Mister Brau – Entrevista com o roteirista final Jorge Furtado

Mister Brau – Entrevista com o roteirista final Jorge Furtado

Jorge Furtado
Jorge Furtado

De onde partiu a ideia de criar o Mister Brau?

Eu estava há muito tempo querendo fazer uma série de comédia. Soube que o Jorge Ben, de quem sou muito fã, tinha uma casa num condomínio na Disney e achei engraçado alguém como ele comprar uma casa lá. Fiquei pensando na vida que esses grandes artistas levam, em como seria ser vizinho do Jorge Ben, do Tim Maia, do Sérgio Sampaio ou do Raul Seixas, meus ídolos, e comecei a pensar no Mister Brau. Percebi que, apesar da música ser a grande arte brasileira, são bem raros os personagens músicos na nossa dramaturgia.

A série gira em torno desses conflitos gerados em se tornar milionário e sobre essa adaptação?


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Também. No Brasil fala-se muito da ascensão da classe C, mas quase nada dessa nova classe A. De astros a jogadores de futebol, há uma pequeníssima parcela da população que enriquece muito rapidamente, indo da classe C para a classe A sem escala. Quis falar, através do humor, sobre um personagem que pertencesse a este universo.

As situações de humor partem da adaptação a este universo tão seletivo?

Eu tomei muito cuidado para não parecer que Brau e Michele são dois jecas que ganharam fama e enriqueceram da noite para o dia. Eles são dois artistas muito preparados e de muito talento que foram crescendo na carreira. Já tinham dinheiro antes de se mudarem para o condomínio, só que passaram a ser milionários. O conflito todo vem da adequação da rotina de um artista que gosta de ouvir som alto, de festas, que está acordando quando todos estão indo dormir, à rotina dos seus vizinhos. Há também o conflito entre personagem com uma forte identidade brasileira, negros, músicos, de origem pobre, convivendo com a elite que sonha com Miami.

Alguns artistas fazem desse enriquecimento, tema das próprias músicas. Como, por exemplo, o rap ostentação. O Brau vai um pouco por esse lado também?

Não. Brau é um artista excêntrico, inquieto, que está sempre criando alguma coisa, mas sua súbita riqueza não é tema de suas músicas, de certa forma ele se manteve fiel às suar raízes culturais, além de se definir como ” um mash-up total”, ele mistura samba, kuduro, soul, axé, funk, rap, salsa, baião e o que mais pintar. Já a Michele é uma empresária que sabe tudo do showbiz. Eles têm muito dinheiro e vivem um padrão de vida compatível com isso e também com as suas personalidades. Michele compra uma bolsa de 120 mil reais , por exemplo, mas não é para se exibir.

Como está sendo trabalhar mais uma vez com Lázaro Ramos?

Conheci Lázaro em um teste para o meu filme O Homem que Copiava, em 2001, no início da carreira dele. De lá para cá trabalhamos oito vezes juntos, entre filmes e séries para TV. Foi e é uma parceria muito rica sempre, ficamos amigos. Trocamos ideias sobre o roteiro, sobre o estilo musical do Brau, sobre tudo. Ele teve uma participação importante na concepção da série.

E a parceria com o Maurício Farias? É a primeira vez que trabalham juntos?

Escrevi um episódio se Brava Gente dirigido por ele, mas é a primeira vez que trabalhamos num projeto maior. O Maurício é um grande diretor e também um excelente produtor, são dele os maiores sucessos recentes das séries brasileiras, A Grande Família e Tapas e Beijos. E ele teve muita coragem para inovar na concepção de Mister Brau, todo o conceito narrativo da série, filmada em locação e com muitas externas, é dele. O Maurício também é um ótimo diretor de atores, se relaciona muito bem com o elenco, e este bom astral imprime na tela, é fundamental numa comédia.



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