Um possível culpado em ataques cardíacos precoces, segundo publicação da Harvard Medical School

Um possível culpado em ataques cardíacos precoces, segundo publicação da Harvard Medical School

Você já ouviu falar de alguém de meia idade que estava em forma, nunca fumou, nível normal de colesterol, mas, ainda assim, teve um ataque cardíaco? Muitas pessoas conhecem alguém que se encaixa nesse perfil

Edição de outubro/2018 – p. 31

Pesquisadores da Harvard Medical School acreditam que o culpado pode ser a presença de altos níveis de lipoproteína (a) ou Lp (a) no organismo, uma variante do conhecido LDL colesterol ou “colesterol ruim”. As partículas de Lp (a) são LDL com uma proteína extra-anexada à sua estrutura. “Essa proteína faz com que essas partículas invadam as paredes das artérias de forma mais agressiva do que a partícula de LDL normal”, explica a cardiologista Donna Polk, professora de medicina da Harvard Medical School. Como resultado, pessoas com altos níveis de Lp (a) são mais propensas a acumular depósitos de gordura nas artérias, conhecido como aterosclerose. Isso parece colocá-los em maior risco de bloqueios nas artérias da perna (doença arterial periférica ou DAP) e estreitamento da válvula aórtica do coração (estenose aórtica), além de ataques cardíacos. Os níveis sanguíneos de Lp (a) são quase completamente determinados por fatores genéticos, o que significa que as mudanças na dieta e no estilo de vida não podem influenciar muito o número dessas partículas, se é que o fazem. Segundo alguns especialistas, a Lp (a) alta é o fator de risco hereditário mais comum para doença cardíaca precoce. Então, por que os médicos não a testam rotineiramente?

Em primeiro lugar, porque a prevalência exata da Lp (a) elevada na população geral é desconhecida, embora cerca de 20% das pessoas possam ter níveis preocupantemente altos, de acordo com a Lipoprotein (a) Foundation. Segundo, por causa das grandes variações nos procedimentos e nos padrões de exames da Lp (a), fica difícil definir o que constitui um nível “alto” e isso não está ainda totalmente claro, diz a Dra. Polk. Em geral, os níveis de Lp (a) abaixo de 50 miligramas por decilitro (mg/dl) não são considerados especialmente altos. No entanto, pessoas com leituras de três dígitos (100 mg/dl e superiores) podem ter uma doença cardíaca potencialmente agressiva, diz ela. Mas a principal razão pela qual testes difundidos não fazem sentido é que ainda são poucos os tratamentos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), que já comprovaram reduzir o risco de doenças cardíacas entre pessoas com Lp (a) alta. Fármacos injetáveis para baixar o colesterol, conhecidos como inibidores da PCSK9, tais como o evolocumab (Repatha) ou o alirocumab (Praluent), podem reduzir a Lp (a) em cerca de 30%. Mas outra pesquisa sugere que uma queda muito maior nos níveis de Lp (a) pode ser necessária para prevenir ataques cardíacos e outros eventos graves.


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Quem deve ser testado?

Ainda assim, verificar os níveis de Lp (a) pode ser apropriado para certas pessoas, especialmente aquelas com histórico familiar de doença cardíaca precoce que, de outra forma, não parecem candidatas a um ataque cardíaco. Como, por exemplo, não apresentam nenhum dos fatores de risco tradicionais para doenças cardíacas, como diabetes mellitus ou LDL colesterol alto, diz a Dra. Polk. Ela e outros especialistas consideram o teste de Lp (a) – que deve ser solicitado por um médico – para dois grupos de pessoas:

  • pessoas que têm pai, mãe, irmã ou irmão que desenvolveram doença cardiovascular (incluindo um ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, doença arterial periférica ou DAP ou estenose aórtica) em idade precoce (55 anos ou menos para homens, 65 anos ou menos para mulheres), apesar de terem níveis normais de LDL colesterol;
  • pessoas com doença cardíaca que têm níveis normais (não tratados) de LDL, HDL e triglicerídeos.

Para pessoas com Lp (a) elevada, Dra. Polk prescreve frequentemente estatinas e doses baixas de aspirina, mesmo que os seus valores de LDL sejam apenas ligeiramente elevados. “Nós tentamos ser muito agressivos no tratamento do risco geral de doença cardíaca destas pessoas, o que inclui seguir uma dieta baseada em vegetais e fazer exercícios físicos regularmente”, diz ela. Descobrir que você tem alta Lp (a) pode ser frustrante porque não há uma intervenção direcionada, acrescenta ela. Mas vários ensaios clínicos que testam novas abordagens para o tratamento da Lp (a) alta estão atualmente em andamento.

Fonte: www.news.med



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