Proteja-se na chegada de furacões e tornados. Você está preparado?

Proteja-se na chegada de furacões e tornados. Você está preparado?

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JUNHO/2015 – pág. 27, 29 e 32

A equipe do “Jornal Nossa Gente” esteve no Centro de Operações em Orlando e conversou com o ex-major do Exército, Manuel D. Soto, responsável pelo sistema de operações preventivas à furacões, tornados, entre outros programas de proteção ao cidadão. Saiba quais os procedimentos durante o impacto desses fenômenos naturais

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Os efeitos de furacões e tornados têm sido devastadores, provocando mortes e causando prejuízos elevadíssimos nas regiões afetadas. A intensidade desses fenômenos destroem casas, alaga cidades e interrompe o fornecimento da energia elétrica, prejudicando o atendimento em hospitais e linhas de metrô, com rajadas de ventos que chegam até 195km por hora, dependendo da sua escala. O furacão Andrew foi um dos mais devastadores ciclones tropicais que atingiram os Estados Unidos em agosto de 1992. Afetou do norte das Bahamas ao sul da Flórida. Na cidade de Miami causou muitos estragos. Ao final produziu mais de 700.000 reivindicações de seguro. Na Flórida, em 2005, o furacão Dennis lesou o estado em 1,5 bilhão de dólares – na categoria 4 -, produzindo sucessivos tornados, deixando aproximadamente 236.000 pessoas sem o fornecimento de energia elétrica. A maré de tempestade de 3,3 m inundaram partes de St. Marks e localidades circunvizinhas. As temporadas com menor atividade ciclônica podem produzir impactos catastróficos em nossas comunidades. Mas como prever a chegada de um furacão? É possível identificá-lo em tempo hábil e evitar o caos?


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Em busca destas respostas o “Jornal Nossa Gente” visitou o “Orlando Operations Center” – Escritório de Gerenciamento de Emergências -, em Orlando, em constante estado de prontidão, e conversou com o major do Exército, Manuel D. Soto, responsável pelo sistema de operações preventivas à furacões, tornados, entre outros programas de proteção ao cidadão. O departamento fornece informações aos moradores da cidade, aos órgãos da prefeitura de Orlando e ao governo do Estado, apresentando planos emergências para lidar com os efeitos dos riscos naturais e provocados pelo homem. Uma operação ininterrupta, que incentiva a preparação da comunidade para as situações catastróficas.

Jornal Nossa Gente – Quais os cuidados essenciais que o Centro de Operações Orlando requer mediante aos fenômenos naturais como furacões e tornados que provocam mortes e causam destruição?

Manuel D. Soto – O nosso trabalho está voltado para a segurança pública e temos quatro funções importantes: o Centro de Operações de Emergências, exatamente aqui onde nos encontramos; o Centro de trânsito, o Centro de Emergência 911 (que atende as chamadas da população), e o Centro de operações computadorizadas, onde temos o controle do sistema de computação e servidores da cidade de Orlando. Temos de garantir a segurança do sistema governamental de Orlando, na execução de suas atividades. E, no caso de furacão, temos que saber, em primeiro lugar, de onde vem a chamada e a partir dai fornecer informações sobre tudo o que está ocorrendo. Aqui, estamos conectados com a polícia, com o corpo de bombeiros, com as obras públicas, os parque recreativos, enfim, dispomos de funcionários altamente preparados para responder às situações de catástrofes e orientar a todos sobre os procedimentos essenciais para lidar com o desastre. O meu trabalho é direcionar a operação tática e garantir que a energia elétrica, no caso de interrupção, seja restabelecida cem por cento em Orlando. Temos aqui um representante de cada departamento da cidade de Orlando. Trabalhamos em conjunto com a cidade e o estado. Temos uma linha de comunicação estabelecida com as autoridades.

JNG – No caso de uma emergência nesse porte, quem primeiro é informado, autoridades locais ou autoridades do governo? E qual o tempo hábil para isso?

MDS – Estamos monitorando as áreas de risco e, no caso da aproximação de um furacão pela costa Oeste, por exemplo, informamos as autoridades 96 horas antes do impacto potencial. Caso o furação se desloque para o Atlântico, a operação emergencial fica suspensa, temporariamente. Agora, se o fenômeno persiste, teremos 72 horas para agir, e, no caso de o perigo continuar, teremos 46 horas para colocar em prática a operação de emergência antes do impacto. Cada departamento cumprirá com a sua função. O departamento de comunicação ficará incumbido de contatar os cidadãos, alertando-os sobre o perigo. Os demais setores ameaçados também serão avisados, como as escolas, departamentos públicos, shoppings, aeroportos, enfim, a população e as autoridades serão orientadas quanto aos procedimentos necessários. E tudo deverá ocorrer 24 horas antes da hora de impacto. Neste período estaremos em contato simultâneo com todos os setores em alerta. E a população deve colaborar, fazer a sua parte, mesmo em cidades vizinhas. Temos hoje um contingente expressivo de pessoas que moram fora de Orlando e que vêm trabalhar aqui”.

JNG – E possível prever os chamados desastres naturais?

MDS – No caso do furação sim, é possível realizar um trabalho emergencial com antecedência. Agora, no caso de tornado e tormenta, com tempestades elétricas (raios), não é possível prever porque são fenômenos que surgem do inesperado. Mas estamos preparados para agir e definir as ações a serem tomadas nesses casos. Também estamos preparados, por exemplo, caso aconteça o desabamento de um edifício ou a queda de um avião. Temos recursos necessários para responder a essas necessidades. Estamos conscientes do inesperado e, caso eles ocorram, vamos estar operando um duas horas, após a fatalidade. Temos pessoas capacitadas para responder as essas emergências e dispomos em nosso edifício de duchas para o banho, dois geradores para capacitar os trabalhos com quatro mil galões de diesel. Um gerador que poderá operar até 96 horas e um tanque com três mil galões de água em nosso baseman. Podemos restabelecer a energia em dois pontos diferentes – Norte e Sul -, para garantir o funcionamento de nossos equipamentos. Durante o dia temos 53 pessoas trabalhando ininterruptamente no nosso centro de operações, e à noite 23 pessoas mantém-se apostas. São 24 horas de trabalho. O nosso centro de atendimento à população -911-, mantém-se operante todo o tempo. O meu telefone está disponível 24 horas, como os telefones dos demais profissionais que aqui trabalham. Estou pronto para atender qualquer solicitação de emergência, não importa a hora.

JNG – A cidade de Orlando é relativamente tranquila na questão de furacões e tornados?

MDS – Sim, mas quaisquer incidentes que ocorram em Orlando e que requer a coordenação de vários departamentos da cidade ou do Condado e mesmo do governo, somos acionados e temos de coordená-lo. Temos a estrutura necessária para essa operação.

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JNG – Quais os pontos de alerta na Flórida?

MDS – O nosso trabalho de monitoramento está concentrado em Orlando, especificamente. Agora, não há como detectar a passagem de um furacão ou tornado, seja em que ponto for da Flórida. Mas quem recebe o maior impacto é a população. E se o fenômeno for de grande escala a população irá sofrer o impacto, então haverá perdas de vidas. Seja um fenômeno de grande proporção ou pequeno, se vier impactar com a Flórida, o resultado será catastrófico porque temos muitas pessoas vivendo nas cidades costeiras e nos grandes centros. Temos aqui muitos lagos e as pessoas residem à margem dos lagos e rios, por ter uma vista bonita, mas que serão lesadas no caso de tormenta repentina. Podemos ter muitas inundações. E na Flórida não temos regiões montanhosas, que poderiam romper com o sistema atmosférico. E a topografia da cidade mudou tanto que as áreas que antes não inundavam, hoje sofrem com inundações, pois o excesso de concreto impede que a água se escoe.

JNG – Qual o método que vocês utilizam para alertar e conscientizar a população?

MDS – Informamos os vereadores do Distrito, os líderes comunitários, além de líderes de outros setores públicos de Orlando para os quais enviamos as informações necessárias que serão repassadas para as respectivas comunidades. Também ministramos palestras com grupos religiosos, grupos cívicos, apresentando informações aos interessados em divulgar o nosso trabalho à comunidade. Através das redes sociais temos página no Facebook e no Twitter. Orlando tem uma população diversa, de aproximadamente 255 mil habitantes, e 1,3 milhões na área da metro Orlando, e 66 mil pessoas que chegam diariamente no aeroporto internacional de Orlando. Temos 900 mil pessoas em trânsito na cidade, que ficam aqui por uma semana, visitando aos parques temáticos ou em conferência.

JNG – Existe algum período específico para o surgimento de furacões ou tornados?

MDS – Quem vive na Flórida tem de estar preparado durante todo o ano. De junho a novembro é um período de furação e, de dezembro a maio, é frio, a temperatura cai e podem surgir muitos tornados nos meses de fevereiro, março e abril. Mas, temos seca nos meses frio e isso pode provocar incêndios florestais.

JNG – Quem mantém, financeiramente, o Centro de Operações em Orlando?

MDS – Este departamento pertence à cidade e o custo operacional é de responsabilidade de Orlando. Mas, se tivermos um acontecimento maior, uma catástrofe de grandes proporções, vamos ter o apoio do condado, apoio federal e estadual.

JNG – Qual a sua formação e quem o designou para esta importante missão?

MDS – Sou major do exército. Eu trabalhei sete anos na infantaria como oficial de comunicação, apoiando a operação tática da infantaria. Mas gostei muito da missão humanitária com o exército, quando trabalhei no comando de controle. Fico agradecido por ter trabalhado em um serviço humanitário que me capacitou no exército. Eu fui deslocado para trabalhar em outros países, inclusive no Iraque. E quando foi aberta uma oportunidade de trabalho no Centro de Operações em Orlando, através do departamento de recursos humanos, eu apliquei para a vaga e fui selecionado. Para ocupar o meu cargo tem que interagir com a polícia, bombeiros, autoridades e a população. É preciso ter senso colaborativo para estar aqui. Em agosto completo três anos de atividades na minha função.

JNG – O senhor é de que cidade nos Estados Unidos?

MDS – Eu nasci em Chicago, mas fui criado em Porto Rico, quando entrei para o exército. Depois voltei para Porto Rico e terminei a minha universidade. Gosto muito da Flórida, pois aqui tive boas oportunidades.

JNG – Para finalizar, qual o recado à população?

MDS – A população de Orlando pode dormir tranquila porque há um aparato de segurança pública em ação. Temos um sistema em constante estado de prontidão para atender qualquer situação de emergência.

Serviço

Website: www.cityoforlando.net/emergency

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Recomendações importantes

Antes do Furacão:

  • prepare um “kit” de emergência (verifique abaixo o que incluir no “kit”);
  • verifique, com antecedência, a validade e a cobertura da sua apólice de seguro;
  • combine antecipadamente com familiares e amigos que vivam em outras áreas da cidade a possibilidade de hospedagem, na hipótese de sua residência estar localizada em região de evacuação;
  • tenha sempre registrado um número de telefone de fora do Estado da Flórida, para comunicação com amigos e familiares;
  • acompanhe permanentemente os noticiários locais;
  • obedeça fielmente às instruções dos órgãos oficiais, transmitidas via rádio/TV/jornais/internet;
  • mantenha sua família informada de todos os acontecimentos e instruções;
  • em caso de alerta de furacão, mantenha dinheiro e documentos acondicionados em bolsas ou embrulhos de plástico, para evitar que sejam danificados por excesso de umidade;
  • em caso de alertas de furacão, mantenha cheia d’água a banheira e outros recipientes de grande volume, para uso comedido durante e após a tempestade;
  • cumpra as determinações de evacuação;
  • informe-se antecipadamente sobre os abrigos públicos mais próximos de sua casa, por meio da página http://floridadisaster.org/shelters/;
  • providencie, com antecedência, um lugar para deixar os animais domésticos (animais domésticos não são permitidos nos abrigos da Cruz Vermelha nem na maioria de abrigos de outras instituições);
  • apare as árvores de sua propriedade – árvores bem aparadas resistem melhor às ventanias;
  • mantenha sempre cheio o tanque de combustível do seu veículo;
  • não instale geradores dentro de sua residência ou em lugar sem ventilação, pois há perigo de explosão, emissão de gás carbônico, entre outros.

Durante e após o furacão:

  • evite sair de casa durante a tempestade, mesmo se sua residência estiver localizada fora de zona de evacuação;
  • não transite por áreas inundadas – além da possibilidade de contrair doenças, ser contaminado, existe o risco, por exemplo, de cabos elétricos partidos estarem em contato até mesmo com simples poças d’água, o que poderia ocasionar acidente elétrico fatal;
  • não saia do abrigo (em caso de evacuação) ou de casa (se não for evacuado) até que as autoridades expressamente o permitam. Segundo o governo do Condado de Miami-Dade, a maior parte dos acidentes ocorre logo após o furacão, por choques elétricos, inundações ou acidentes com detritos, e não durante a passagem da tempestade;
  • não atrapalhe os trabalhos da defesa civil ou da polícia na tentativa de prestar auxílio voluntário sem autorização ou supervisão do agentes públicos envolvidos.

Notas Importantes

  • se você reside em um trailer, é pessoa com deficiência ou é dependente de qualquer tipo de aparelho elétrico, deverá proceder à evacuação do local em qualquer categoria de tempestade tropical ou furacão; e
  • as ordens de evacuação, no caso de sua casa situar-se em zona de perigo, não significam que você está obrigado a viajar para outro Estado. A propósito, as estradas poderão ficar congestionadas, os postos de gasolina poderão não dispor de combustível suficiente, entre outras dificuldades. Portanto, procure abrigar-se, sempre que possível, em casas de amigos ou parentes na região, desde que residam em zonas livres de perigo, ou busque, antecipadamente, informações sobre abrigos oficiais.

Kit de Emergência:

Providenciar quantidade suficiente para o prazo 15 dias:

  • Um galão de água por pessoa, por dia (1 galão = 3.78 litros);
  • Alimentos não perecíveis (exemplo: enlatados, cereais, leite em pó etc);
  • Abridor de latas manual;
  • Rádio ou televisão portátil à pilha;
  • Pilhas extras;
  • Lanterna, velas, fósforos e isqueiros;
  • Em caso de estar sob cuidados médicos, estocar medicamento extra;
  • Protetor solar e repelente;
  • Produtos de higiene pessoal;
  • Utensílios descartáveis (ex: pratos, talheres, copos);
  • Medicamentos e kits de primeiros socorros (incluir: aspirina, cremes para dores musculares, material para curativos etc);
  • Baterias extras para aparelhos celulares; e
  • Lista impressa com números telefônicos e contatos importantes.

OBS: MANTENHA O SEU KIT DE EMERGÊNCIA PRONTO E EM LOCAL DE FÁCIL ACESSO.

Kit complementar:

  • Originais e cópias de documentos importantes, tais como carteiras de identidade, apólices de seguro, escritura da propriedade e inventário dos bens (fotos ou vídeo), hipoteca ou contratos, conta bancária, caderneta de telefone, entre outros (guardar os documentos em proteção plástica, a fim de protegê-los contra a umidade);
  • Dinheiro, cheques e cartões de crédito; e
  • Lençóis e travesseiros, para o caso de sua família dirigir-se a abrigos.

Turistas

Em caso de furacão, contate a gerência de seu hotel para informações sobre planos locais de evacuação.

Assistência do Consulado-Geral em Miami

No site do Consulado-Geral (http://miami.itamaraty.gov.br/pt-br/preparativos_para_a_temporada_de_furacoes.xml), encontram-se informações sobre a rede de assistência disponível à população na Flórida, bem como providências a serem tomadas em caso de furacões.
No caso de ocorrência de furacão, o Consulado-Geral funcionará em regime de plantão de emergência, por meio dos seguintes números telefônicos: (305) 801-6201/ (305) 801-6202. Outros números poderão ainda ser designados no regime de plantão e serão informados à comunidade por meio da página eletrônica do Consulado-Geral e de Boletim da Rede de Brasileiros na Flórida.

Após a passagem do furacão, quando as autoridades locais permitirem o funcionamento da sede do Consulado-Geral, os casos de emergência passarão a ser atendidos, também, pelos seguintes telefones: (305) 285-6251/(305) 285-6208.

Em último e extremo caso, na hipótese de total colapso das comunicações com Miami, igualmente estará disponível o Plantão da Assistência Consular em Brasília, por meio do seguinte número telefônico: + 55 61 9976-8205;

Caso necessário, o Consulado-Geral montará equipe voltada para a localização de brasileiros e eventual contato com seus familiares no Brasil; os contatos da equipe serão então informados à comunidade por meio da página eletrônica do Consulado-Geral e de Boletim da Rede de Brasileiros na Flórida.

Fonte: Consulado Geral do Brasil em Miami

WaltherAlvarenga

Walther Alvarenga



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