Revelações secretas de Humberto Martins

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MAR/2017 – pág. 54

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Nessa edição especial de aniversário o “Jornal Nossa Gente” traz entrevista exclusiva com o ator Humberto Martins, que integra o elenco na próxima novela da Globo, “A Força do Querer”. Ele fala de seu personagem, Eurico, e da paixão pelo golfe

O notável Humberto Martins, que despertou a paixão de mulheres em todo o Brasil, e mesmo nos Estados Unidos, com seu físico privilegiado, voz marcante e interpretação memorável está de volta às novelas em “A Força do Querer”, nova trama de Glória Perez, na Globo, com estreia marcada para o dia três de abril. Ele vai viver um empresário conservador, extremamente impulsivo que será surpreendido pelas atitudes da esposa, entre outros acontecimentos que prometem apimentar a história. Sem dúvida um desafiante exercício de interpretação que o ator celebra ao longo dos seus 30 anos de carreira.


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Os inesquecíveis personagens que viveu, marcaram a dramaturgia televisiva, com cenas incríveis, a exemplo do personagem João dos Santos, em “Barriga de Aluguel”, assinada por Glória Perez, entre outros destaques incluindo “Sinhá Moça” e a minissérie “Amazônia”. A equipe do “Jornal Nossa Gente” conversou com Humberto Martins, no Rio de Janeiro, em meio às gravações da novela “A Força do Querer”, oportunidade em que ele falou com exclusividade sobre seu personagem, Eurico, um empresário conservador e ríspido. A paixão pelo golfe.

Jornal Nossa Gente – Seus personagens são marcantes e cativam o público que acompanha novelas. Qual a surpresa desta vez, na trama assinada por Gloria Perez?

Humberto Martins – A Gloria Perez é uma autora que sempre traz temas polêmicos na área política, social e nas adversidades, com relação a certas coisas que vêm ocorrendo no mundo. É uma característica da autora trazer isso à tona. A novela comporta vários núcleos, e no meu núcleo a autora traz o protagonismo de uma família, onde eu faço um empresário do ramo de alimentos, um sujeito muito sério, honesto e trabalhador. Um homem de esforços, da realidade, mas controlador. O Eurico é conservador e extremamente ríspido, que chega a doer. Ele é casado com uma mulher viciada em pôquer. E isso, futuramente, vai abalar a estrutura financeira da sua família. O seu irmão de confiança, seu braço direito na empresa, pede para sair aos cinquenta anos porque quer realizar uma aventura pessoal. E isso deixa a empresa sem um braço, o que para Eurico é prejudicial nessa altura de sua vida. Ele tem dois filhos e prepara um dos garotos para trabalhar na empresa, mas o rapaz não tem estrutura alguma para assumir o lugar do tio. Já a sua sobrinha, filha do irmão, está no conflito principal porque ela cresce em uma situação que a leva a ser transgênica. O empresário não aceita a situação e isso gera conflitos por ele ser extremamente radical.

JNG – E para você, enquanto ator, um exercício fenomenal, pois terá a oportunidade de exercitar os extremos do conservadorismo, não é verdade?

HM – Nos meus trinta anos de carreira, depois de ter feito um empresário da área de cosméticos na novela ´Totalmente Demais´ (exibida recentemente), em ambiente de beleza e totalmente liberal, ligado à felicidade. O personagem tinha problemas com a mulher, mas tudo era tranquilo. São essas diferenças de situações que nos dá o crescimento como ator. São os desafios a serem encarados. E quando me chamaram para fazer a novela (A Força do Querer) eu falei: poxa, outro empresário. Mas conversando com o diretor Rogério Borges e com a Glória Perez, durante uma reunião de elenco, fiquei sabendo o teor da história de meu personagem e me entusiasmei muito. Falei comigo mesmo: bacana, vou ter que incorporar esse cara inescrupuloso, radical e ríspido. Ele não tem papas na língua e fala coisas absurdas. Estou gravando a novela aqui no Rio, já gravamos dezoito capítulos e a novela estreia dia três de abril. Isso é muito enriquecedor, desafiante.

JNG – Algumas pessoas confundem a realidade com a ficção, e, neste contexto a Glória Perez levanta a questão polêmica da transexualidade, e seu personagem vai tocar na caixa de marimbondos ao afrontar opiniões.

HM – Perfeito. A história traz uma divisão muito em cima da questão, e a resposta que o público vai ter diante das atitudes do meu personagem, da sua mulher, dentro do núcleo ainda é uma incógnita. O empresário segura tudo nesse conflito, com a mulher jogando cada vez mais, e mesmo assim ele não se separa. Mas sinto que a autora protege o personagem de alguma maneira.

JNG – No auge dos seus trinta anos de carreira, você foi considerado galã, seduziu mulheres com seu físico privilegiado e olhar sedutor. Os seus personagens agora são mais densos e isso retrata a maturidade de sua carreira, você concorda?

HM – Isso se deu há dez anos quando eu comecei a dirigir o foco do meu plano de carreira dentro dessa conjectura, de personagens mais densos, polêmicos, que trazem uma responsabilidade maior no que se refere à temática das histórias. Foi uma virada necessária. A televisão é algo muito popular e a sua voz, seu corpo atlético era uma necessidade a ser explorada comercialmente, no Brasil e fora. Mas passada fase, a gente vai amadurecendo enquanto ator, através da direção e dos autores, então renasce um novo ator. E vão acontecendo os personagens mais densos e, quanto a isso, tive uma projeção e uma mediação de carreira propositada e bem utilizada no contexto da dramaturgia.

JNG – O saudoso Paulo Autran confessou certa vez, durante entrevista, que sentia um vazio ao se despojar de seus personagens. Essa transição de personagens traz realmente essa sensação de perda, digamos assim, de vazio interior? Você sente isso?

HM – Muito inteligente a sua pergunta e muito interessante de responder. Saúdo já o Paulo Autran por ter trabalhado com ele. É necessário que o ator faça uma escola de teatro ou faculdade de teatro. Eu vim de uma escola de teatro, não vim do meio da moda, para depois ir para o meio artístico. Eu fazia trabalhos publicitários, fotos para pagar a faculdade de artes cênicas. Isso nós aprendemos, está nos livros dos grandes mestres como Stanislavski, Grotowiski, que sabem o que acontece nos seus estudos de experimentos com o ator. A sua vida tem outras considerações, diferente do personagem que você está vivendo no dia a dia. E nós temos gravações diárias da novela, durante oito horas, e mais algumas horas em casa porque eu tenho que estudar o meu personagem, na íntegra, para poder entendê-lo. Isso se dá a um processo que nós chamamos de esquizofrenia momentânea. E ela só se processa no set de gravação, ou no set de filmagem. Mas você precisa ter a integridade de trinta por cento de si próprio para ter o domínio das ações de seu personagem, a ponto de entender que é uma interpretação, não viver com intensidade o tempo inteiro. Nós utilizamos memórias de emoção no momento em que estamos em cena. Nos instantes de alegria ou de tristezas do personagem, recorremos a essas memórias para evidenciar o que ele está sentindo naquele instante. Tem ainda as cenas de calor humano, de envolvimento do personagem com o sexo, nas situações complicadas de discussões. Depois disso, temos que dar um passo a frente e ir deletando as memórias que deram verdade à interpretação. E alguns se perdem no meio do caminho porque eles se confundem com isso. É muito sério. E o vazio que o Paulo Autran se referiu, é o vazio de ter acabado um trabalho, de você ter feito as cenas com empenho, então dá saudade.

JNG – Para um pai emotivo, como é ficar longe da filha, que se casou e que hoje reside em Orlando. Bate a saudade?

HM – Sou muito família e não queria os meus filhos longe de mim. Queria todos embaixo das minhas asas. A Thamires ficou muito encantada, aos oito anos de idade, quando a levei à Disney. Ela assistia todos os desenhos da Disney, e quando eu queria levar a minha filha para passear em outro lugar, ela não queria, pedia, por favor, para ir à Disney. Estudou inglês desde criança, depois se tornou adolescente. Ela sempre teve uma admiração pelos Estados Unidos, pela cultura do país. Foi várias vezes a Orlando, depois começou a namorar, se casou e foi viver em Orlando com a família. Temos uma conexão muito forte. Hoje tenho dois netos maravilhosos. E depois das gravações da novela, lá pelo mês de novembro, vou a Orlando para ver minha filha e os meus netos.

JNG – Você tem uma paixão especial pelo golfe. Um golfista convicto, não é mesmo?

HM – Jogo muito golfe, pelo menos duas vezes por semana. Comecei a praticar o golfe aqui no Brasil e foi até interessante porque a Confederação Brasileira de Golfe com a representante americana, aqui no Brasil, resolveram buscar uma personalidade influente no Brasil, que divulgasse o golfe no Brasil. Essa personalidade fui eu, há dezenove anos. Então entrei forte na confederação brasileira e na entidade americana, no Brasil, praticando o golfe e interagindo com importantes competições e grandes marcas como Mastercard. Gostei muito porque conheci pessoas notáveis, fiz amigos. É um esporte de cavalheiros porque você não discute com o seu parceiro, não joga contra ele. Você joga contra si mesmo. Gosto de jogar e participei de campeonatos, e é prazeroso praticar golfe. Eu, inclusive, trouxe outras personalidades para o golfe, escolhidas com muito critério. É um esporte saudável, um ambiente familiar. Eu acabei me apaixonando pelo esporte que é maravilhoso. Um esporte que exige determinação, você não pode ter insegurança. A concentração que tenho no estúdio de gravação, o golfe também exige essa concentração em cada jogada, o que é extremamente importante.


WaltherAlvarenga

Walther Alvarenga



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