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Quando nossos pais se tornam nossos filhos
Edição de junho/2018 – p. 38
Quando nossos pais se tornam nossos filhos
“Você é minha mãe ou minha filha?”, perguntou-me minha mãe e, por várias vezes, chamou-me de “mãe.” Alguns dias foram melhores do que outros: nos bons, sabia o meu nome e quem eu era; em outros, parecia mais ausente. Frequentemente, dia ou noite, acordada ou quase dormindo, chama pela mãe! O que acontece em sua mente?
Todos nós, mais cedo ou mais tarde, teremos que aceitar nossa vida atual e a pós-vida (para aqueles que acreditam). Essa etapa transitória é difícil para todos.
De repente, decidi visitar minha mãe em Portugal, com medo de perder mais uma oportunidade (geralmente visito-a nas minhas férias que são planejadas antecipadamente). Minha mãe nunca quis emigrar como eu. Depois, já idosa, quis; mas mudou de ideia outra vez.
É um mistério como o ser humano consegue viver tantos anos e chegar ao ponto em que necessita dos mesmos cuidados de um bebê. É bom poder cuidar e saber que minha mãe está sendo bem cuidada. Mas é sempre muito difícil deixá-la. Desta vez, mais ainda. Voltar a Portugal, um dia, depois de sua partida, vai ser muito estranho para mim. No entanto, tenho a certeza de que os amigos e Deus me ajudarão.
Não sei como fazem aqueles que não acreditam na vida eterna. Eu tenho a esperança de voltar a ver o meu pai, meus avós, tios e amigos que já partiram. Confesso que acredito que encontrarei até os meus cães e gatos.
São Pedro, na sua segunda carta, fala-nos sobre o céu e a terra prometidos e da importância de viver uma vida com “graça.” De alguma maneira, para nossa sanidade mental, emocional e espiritual, temos que entender, definir e colocar isso em prática.
Para mim, neste momento, o que resta é me despedir com muito carinho e sussurros aos ouvidos de minha mãe, falando-lhe sobre a minha gratidão e a minha fé, esperando que ela me entenda. E, como um amigo me aconselhou, tirei muitas fotos no quarto de minha infância.
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