Juntos e misturados

Juntos e misturados

No dueto misto do nado sincronizado, Giovana Stephan e Renan Alcantara sonham ver sua modalidade nas Olimpíadas

por Luiz Humberto Monteiro Pereira

humberto@esportedefato.com.br

Giovana Stephan e Renan Alcântara, do dueto misto da seleção brasileira de nado sincronizado - Foto: divulgação
Giovana Stephan e Renan Alcântara, do dueto misto da seleção brasileira de nado sincronizado – Foto: divulgação

Com 7 anos, o carioca Renan Alcântara se encantou com as coreografias das meninas na piscina do Fluminense e resolveu aprender nado sincronizado. Aos 11, pela falta de espaço para homens na modalidade, decidiu deixar a equipe. Foi dançar hip-hop, passou pela dança contemporânea e acabou no balé clássico. Em novembro de 2014, quando a Federação Internacional de Natação (Fina) aprovou a participação de homens em competições de nado sincronizado, Renan cursava a faculdade de Veterinária e havia desistido do esporte. Seis meses depois, foi convidado a voltar às piscinas pela técnica da seleção brasileira, Maura Xavier – que, por coincidência, havia sido sua professora nos tempos de criança, no Fluminense. “Eu não esperava voltar ao nado sincronizado e, quando veio a chance, fiquei muito feliz”, confessa Renan, hoje com 23 anos.


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Na seleção brasileira e no Flamengo, a parceira de Renan no dueto misto é a mineira Giovana Stephan, de 26 anos, que faz nado sincronizado desde os 11 anos e abriu mão da oportunidade de participar da equipe brasileira nas Olimpíadas do Rio para tentar emplacar o dueto misto nacional nos Jogos de Tóquio, em 2020. Juntos, foram os primeiros a representar o Brasil numa prova do dueto misto e conquistaram o Sul-Americano da categoria em Assunção, no Paraguai, em março de 2016. Em novembro, levaram o ouro no 5º Argentina Synchro Open, em Buenos Aires. Neste ano, se preparam para o Mundial em Budapeste, em julho. “Estamos muito concentrados e focados nesta meta!”, avisa Giovana. Ela e Renan, que depois de alguns meses de treinos acabaram se tornando namorados, terão uma intensa agenda esse ano. “Temos um convite para o Open no Chile, em maio, o Mundial de Budapeste, de 14 a 23 de julho, o Campeonato Brasileiro, o Campeonato Carioca e o Ukrania Open, em dezembro”, contabiliza o casal.

Esporte de Fato – Como anda a evolução do dueto misto nas competições mundiais do nado sincronizado?

Renan – A modalidade ganha cada vez mais espaço nas competições pelo mundo. Somos convidados a participar de várias competições no circuito mundial em países que querem fortalecer o dueto misto e valorizar o evento, mas nem sempre temos apoio e recursos para as viagens.

Giovana – Agora o desafio é o mesmo do esporte como um todo. É preciso aumentar o número de praticantes, clubes e federações.

Esporte de Fato – Como estão as chances do dueto misto do nado sincronizado ser incluído no Pan de 2019 e Olimpíadas de 2020?

Giovana – São grandes. O Japão, que será sede das Olimpíadas, tem duetos mistos já consolidados e que já participaram do Mundial de 2015, bem como Estados Unidos e Canadá. Estes países farão força para incluir o dueto misto nas competições.

Renan – Além disso, modalidades que excluem a participação de algum gênero já não fazem muito sentido no Século XXI! Esperamos que o dueto misto já seja incluído no Pan de 2019 e nas Olimpíadas de 2020.

Esporte de Fato – Na patinação artística, os duetos mistos são a grande atração. Será que o mesmo poderá acontecer com o nado sincronizado?

Giovana – Essa prova da patinação consegue mostrar a complementaridade, interação masculino e feminino, que é o que torna o esporte mais belo e emociona as pessoas. O nado traz essa mesma junção de leveza, força, flexibilidade, explosão de forma harmônica, como um “pas de deux” dentro d’água. Os esportes que tem um toque artístico sempre atraem interesse e admiração do público.

Esporte de Fato – Após as Olimpíadas do Rio, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos perdeu patrocinadores importantes. Isso pode prejudicar o desenvolvimento do dueto misto?

Giovana – A má gestão dos recursos pode prejudicar bastante, pois reduzirá as possibilidades para nos enviar às competições internacionais. Nos dedicamos integralmente ao nado sincronizado e dependemos da ajuda de custo da CBDA para nos mantermos.

Renan – Queremos participar do máximo de competições internacionais possível, para fortalecer a modalidade e nos mostrarmos como um forte dueto. Quanto mais eventos, melhor.

Esporte de Fato – O relacionamento de vocês fora da piscina ajuda nos treinos e competições?

Giovana – Ajuda muito, pois já nos conhecemos muito bem. Quando um está triste, o outro já sabe como agir. Às vezes estamos em casa juntos e lembramos de falar algo sobre o treino ou planejamos coisas para o seguinte.

Renan – Também criamos uma confiança muito forte um no outro.

Esporte de Fato – Como pioneiros do dueto misto no Brasil, vocês são procurados por interessados em ingressar na modalidade?

Giovana – Alguns meninos, inspirados pelo exemplo do Renan e pela possibilidade de praticar o esporte, já entraram em contato para perguntar onde poderiam iniciar a prática e pedir mais dicas.

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