Tuberculose: o que você tem a ver com isso?

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AGO/13 – pág. 64 e 65

Mycobacterium tuberculosis
Mycobacterium tuberculosis

A tuberculose, que poderia ser apenas uma lembrança ruim é, nos dias de hoje, ameaça concreta. Ela ainda é um sério problema de Saúde Pública no Brasil e no mundo. Com profundas raízes sociais, está intimamente ligada à pobreza e à má distribuição de renda, além do estigma que implica na não adesão dos portadores e/ou familiares. O surgimento da epidemia de AIDS e o aparecimento de focos de tuberculose multirresistente agravam mais o problema. O surgimento da AIDS inaugurou novo capítulo da tuberculose em todo o mundo, sendo ela a principal causa de óbito nas pessoas HIV+.


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Durante as últimas décadas, ela deixou de receber atenção, pois se acreditava que ela não se desenvolvia como nos últimos 50 anos. A indústria farmacêutica deixou de investir em novos antibióticos porque parecia não haver mercado para isso. Hoje, vemos que a tuberculose não é algo dos tempos românticos e não é problema exclusivo dos países pobres. O mundo todo está diante de uma nova ameaça complexa: a tuberculose multirresistente (MDR). Ela ocorre quando a pessoa abandona o tratamento e o bacilo torna-se resistente aos antibióticos. Há algo ainda pior: a tuberculose extremamente resistente (XDR). Nesse caso, o bacilo resiste à maioria das drogas. Começam a aparecer casos de XDR em todos os países.

A erradicação da tuberculose parece meta ainda distante de ser alcançada. Todos os anos, cerca de 9 milhões de pessoas são infectadas pela doença, e o número de óbitos chega a 2 milhões. A fim de chamar a atenção para o problema, em 1982, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a União Internacional Contra Tuberculose e Doenças Pulmonares lançaram o dia 24 de março como o Dia Mundial da Tuberculose. A data remete à descoberta, cem anos antes, do bacilo causador da doença pelo médico alemão Robert Koch.
A tuberculose é causada pelo bacilo de Koch, Mycobacterium tuberculosis, que pode atingir todas as partes do corpo – mas, em 80% dos casos, o pulmão é o principal afetado. Assim como o vírus do HIV, a tuberculose enfraquece o sistema imunológico e os bacilos da doença multiplicam-se rapidamente.

O tratamento é lento e utiliza medicamentos criados na década de 60. Só agora, depois de 50 anos, surge uma nova esperança para os pacientes de tuberculosos: “bedaquiline”, que atua até mesmo nas bactérias mais resistentes. O medicamento foi aprovado em janeiro, nos Estados Unidos, pela agência norte-americana que regula alimentos e medicamentos, a FDA. Passados 50 anos da criação do primeiro medicamento contra a tuberculose, surge esse novo tratamento que promete trazer esperança a milhões de pessoas infectadas.

tuberculosePara o médico Tom Schaberg, professor e membro do DZK, Comitê Alemão da Luta contra a Tuberculose (fundado em 1895 – quando a tuberculose era doença comum na Alemanha – e, atualmente, umas das organizações mais influentes no assunto), a nova droga ainda não pode ser considerada descoberta revolucionária, mas sim, um novo mecanismo de ação. “É um grande passo para o tratamento da tuberculose. Essa nova droga vai atuar onde ainda há resistência a outros medicamentos”, afirma Schaberg, pois ela inibe a produção de uma enzima importante para o ganho de energia das microbactérias e, assim, elas morrem. O medicamento funciona até mesmo em bactérias ultrarresistentes que já desenvolveram mecanismos de defesa contra a maioria dos antibióticos.

O objetivo da pesquisa é reduzir o tempo de tratamento que, atualmente, dura cerca de seis meses. “Diminui-lo para três ou quatro meses seria um grande passo”, diz Schaberg. O importante é que se pode combinar o “bedaquiline” com as substâncias já utilizadas no mercado, pois, para que a doença não desenvolva resistência, a tuberculose é sempre tratada com um grupo de medicamentos diferentes. Como existe uma variedade super-resistente dos agentes da tuberculose, o paciente precisa continuar o tratamento com uma segunda linha de medicamentos por um período de dois anos. Oliver Moldenhauer, da organização Médicos Sem Fronteiras, afirma que nesses casos o “bedaquiline” pode dar uma contribuição importante. “Esperamos que seja um marco no tratamento, mas isso só se poderá afirmar com o tempo. A droga ainda foi pouco usada e, por enquanto, não dá para dizer que seja um marco no tratamento da tuberculose”.

A nova droga foi desenvolvida após um trabalho conjunto entre ONGs, uma empresa farmacêutica norte-americana e a TB Alliance (associação composta pela Organização Mundial da Saúde), a Fundação Bill e Melinda Gates e outras ONGs. Nas últimas décadas, a associação tem se dedicado à luta contra a doença e o dinheiro coletado é depositado em um fundo internacional de prevenção à tuberculose, AIDS e malária. O apoio ao desenvolvimento desse novo medicamento contra a tuberculose, de acordo com Schaberg, foi realizado com a condição de que a droga seja oferecida a preços reduzidos em países com poucos recursos financeiros.

O Food and Drug Administration (FDA) aprovou a nova medicação da Johnson & Johnson para tratar uma forma de tuberculose resistente, incomum nos EUA, mas que está crescendo globalmente, principalmente em países subdesenvolvidos. O medicamento é conhecido como Sirturo e irá tratar pacientes com tuberculose multirresistente. O Sirturo, também conhecido como “bedaquiline”, não deve gerar muitos lucros para a Johnson & Johnson, uma vez que a doença é predominante em países pobres, incapazes de suportarem os preços elevados do tratamento. O medicamento faz parte de um compromisso da empresa em avançar em medicamentos inovadores que ajudem a tratar graves problemas de saúde pública. Por enquanto, o novo medicamento está liberado apenas nos Estados Unidos. Em casos excepcionais, pode ser usado na Alemanha – mediante solicitação às autoridades. O medicamento é apenas para pacientes em situação crítica.

Causa
pulmaoA tuberculose é causada por uma infecção por Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). A transmissão da tuberculose é direta, de pessoa para pessoa, portanto, a aglomeração de pessoas é o principal fator de transmissão. A pessoa com tuberculose expele, ao falar, espirrar ou tossir, pequenas gotas de saliva que contêm o agente infeccioso e podem ser aspiradas por outro indivíduo contaminando-o. Má alimentação, falta de higiene, tabagismo, alcoolismo ou qualquer outro fator, que gere baixa resistência orgânica, favorecem o estabelecimento da tuberculose.

Sintomas
Alguns pacientes não exibem nenhum indício da tuberculose, outros apresentam sintomas aparentemente simples que são ignorados durante alguns anos (ou meses). Contudo, na maioria dos infectados com tuberculose, os sinais e sintomas mais frequentemente descritos são:

  • tosse seca contínua no início, depois com presença de secreção por mais de quatro semanas, transformando-se, na maioria das vezes, em uma tosse com pus ou sangue;
  • cansaço excessivo;
  • febre baixa – geralmente à tarde;
  • sudorese noturna;
  • falta de apetite;
  • palidez;
  • emagrecimento acentuado;
  • rouquidão;
  • fraqueza;
  • prostração.
  • Os casos graves de tuberculose apresentam:
  • dificuldade na respiração;
  • eliminação de grande quantidade de sangue;
  • colapso do pulmão;
  • acúmulo de pus na pleura (membrana que reveste o pulmão). Se houver comprometimento dessa membrana, pode ocorrer dor torácica.

Tratamento
É feito à base de antibióticos. É muito importante que, após iniciado o tratamento, ele não seja abandonado. A cura da tuberculose leva seis meses, mas, muitas vezes, o paciente não recebe o devido esclarecimento e acaba desistindo antes do tempo. Para evitar esse abandono, é importante que o paciente seja acompanhado por equipes com médicos, enfermeiros, assistentes sociais e visitadores devidamente preparados.

Elaine Peleje Vac
elaine@nossagente.net
(Médica no Brasil)
Não tome nenhum medicamento sem prescrição médica.
Consulte sempre o seu médico.

 



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