O peso de uma decisão

O peso de uma decisão

Categorias olímpicas do caratê obrigam a paulista Natalia Brozulatto a definir estratégias para os Jogos Tóquio 2020

O peso de uma decisão

por Luiz Humberto Monteiro Pereira

humberto@esportedefato.com.br

A carateca Natalia Brozulatto sabe bem onde quer estar daqui a 900 dias – no Japão, para disputar as Olimpíadas de Tóquio. Desde a sua primeira conquista – o bronze no katá pela Copa Albino-2001, em Limeira – ao seu feito mais importante – a medalha de ouro no Pan-2015, em Toronto –, a paulista de 27 anos somou mais de uma centena de medalhas. Faixa Preta, 1° Dan, a atleta do Exército Brasileiro atualmente disputa as competições na categoria abaixo dos 68 kg. Essa categoria não está prevista para os Jogos de Tóquio, onde, no feminino, as lutas do caratê feminino terão apenas três categorias: abaixo dos 55 kg, abaixo dos 61 kg e acima dos 61 kg. “Hoje peso 63 quilos e decidi disputar a vaga olímpica na categoria acima de 61 kg. Não é questão de peso e sim de dar certo nessa categoria. Na verdade, é uma questão de escolha mesmo”, explica Natalia, que é formada em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e é casada com o técnico Diego Spigolon, da seleção brasileira de caratê.


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Esporte de Fato – O que achou da inclusão do caratê como categoria olímpica nos Jogos Tóquio 2020?

Natalia Brozulatto – Achei sensacional. O caratê é uma modalidade que vem lutando há muito tempo para estar nas Olimpíadas. Acredito que acontecerá em um momento perfeito, já que os próximos Jogos Olímpicos serão no Japão, berço do caratê!

Esporte de Fato – Como acha que deveria ser a disputa do caratê dentro das Olimpíadas?

Natalia Brozulatto – Hoje o caratê é composto por oito categorias em disputas no masculino e oito no feminino. No feminino, temos kata individual e kata por equipes. Nas lutas por peso, existem as categorias -50 kg, -55 kg, -61 kg, -68 kg, acima de 68 kg e luta por equipes. Nas Olimpíadas de Tóquio, apenas quatro categorias serão disputadas no feminino: kata individual e, nas lutas, abaixo dos 55 kg, abaixo dos 61 kg e acima de 61 kg. O ideal seria que, nos Jogos Olímpicos, as categorias oficiais do Campeonato Mundial fossem mantidas.

Esporte de Fato – Você está acostumada a lutar na categoria até 68 kg e atualmente pesa 63 kg. Para tentar a vaga olímpica em 2020, chegou a pensar se seria melhor perder peso para disputar na categoria abaixo dos 61 kg?

Natalia Brozulatto – Já fui medalhista em várias etapas na liga mundial na categoria acima de 61 kg e também ganhei de várias atletas abaixo de 61 kg. Nunca passei por esse tipo de problema, de precisar perder peso para competir. Muito pelo contrário, em três anos seguidos tive que beber muita água para passar dos 61 kg. Hoje peso 63 kg e estou tranquila na categoria acima de 61 kg, na qual pretendo disputar a vaga olímpica. Vejo de perto meus amigos tendo de perder peso para competir e acho muito difícil passar por essa fase.

Esporte de Fato – Como avalia as possibilidades do caratê brasileiro nos Jogos Tóquio 2020?

Natalia Brozulatto – Se tivermos mais incentivos, chegaremos com chances reais de medalhas. O processo de classificação para os Jogos será muito intenso, mas o Brasil tem atletas com potencial. Acredito no meu parceiro de treino, o piracicabano Hernani Veríssimo, que tem apenas 22 anos. Na categoria abaixo dos 75 kg, ele foi medalhista nos Jogos Mundiais de 2017 e vem mostrando a força do seu caratê no cenário internacional. Além dele, Valeria Kumizaki está no “top 3” do mundo na categoria até 55 kg, Douglas Brose, Vinicius Figueira e Isabela dos Santos também são nomes fortes.

Esporte de Fato – Como se iniciou no caratê?

Natalia Brozulatto – Nasci em Marília, mas ainda era bebê quando nos mudamos para Limeira. Lá, comecei no caratê com nove anos, no clube Gran São João. Com onze anos, mudamos para Iracemápolis, mas continuei defendendo o clube de Limeira. Só saí de lá aos 17 anos, quando fui convocada pela primeira vez para a seleção brasileira e mudei para Piracicaba, onde defendo o Sport Way Piracicaba.

Esporte de Fato – Dos títulos que conquistou, quais considera mais marcantes?

Natalia Brozulatto – Fui campeã nos Jogos Pan-Americanos de 2015, o campeonato mais marcante da minha carreira. Fui medalhista em algumas etapas na Liga Mundial, (Grécia 2012, Alemanha 2013 e França 2014), que também foram campeonatos que têm um registro forte em minha memória.

Esporte de Fato – Onde você treina?

Natalia Brozulatto – Moro em Piracicaba, no interior de São Paulo, e treino na Sport Way, academia que é considerada referência em treinamento de caratê de alto rendimento. Ela pertence ao Diego Spigolon, meu técnico há quase dez anos e meu marido. Ele é um dos técnicos da seleção brasileira de caratê e um estudioso na parte de preparação física.

Foto em destaque: Natalia Brozulatto – Crédito: Jaíne Rodrigues

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