Malhação Sonhos – Figurino e caracterização

Originalidade dos personagens se reflete nos looks e nas makes criados para ‘Malhação Sonhos’

Rostos, estilos e cabelos foram criados em cima dos perfis psicológicos dos personagens e são capazes de fortalecer as características de cada um. A figurinista Rosane Gonçalves e a caracterizadora Carmen Bastos buscaram referências em grandes estrelas das artes e da luta para montarem os looks e as makes de ‘Malhação Sonhos’. “Queremos que cada um tenha uma marca única, que dê força ao papel. Mas sempre com muita naturalidade”, conta Carmen.

Os universos da luta e das artes são muito marcantes nas roupas e cores. “Bianca (Bruna Hamu) sonha em ser atriz e segue um estilo boho, com cores românticas e tecidos floridos. Já Karina (Isabella Santoni), que está nos esportes, não se preocupa com a estética. Ela é prática e usa roupas despojadas”, explica Rosane. E, assim como o guarda-roupa das irmãs, a diferença também se reflete na vaidade com o rosto: “Apostamos em um cabelo longo, um pouco clareado para a Bianca (Bruna Hamu), com maquiagem natural e cores nude. Para dar personalidade à Karina (Isabella Santoni) optamos por deixá-la com o cabelo curto. Cria um ar de força”, completa a caracterizadora.

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A praticidade de Karina (Isabella Santoni) também está presente no universo dos demais lutadores. “A roupa básica de todos é moletom com capuz”, revela a figurinista. E, para diferenciar os rivais Duca (Arthur Aguiar) e Cobra (Felipe Simas), Carmen optou por mantê-los com o cabelo curto, mas deixar a distinção na barba: “Deixamos o rosto do protagonista bem limpo, para reforçar a disciplina e a seriedade. Já Cobra tem a barba. Isso ajuda a mostrar que embora ambos lutem, a visão deles é completamente diferente”, explica ela.

Outra personagem que vai usar e abusar do estilo original é Bárbara (Ana Rios), a Ruiva. “A make dela é um colaborador para seu jeito revolucionário. O cabelo tem duas cores e um corte que pode ser modificado rapidamente. Ela vai usar disso para reforçar suas bandeiras ideológicas”, comenta Carmen, que também cita as tranças de Sol. “Buscamos reforçar a etnia da personagem. Não pela feminilidade e sim pela força que isso traz à garota”. A Jade (Ana Julia Dorigon) usa a maquiagem a seu favor. Ela é de um mundo de glamour e adora estar montada para chamar mais atenção por onde passa. Tem o olho bem reforçado”, revela Carmen.

Além de apresentar diversos talentos, a Ribalta também recebe pessoas com as mais diversas personalidades. “Fizemos um apanhado em sites e blogs de estilo em busca de identidades fashion e autênticas. Tanto para os alunos como para os professores”, conta a figurinista. “Todos completam a caracterização com o jeito dos personagens, acrescenta.

Quanto às apresentações da escola de artes, muitas vezes inspiradas em clássicos da literatura nacional e internacional, Carmen e Rosane revelam que vão se basear nos looks e makes originais, mas sem perder a contemporaneidade e a originalidade da versão de ‘Malhação Sonhos’.

O complexo cenográfico da série

Como parte do novo projeto da série, ‘Malhação Sonhos’ ganhou pela primeira vez um complexo cenográfico que reúne estúdios e cidade cenográfica em um espaço de aproximadamente cinco mil metros quadrados. Com cenografia de João Irênio e Alessandra Cirino e produção de arte de Isabela Sá e Eugênia Makararoun, o espaço abriga a praça principal do bairro, com a banca de Dalva (Iná de Carvalho), a antiga fábrica de tecidos onde fica a Academia de Lutas do Gael e a Ribalta, a academia de natação, a parte externa das residências de Marechal Hermes e os cenários das casas dos núcleos principais da trama.

“O principal material utilizado foi a nossa alma, energia e vontade para criar esse vasto mundo de sentimentos”, abstrai João, sobre a criação desse universo de sonhos. As apresentações de arte e de luta são fundamentais na composição dos ambientes. “Tanto a Ribalta quanto a academia de lutas do Gael são discretas, neutras, porque as cores vêm dos personagens, das apresentações e das montagens que teremos”, adianta Isabela Sá. Para criar o centro de ações da série, a equipe de cenografia se inspirou no centro de artes Beaubourg, localizado em Paris, onde o exterior é, na verdade, uma grande instalação e composição gráfica, deixando expostos as tubulações, instalações hidráulicas, elétricas, andaimes e redes coloridas de proteção.

Já o interior da fábrica conta com diversas referências. “Para a Ribalta, nos inspiramos em salas clássicas de teatro, corpo e voz nacionais, europeias e americanas”, conta o cenógrafo. A escola de artes tem aproximadamente 600 metros quadrados, com palco, camarins e salas espaçosas para as aulas. E a Academia de Lutas do Gael, é semelhante aos tradicionais espaços de muay thai. A produtora de artes revela que optou também por cores neutras, como  o cinza no interior, e criou uma logo azul e amarela.

A área que ambientará Marechal Hermes não nos remete exatamente ao bairro e sim a um local abandonado pelas pessoas e governantes. “É como um grande cortiço. Um lugar mais árido e com um sentimento humanizado”, define João Irênio.

O cenógrafo também explica que tanto a cidade cenográfica como o estúdio foram projetados para receber outras áreas ao longo da série. “Todo o complexo está pronto para as gravações. Mas estamos trabalhando com a criatividade de toda a equipe e estamos torcendo para que venham mudanças ao longo do ano”, comenta João.

A praça principal, inspirada no bairro do Catete, no Rio de Janeiro, recebeu a arte da grafiteira Pânmela Castro, conhecida internacionalmente pelo seu trabalho original. Ao todo, a cidade cenográfica recebeu cinco desenhos da artista, sendo dois na Ribalta, em tapadeiras móveis e no muro do estacionamento da praça principal, com estilo de natureza morta.

Já o Perfeitão, restaurante de Delma (Patrícia França) e Marcelo (Felipe Camargo), segue o conceito descolado com reciclagem. “O estabelecimento tem uma cozinha viva, que funciona com geladeira, forno. A ideia é preparar pratos de verdade lá”, comenta Isabela.

Para dar som aos sonhos

Em um universo onde a música está sempre presente, o produtor musical Rogério Vaz teve muito cuidado e atenção ao montar a trilha sonora. “Montamos em cima da sinopse e das características de cada personagem. Buscamos entender o sonho de cada um para ambientar com as músicas escolhidas”, explica. “Não temos um estilo predominante, mas a trilha tem bastante novidade de diversos estilos e músicas do momento”, completa Rogério. Na voz de roqueira Pitty, a música de abertura será o hit “Agora Só Falta Você”, da Rita Lee.

Além do trabalho de produzir a trilha da série, a equipe de produção musical teve a novidade de também estar presente na fase de preparação do elenco e criação dos personagens. “A série é muito musical, e a Globo está investindo muito para que os talentos da música que existem no elenco estejam preparados para as gravações. É um cuidado extremo com treino, repertório e do próprio elenco ao cantar”, comenta Rogério, que trabalhou essa etapa ao lado da preparadora de voz Nina Pancevisky.

Com diversas encenações de musicais previstas, todos também estão trabalhando em cima da reprodução de grandes clássicos nacionais e internacionais, principalmente para a Sol, personagem de Jeniffer Nascimento. “Vamos nos basear em espetáculos e musicais de grande público, mas trazer isso para  a sonoridade atual. Claro que respeitaremos a melodia original dos clássicos, mas brincaremos com os arranjos para acrescentar modernidade”, explica o produtor.

Malhação Construção

Antes dos personagens iniciarem as buscas pelos seus sonhos, das cenas rodarem na cidade cenográfica e das câmeras começarem a gravar, ‘Malhação Sonhos’ contou com uma etapa de construção, que terá continuidade ao longo da temporada. Com investimento diferenciado em tecnologia, cenografia e escalação de elenco, o novo projeto da série tem a proposta de ir além das cenas e falas, como se a imagem e como aquilo foi coreografado falasse mais alto.

Ao longo do último ano o diretor geral Luiz Henrique Rios e os diretores da série Cristiano Marques e Marcus Figueiredo junto à equipe de produção, encabeçada por Daniel Vincent e Raphael Cavaco, pesquisaram elenco e chegaram a receber cerca de 600 vídeos de atores de todo o Brasil, sendo que 40 foram selecionados para os testes. Em parceria com Rosane Svartman e Paulo Halm, Luiz buscou jovens com talento para as artes e lutas. Antes da avaliação da direção, foram feitos workshops de preparação para possíveis personagens com a diretora teatral Ana Kfouri. Assim que o elenco foi definido, os jovens passaram a ter aulas e laboratórios regulares de muay thai, voz, expressão corporal e dança. Essa preparação começou um mês antes do inicio das gravações. “Eles devem se desenvolver como atores para criar os personagens. Trabalhamos muito nisso e esse processo terá continuidade ao longo das gravações. Além da integração do grupo que foi criada nesse período”, explica o diretor geral.

Para esse primeiro momento, foram selecionados profissionais renomados nas áreas para ajudá-los nessa construção: Maria Perez, coach; Flávio Almendra, preparador de luta; Rossella Terranova, preparadora corporal; Fly (Wagner Menezes Pereira) preparador de dança; Nina Pancevisky, preparadora musical; Leila Mendes, fonoaudióloga.

A qualidade no ar também está garantida pelo investimento em câmeras F35, usadas em novelas e minisséries, que dão o tom cinematográfico para as cenas. “Nossa ideia é que a imagem fale tanto quanto um diálogo”, conta José Alvarenga Jr.