Heloísa Pérrisé: o humor não foi uma escolha

Heloísa Pérrisé: o humor não foi uma escolha

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MAI/16 – pág. 22

Engraçada, autêntica, a atriz lembra o início de carreira, em Nova York, revela o lado sensível da escritora e fala da volta à próxima novela da Globo

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Heloísa Périssé esteve em Orlando para a apresentação do monólogo,”E foram quase felizes para sempre”, sucesso de público, levando ao palco o drama da escritora Letícia Amado – personagem da atriz e escritora -, enfocando o seu relacionamento que não deu certo, numa sucessão de personagens em cena. Com duas apresentações no teatro do “Dr Phillips Center for the Performing Arts”, o espetáculo dá continuidade ao projeto de incentivo à cultura teatral na cidade, sob a coordenação da “Bis Entertainment”, comandada pela promoter, Priscila Triska. E durante entrevista que antecedeu à apresentação da peça, Périssé falou da satisfação de estar em Orlando, demonstrando simpatia e carisma, lembrando, inclusive, do período em que morou em Hudson, Upstate New York, em 1998, ocasião em que protagonizou uma peça em inglês, cantando, dançando e interpretando. “Estava casada com o Lug de Paula – filho de Chico Anysio -, e mostrei a ele o vídeo da peça que eu tinha gravado. Depois de assistir ao vídeo, o Lug me olhou surpreso. Pensei que ele fosse fazer elogios, mas, para minha surpresa, disse que eu era uma grande cara de pau (risos). Mas depois eu entendi quando ele me disse aquilo porque o cara de pau pode tudo, faz tudo e isso é até um elogio”, lembra.


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Ressaltando a sua trajetória no humor, Heloísa falou da participação na “Escolinha do Professor Raymundo”, comandada por Chico Anysio, ocasião em que teve a oportunidade de contracenar com os grandes nomes do humor no Brasil, a exemplo de Grande Otelo, Rogério Cardoso, Zezé Macedo, Brandão Filho e o próprio Chico, quem lhe abriu portas para ingressar no seleto universo da comédia. “Trabalho há 17 anos na Globo, mas, antes da ´Escolinha´, escrevia peças, participava de peças teatrais”, enfatiza. A atriz relata sobre a importância do trabalho dos comediantes, que abrem o sorriso diante das câmeras e dá o seu melhor. E quando o engraçado extrapola os estúdios de gravações, acaba surpreendendo o próprio comediante no dia a dia, diante da reação espontânea do público. “Às vezes, quando entro em uma loja para saber o preço de uma caneta, o vendedor que me atende chega sorrindo porque se lembrou de episódios engraçados do meu trabalho. Pede desculpas, mas eu entendo a reação das pessoas (sorri). O humor tem essa coisa gostosa, abrangente, e as pessoas te abraçam, se sentem próximas de você”.
Autêntica em suas colocações, e extremamente cômica quando fala de si, Heloísa enfatiza que já nasceu engraçada, e que o humor não foi uma escolha. “Acho que quando eu nasci, e chorei, os médicos deram risadas dizendo: boa, esse nenê chora diferente (risos)”. Lembra a atriz que, ainda bebê, recebeu elogios dos médicos pelo nariz lindo que tem (fala em tom de humor), segundo conta a sua mãe. “Você sabe que é comediante ao longo da vida, animando os natais e aniversários”, relata.

Entre os desafios de uma carreira bem sucedida, lembra Heloísa que, “todo trabalho é um grande desafio. É como a descida de uma montanha russa”. Ela enfoca um episódio marcante, quando atuou na minissérie, “Dercy de Verdade”, abordando a trajetória de Dercy Gonçalves. Ela, Périssé , viveu a irreverente comediante na mocidade, experimentando o lado dramático da interpretação. “Embora Dercy fosse uma grande comediante, teve uma história extremamente dramática, então precisei exercitar o meu lado dramático. O drama está sempre junto com a comédia, e a comédia nada mais é do que uma tragédia elaborada”, explica. A atriz enfatizou o seu desempenho, também dramático, na novela “Avenida Brasil”, no papel da cabeleireira Monalisa, e da dona de casa Beatriz, em “Boogie Oogie”, ambas, recordistas de audiência. “Eu chorei tanto nessas novelas que tive que voltar para a comédia rapinho (risos). É mais negócio”.

O tema do monólogo, “E foram quase felizes para sempre”, escrito pela atriz, não foi inspirado em alguém, especificamente, segundo ela. “Quis escrever a história de uma mulher que fosse atuante, especial. Ela está escrevendo um livro, Cantinho pra dois. Nesse período tem um relacionamento chiclete com o marido, aquele do vai e vem, separa e volta, e que você perde a moral com os amigos porque ninguém tem mais a coragem de te ver (risos). E nesse período que trabalhou tanto, acabou se separando. E, no dia do lançamento do seu livro, ela encontra o ex-marido beijando a nova namorada. Ela o ama. É como diz Carlos Drummond de Andrade, você tem todos os motivos do mundo para não amar uma pessoa, apenas um para amar, esse prevalece (sorri). Esse é o amor, não tem lógica, não tem explicação. E é nesse momento que a personagem se abre. O espetáculo cria uma empatia muito grande com o público, principalmente os homens, que se cutucam, isso é muito curioso. Já teve casal que levantou e saiu no meio da peça. Tem casal que no final da peça dá as mãos, se abraça, se beija. Eu falo de amor e no amor ninguém é perfeito.”, narra à atriz.

Mas o público não imagina que, pouco antes de entrar no palco, ainda na coxia, a atriz passa por momentos cruciantes. São alguns segundos entediantes, numa espécie de conflito consigo mesma, aguardando o momento de se doar em cena. “Gente, eu fico tensa”, revela Heloísa. “Aí falo comigo que poderia estar em casa, tranquila, e que eu não precisava estar passando por aquilo. Mas é inevitável. O figurinista do espetáculo já fez o seu trabalho e não está mais ali, a produtora foi embora, o diretor também. Apenas eu e Deus,em uma missão das mais desafiantes”, diz com expressão atônita, mas,segundos depois, volta a sorrir.

Falando a respeito da conciliação entre a carreira e as obrigações como mãe – ela tem duas filhas, Luiza e Antonia -, disse à atriz que,“procuro equilibrar da melhor forma possível. A Regina Duarte disse certa vez que a sua vida foi como equilibrar pratos, corre para dar atenção ao marido, depois vai gravar, falar com os filhos, e assim vai se equilibrando. Na minha casa eu administro tudo. No café da manhã, estou com a minha filha no colo, falando ao telefone, resolvendo mil coisas, e o meu marido (Mauro Farias, diretor da Globo) está sentando ao lado, tranquilo, lendo o jornal. E, com tudo isso, a cozinheira ainda vem me perguntar o que deve ser feito no almoço (risos). Agora volto para o Brasil para participar da nova novela das nove, tenho que ir à emissora, vou também estrear novo programa. Mas a mulher, hoje em dia, é assim mesmo. A médica tem plantão, a aeromoça tem de cumprir voos”, complementa.

Heloísa falou da parceria com a também humorista, Ingrid Guimarães, com quem contracenou no teatro, na comédia “Cócegas”, atualmente se dedicando ao cinema e ao teatro. “A Ingrid é uma pessoa maravilhosa. A gente sempre se fala, mas estamos em trabalhos diferentes. Ela no cinema, e agora vou fazer novela. Mas podemos remontar a peça ´Cócegas´, quem sabe,e trazê-la para Orlando”, sugere Pérrisé. Quanto a novela “Avenida Brasil”, onde interpretou Monalisa, a atriz considerou um marco de sua carreira, pois a novela foi exibida em vários países, consolidando a sua audiência no mundo. “Eu estava em Buenos Aires quando um casal de portugueses veio falar comigo sobre a novela. Uma amiga, que esteve na Hungria, me telefonou dizendo que um dos funcionários do aeroporto falou em português com ela, dizendo que tinha aprendido o português assistindo ´Avenida Brasil´. Sem dúvida, um marco”, finaliza.



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