Nossa equipe esteve em Nova York visitando brasileiros

Nossa equipe esteve em Nova York visitando brasileiros

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JAN/16 – pág. 06 e 08

O “Jornal Nossa Gente” conferiu de perto o dia a dia dessa gente destemida, que não brinca em serviço. Homens e mulheres que foram à luta na busca de seus objetivos

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A equipe do “Jornal Nossa Gente” esteve com a Comunidade Brasileira em New York, passando por Mount Vernon e visitando o Condado de Westchester onde se concentra um grande número de emigrantes, levando saudações e os votos de um bom ano. Também foram visitados os brasileiros que residem em New Jersey, ocasião em que o chefe de polícia da cidade de Newark, Anthony Campos, falou da importância do trabalho de segurança que vem sendo desenvolvido naquele município, em combate às drogas, destacando-se a participação de brasileiros. Vale ressaltar que os cidadãos do mundo não param, atuando na construção civil, em lojas e supermercados – baby sitter e housecleaner para as mulheres -, também ocupando cargos importantes como líderes de comunidades. Outro ponto fundamental foi o encontro com o Embaixador do Brasil na cidade de Hartford, Fernando Mello Barreto, que abordou tópicos primordiais, opinando, inclusive, sobre a postura irredutível e desrespeitosa do pré-candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação aos imigrantes.


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Pedro Coelho
Pedro Coelho

Tudo começa bem cedo para quem trabalha na construção civil e que reside em Mount Vernon, em Nova York, com cerca de 70 mil habitantes, considerada cidade dormitório pela falta de atrativos nos fins de semana. Na Padaminas Brazilian Bakery, principal point de encontro de brasileiros,situada na Lincoln Ave, por volta das cinco horas da manhã inicia-se o trânsito de imigrantes seguindo para o trabalho. É um corre-corre interminável. Ali é o ponto fundamental para quem está saindo acompanhado dos patrões ou mesmo para aqueles que se arriscam na possibilidade de algum contratante precisar dos seus serviços. E se há os que têm um destino definido, existe uma parcela considerável,que aposta na chance de emprego. De propriedade do mineiro, Pedro Coelho, da cidade de Governador Valadares, a padaria é um ponto de referência, principalmente para os recém-chegados aos EUA, dispostos a recomeçar a vida. “Os trabalhadores chegam aqui apressados, pegam cafezinho e o pão com manteiga e saem em seguida. É assim todos os dias porque ninguém tem tempo a perder”, relata Coelho. “Têm pessoas que ficam esperando por uma oportunidade de trabalho e até conseguem. Mas nem todos têm essa sorte, então a tentativa fica para o dia seguinte. Aqui também frequentam as famílias de brasileiros vêm tomar o café da manhã nos dias de folga”, complementa.

Outro ponto curioso é que em tempos de inverno, em Nova York, quando a temperatura chega a registrar até cinco graus negativos, os trabalhos na construção civil tornam-se escassos e muitos trabalhadores ficam em casa, realizando as tarefas domésticas, pois as respectivas esposas – baby sitter e housecleaner-, continuam na ativa. “A minha companheira sai cedo para o trabalho e eu fico em casa com as crianças, levo as roupas para a laundry e faço a comida. Quando ela volta está tudo pronto”, relata José Gomes da Silva, pedreiro, da cidade de Poços de Caldas (MG). “No inverno é assim mesmo, os trabalhos param para os homens então é hora de cooperar em casa. É importante dividir as tarefas”, reforça.

Este também é o caso do marceneiro Josemar Veridiano, da cidade de Botelhos (MG), que ajuda a esposa na limpeza de um supermercado durante a noite, em Yonkers. Ele trabalha em uma companhia de carpintaria, chega em casa por volta das cinco horas da tarde, mas às dez da noite está pronto para a segunda tarefa. “A minha esposa – Vera – limpa um supermercado quando ele fecha, por volta das dez horas, duas vezes por semana. Ela leva mais quatro pessoas para ajudar e eu vou junto. O trabalho termina na madrugada. E não tem moleza, não. É um serviço pesado, mas fazer o quê? A gente precisa garantir o dinheiro do aluguel”, fala com entusiasmo.

 Roberto Trevisan
Roberto Trevisan

E se nas cidades que compõem o estado de Nova York as atividades para os imigrantes são intensas, na badalada ilha de Manhattan têm brasileiros na ativa, principalmente no período da noite. Mulheres que atuam como camareiras em hotéis de luxo, garçonetes servindo mesas em bares badalados, rapazes que são DJs, animando a noite dos americanos, motoristas particulares, enfim, é a nossa gente fazendo a diferença. Há inclusive os cantores brasileiros que mostram a Música Popular Brasileira para turistas, de várias partes do mundo, que circulam nas noitadas de uma cidade que não dorme. O cantor e compositor Roberto Trevisan, natural de Andradas (MG), faz shows em várias casas noturnas nova-iorquinas, mostrando o melhor da nossa música. Em seu repertório tem forró e muita animação. Ele, inclusive, teve participação especial na novela “América”, exibida na Globo, que enfocou os desafios dos emigrantes brasileiros nos EUA. Na trama de Glória Perez a sua música, “Um Matuto em Nova York “, fez parte da trilha sonora da novela.

“Eu procuro mostrar o Brasil através de minhas letras de músicas. Acho isso importante e o americano gosta. Nos meus shows têm americanos dançando, apaixonados pelo nosso forró”, ressalta o artista. “Isso é muito bom porque o nosso país tem uma riqueza de ritmos e temos a oportunidade de divulgá-los. Faço shows para os brasileiros, animo as festas brasileiras e, confesso, tenho o maior carinho pela nossa gente”, reforça Trevisan.

Para Cecília Pereira, há vinte anos morando nos EUA, à noite em Nova York é um sonho. Ela é garçonete em Manhattan e chega a ficar até dez horas trabalhando em pé, atendendo as mesas. “Não eu não fico cansada quando estou trabalhando”, enfatiza. “Estou acostumada com o meu trabalho e o exerço há onze anos. Os Estados Unidos é um país para pessoas fortes, determinadas. Quando chego em casa, por volta das seis horas da manha, aí que percebo o quanto trabalhei, mas faz parte de minha rotina”, sorri entusiasmada. “Na minha cidade no Brasil, em Curitiba, eu era professora primária. O salário estava baixo e eu queria algo melhor então resolvi vir morar em Nova York”, lembra. “Não foi fácil nos dois primeiros anos, mas acabei me acostumando e hoje amo o que faço porque não tenho tempo para pensar, apenas trabalho”, relata.

Newark no combate à violência

Uma das principais cidades do Estado de New Jersey, Newark, enfrenta problemas com a violência que assola as ruas. O índice de drogas cresceu consideravelmente e o número de assaltos é preocupante, lesando trabalhadores brasileiros na volta para casa. Em meio à onda de roubos e crimes, um casal de pastores brasileiros tem trabalhado junto ao Departamento de Polícia, visitando bairros, adentrando embaixo de viadutos – onde se concentram drogados, inclusive viciados brasileiros -, levando a palavra de fé e resgatando pessoas da marginalidade. Um trabalho árduo e extremamente importante, com resultados positivos. A pastora Dayse Salermo e o esposo, o pastor Robinho, do Ministério Fé e Esperança, são bravos guerreiros que não medem esforços e, diariamente, estão em contato com essa gente. Eles são capelães e contam com um grupo de oito voluntários. “A situação das drogas é preocupante. Infelizmente têm muitos brasileiros envolvidos com drogas e temos feito um trabalho de resgate, através de orações. Temos contado com o apoio de empresários de Newark que nos fornecem alimentos para levar aos necessitados. Fornecemos marmitas para pessoas embaixo de pontes e mesmo em situação crítica”, informa a pastora Dayse.

Anthony Campos
Anthony Campos

No encontro com o chefe de Polícia de Newark, Anthony Campos, a equipe do “Jornal Nossa Gente” conversou com o policial, ocasião em que o ele ressaltou o trabalho que vem sendo feito na cidade, com intuito de amenizar a onda de violência. “Não temos medido esforços para combater às drogas. A nossa preocupação é com a segurança do cidadão, garantindo a todos o direito de ir e vir, sem transtornos. Esse o papel da polícia em sua comunidade, não podemos permitir que o caos se instale em nossas ruas. A nossa polícia está qualificada para atuar, seja em quais circunstâncias, impedindo a ação de desocupados. Um trabalho duro, determinante”, alerta. “Gostaria de destacar a ajuda de brasileiros – se referindo ao casal de pastores-, que têm tido papel fundamental, adentrando em áreas violentas, onde muitas vezes a polícia não consegue entrar. Eles trabalham com garra e demonstram coragem em suas ações. É uma parceria que tem beneficiado muita gente. A nossa meta, o nosso enfoque é eliminar as células problemáticas de nossa comunidade”, ressalta.

Hartford é a capital do estado norte-americano de Connecticut, localizada no Condado de Hartford, e à beira do rio Connecticut. Lá atua o “Consulado Geral do Brasil”, sob o comando do Embaixador Fernando Mello Barreto, atendendo os brasileiros da região. E durante a entrevista com o embaixador ele foi enfático na questão da chegada de brasileiros ao país, em busca oportunidades de trabalho. “Temos uma comunidade atuante em Hartford e cidades da região. Também há um contingente de brasileiros que estão chegando ao país e que vêm ao Consulado em busca de esclarecimentos. O nosso papel é orientá-los e ajudá-los dentro das normas legais”, diz. Indagado sobre a decisão da presidenta Dilma Rousseff em suspender o visto de entrada no Brasil para estrangeiros, durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro,em meio aos ataques terroristas, o embaixador foi criterioso na resposta: “Cabe ao Governo Federal essa decisão e o nosso papel é acatá-la. Óbvio que o Brasil vem se preparando na questão de segurança e isso garantirá aos atletas e visitantes total cobertura. Na Copa do Mundo, por exemplo, o esquema de segurança foi impecável e não seria diferente nas olimpíadas”, reforça Barreto.

À postura austera do pré-candidato republicano à Presidência dos EUA, o empresário Donald Trump, que tem atacado os imigrantes, ameaçando mudar itens da Constituição que garante o direito de quem nasce no país, filho de estrangeiros, de ser registrado como cidadão americano, tem sido extremamente desrespeitosa. Consultado sobre a questão, o embaixador mais uma vez foi cauteloso em suas colocações: “como diplomata me esquivo da resposta, mas como cidadão óbvio que não concordo. Há um tom de arrogância e isso incomoda quem é imigrante”, finaliza.
Em Nova York a Comunidade Brasileira tem sido participativa, atuando de forma precisa na sua área de trabalho. O “Jornal Nossa Gente”conferiu de perto esses detalhes e pôde vivenciar o dia a dia dessa gente destemida, que não brinca em serviço. Homens e mulheres que arregaçaram as mangas e foram à luta, na busca de seus respectivos objetivos. E segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, há hoje cerca de 1,5 milhão de emigrantes brasileiros vivendo nos EUA. Um contingente expressivo, que faz a diferença. E onde quer que estejam, os cidadãos do mundo, a nossa equipe estará lá, registrando com precisão os acontecimentos do complexo processo imigratório que mobiliza o sonho de milhares de famílias.


WaltherAlvarenga

Walther Alvarenga



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