Por Rita Pires

Com mais de 70% de votos vindos dos latinos, Barack Obama foi reeleito. Com essa conquista, Obama não tem como deixar de trazer no seu mandato um pouco de esperança a uma população consideravelmente grande.

No dia 29 de janeiro, em sua primeira viagem depois da posse, Obama anunciou seu plano para reformar o sistema imigratório do país. Apesar de não ser ainda uma Lei, esse momento estava sendo aguardado há algum tempo pelos imigrantes nos Estados Unidos. Só o fato de a reforma estar sendo negociada já é motivo de alegria entre os milhares de imigrantes indocumentados.


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Foram apresentados dois projetos: um deles vem do comitê bipartidário; enquanto o segundo, do presidente, anunciado no discurso, em Las Vegas, depois de aclamado pelo público com seu famoso chavão “Sim, é possível!”.

O plano anunciado pelo Comitê dos senadores considera o reforço da segurança nas fronteiras e a punição de empregadores que contratam trabalhadores sem documentos. A grande notícia é que os dois projetos criam a possibilidade de legalização para 11 milhões de pessoas que dependem disso para viver uma vida digna no país.

No primeiro momento, elas receberiam uma espécie de autorização para trabalho temporário, podendo permanecer no país durante este tempo, sem correr o risco de deportação. Mas, para isso, os imigrantes que se enquadram nesse caso terão que, primeiramente, pagar multa e os impostos devidos, bem como não ter antecedentes criminais graves.

Obama foi categórico falando que, se o Congresso não votar a Reforma da Comissão Repartidária em um prazo determinado, enviará a própria proposta de Lei e exigir que ela seja avaliada imediatamente. O Comitê dos Senadores é formado por quatro democratas e quatro republicanos. Números que indicam uma situação inédita: republicanos e democratas defendendo a mesma ideia. É óbvio que a constatação citada no início da matéria, que relata o grande número de latinos apoiando a reeleição do presidente, chama não só a atenção dos democratas, mas também a dos republicanos que começam a perceber a grande parte do bolo perdida. Uma ameaça para as próximas eleições.

Para que a reforma seja aprovada ainda este ano, seus detalhes, com sugestões bem parecidas – tanto do presidente quanto do comitê – devem ser avaliados o mais rápido possível.

Por enquanto nenhum desses planos discute sobre tempo para cidadania, porque, antes de tudo, há a necessidade de certificar-se de que as fronteiras estejam realmente seguras. Ao optar pelos atalhos para chegar ao Green Card ou à cidadania, o presidente do Comitê falou que os imigrantes correm sérios riscos de serem flagrados e acabarem mal.

Referente à questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a Casa Branca defende esse direito, enquanto os conservadores mostraram-se totalmente contrários.

Na questão de prioridades, o Comitê deseja dar os primeiros lugares na fila do Green Card e da cidadania a trabalhadores qualificados, principalmente da área de tecnologia, universitários recém-formados e pessoas que já têm visto.

A Governadora do Arizona, Jan Brewer, está entre os políticos conservadores que se mostraram interessados em aprovar a Lei. Com tantas boas notícias no novo mandato de Obama, agora é só esperar o melhor. Enquanto isso, os filhos de imigrantes indocumentados – que estavam sem perspectivas de ingressar nas faculdades, trabalhar e tirar a carteira de motorista – começaram a receber em casa suas autorizações por intermédio da “Ação Deferida” do presidente, o que significa o começo de um futuro melhor.

 

Depoimentos

Pr Wesley Porto

Pr Wesley Porto

“Junto com participantes do PICO, pude assistir ao primeiro hearing (audiência) do Comitê Judiciário do Congresso dos Deputados Federais. No painel dos debatedores, estavam cerca de 40 Congressistas, metade de cada partido que, de forma apaixonada, às vezes, tensa e até ofensiva, expunham suas opiniões. Foram quase 4 horas de audiência de um trabalho que deverá durar meses e seguirá paralelo ao trabalho do Senado até que um formato de proposta concordante seja terminada e apresentada a todo o Congresso para votação de todos. Saí sentindo o peso da responsabilidade daquelas pessoas e o estresse do debate caloroso em si. Junto com essa experiência, que compartilho abaixo, volto a Orlando decidido a engajar nossa comunidade brasileira, através de todo seu povo, meios de comunicação e suas mais variadas entidades na luta pela legalização dos 11 milhões de indocumentados desse país e que trará um benefício direto sobre a nossa gente, nossos parentes, amigos e irmãos nossos na fé. Vamos precisar de sua ajuda como nunca!”, comentou Pr. Wesley. Esse treinamento específico reuniu 200 participantes de vários Estados, dentre os quais representantes maiores de importantes denominações cristãs.

Wesley seguiu descrevendo os dias junto aos líderes políticos em Washington e fazendo um alerta a toda comunidade. Confira:

“Houve dias que, apesar de exaustivos por termos que andar pelos vários e gigantes prédios do Congresso, foram recompensadores. Os participantes foram divididos por grupos representantes de seus estados a fim de visitarem os seus respectivos Congressistas e Senadores. Nosso grupo de 19 Floridianos foi atrás de uma série de representantes do Estado. Fui junto com uma equipe que conseguiu cobrir 6 escritórios ao todo, tendo andado milhas pelos corredores subterrâneos de ligação dos prédios e horas de espera para sermos recebidos pelos representantes.

Ao final do dia, cerca de 7 da noite, começamos a chegar de volta ao hotel, grupo a grupo trazendo os seus relatórios de cerca de 100 visitas feitas ao todo (esse número representa apenas um sétimo de todos os Congressistas a serem visitados). Quero destacar que a receptividade dos membros do Congresso e do Senado vai desde a mais opositora ideia de qualquer reforma de leis de imigração até a mais entusiástica apoiadora como foi a posição da Congress Woman – Corrine Brown, de Apopka. Ela não só nos recebeu como também nos deu, a partir de sua experiência de 20 anos como Congressista, ideias para nossas próprias campanhas e mobilizações.

Ao visitarmos, finalmente, o escritório de um de nossos Senadores da Flórida, Marco Rubio, extremamente respeitado por todos como um campeão da causa de imigração, aprendemos que, para que uma proposta de reforma imigratória seja apresentada e venha a ser aprovada, ela precisará ser muito bem elaborada e construída de forma a satisfazer as mais opostas posições políticas. Assim, nada pode ser precipitado e meses serão necessários até que uma forma final possa ser apreciada e aprovada. Em outras palavras, há muito, mas muito trabalho mesmo pela frente. Contudo, podemos perceber que, de forma geral, existe boa vontade e interesse para que a reforma, mesmo que não de forma tão generosa, aconteça.

Qual é a nossa parte? A mesma, ou seja, em primeiro lugar, oração e jejum, apresentando a causa de justiça em favor de cerca de 11 milhões de indocumentados a Deus. Segundo: mobilização envolvendo milhares, talvez até milhões de cartas e e-mails como suporte dessa causa; reunião de entidades-chave de nossa comunidade para manifestar aos nossos representantes o nosso desejo; campanhas por telefone pedindo que eleitores contatem seus representantes expressando também seu apoio, entre outras, que compartilharemos em breve.”

 

Guilherme Carvalho

Guilherme Carvalho

“Se eu pudesse descrever o recente acontecimento que envolve minha vida e milhares de outras pessoas, beneficiadas pela Ação Deferida feita pelo presidente Obama, eu diria que fomos extremamente abençoados. Para as pessoas como eu, que vive há anos nos Estados Unidos, aprendendo sua história, assimilando sua cultura, participando de cada acontecimento, esta é uma vitória única. Me sinto honrado pela oportunidade de dividir responsabilidades como trabalhador, que irá beneficiar o país. Sei que não existe nenhum sistema perfeito, mas qualquer governo que procura fazer mais pelo seu povo é um governo a que vale obedecer. Sou grato por morar em uma nação que aceita pessoas de todo tipo e que dá a chance dessas pessoas viverem dignamente. Me sinto abençoado por um país que faz tanto pelo seu povo e pede tão pouco em retorno. Muitas pessoas desejam mais que isso, mas esta experiência tem me feito entender que devemos ser gratos cada dia, cada passo, cada vitória. Através dessa medida, poderei ingressar na faculdade e, futuramente, ajudar minha mãe, beneficiando-a com tudo que puder oferecer. Depois de todo o benefício que tenho recebido, esse é o mínimo que posso fazer.”

Adauto Gomes

Adauto Gomes

O jovem Adauto tem 17 anos e está no seu último ano de High School.

“Quando recebi a notícia que poderia ingressar em uma faculdade e teria uma autorização de trabalho neste país, fiquei extremamente feliz. Essa medida foi um alívio para grande parte de jovens como eu. Os documentos que eu ainda não tinha não seria mais uma barreira para realizar meus sonhos. Esse foi o melhor presente que recebi de Deus este ano.”



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