentam o risco de se ter uma gravidez múltipla e o risco para uma gravidez ectópica (fora do útero). Portanto, acompanhamento médico adequado é necessário, mesmo depois do final do tratamento para a infertilidade.

Finalmente, algumas mudanças de hábitos também podem contribuir para a melhoria das taxas de sucesso, como por exemplo: parar de fumar, não consumir bebidas alcoólicas, beber café com moderação e manter peso corporal adequado.

 

Custos do Tratamento

Os custos dos tratamentos de infertilidade são altos, principalmente, quando as técnicas de reprodução assistida têm que ser utilizadas. Nesses casos, o custo médio é de $ 10,000 a 12,000 por um único ciclo, e a maioria dos seguros de saúde não oferece cobertura para esses tipos de tratamento. Felizmente, não é sempre que se necessita da fertilização in vitro. A inseminação intrauterina é bem mais em conta, custando ao redor de $1,000 por tentativa. As cirurgias, na maioria das vezes, têm cobertura oferecida pelos planos de saúde.

Para terminar, casais com infertilidade não devem minimizar o impacto emocional da infertilidade e dos seus tratamentos. Essas são situações extremamente difíceis para o casal, pois o investimento emocional, de tempo e financeiro são muito altos. É sempre importante ter um grupo de apoio (amigos, outros casais com infertilidade, grupos de ajuda) para poder ventilar e discutir experiências, e vale lembrar que a ajuda de  profissionais que atuem na área de saúde mental pode valer a pena.

Celso Silva, M.D.;M.S.
Center for Reproductive Medicine
celso.silva@integramed.com
407-740-0909



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