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Faz o caminho
A ciclista goiana Raiza Goulão construiu as próprias trilhas para chegar aos Jogos Rio 2016
por Luiz Humberto Monteiro Pereira
jogoscariocas@gmail.com
Raiza Goulão nunca vai esquecer o que fez para festejar a conquista da vaga nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. “Comi um pedaço de bolo! Tinha feito uma promessa e estava há mais de um ano e meio sem comer doces! Serão minhas primeiras Olimpíadas e vai ser no Brasil!”, comemora a ciclista de 25 anos, goiana de Pirenópolis. Ela começou a frequentar trilhas em 2010 e logo se tornou um dos destaques do mountain bike cross country olímpico brasileiro, com conquistas como o bicampeonato Pan-americano sub23 em 2012 e 2013 e 1º lugar no Latino-americano de 2013. Recentemente, depois de encerrar 2015 com o título brasileiro e o da principal ultramaratona de montain bike da América Latina, esse ano já conseguiu cinco vitórias: abertura da Taça Brasil de XCO (Campo Largo/PR), Abierto del Noa (Argentina), Copa Lippi (Chile), Copa Chile Internacional e a segunda etapa da Copa Internacional de Montain Bike (São João del-Rei/MG), resultados que a colocaram na 11ª posição do ranking mundial. Mas foi após assistir as Olimpíadas de Londres que surgiu com mais força o sonho de estar nos Jogos Rio 2016. “Foi quando dei uma virada na minha vida e passei a me dedicar exclusivamente a este objetivo”, explica a atleta da equipe Specialized Racing BR, onde é treinada pelos holandeses Tjeerd de Vries e Leo Van Zeeland. A equipe tem apoio da Shimano, Free Force e Honey Stinger, mas Raiza tem também seus patrocinadores pessoais, que são Compressport, Oakley, Aldeia da Paz, Governo de Goiás, através do programa Pró-Esporte, além da Caixa Econômica Federal, por ser atleta da seleção brasileira. E recebe ainda a Bolsa Atleta, do Governo Federal.
Jogos Cariocas – Como é uma prova de cross country olímpico?
Raiza Goulão – Eu sempre gosto de dizer que é como se fosse um “mini moto cross”. É disputada em uma pista que varia de 4 a 6 km e reúne todos os obstáculos, tanto os naturais quanto os artificiais. Quanto mais se desenvolvem as tecnologias de equipamentos, as pistas vão ficando mais difíceis. É uma prova onde o público pode ter acesso ao circuito inteiro. Existe um tempo limite para cada categoria, que normalmente varia entre 1:30 h e 1:40 h. Cada competidor está sempre no seu limite , dando 100% a cada volta. Normalmente são cinco ou seis voltas no feminino. É uma prova muito técnica, que existe força, resistência e explosão.
Jogos Cariocas – Como você se aproximou do montain bike?
Raiza Goulão – Foi uma coisa bem espontânea, Jamais imaginei que viraria atleta. Comecei a pedalar na minha cidade há seis anos como um hobbie, para me divertir e para estar mais em contato com a natureza. Daí eu fui conhecendo o pessoal que praticava o montain bike e participando das primeiras provas. Foi incrível para mim. Após o meu segundo pan-americano sub 23, passei a sonhar em representar o meu país nas Olimpíadas, na minha terra natal.
Jogos Cariocas – O que mais a atrai em praticar esse esporte?
Raiza Goulão – A coisa mais legal é estar em contato com a natureza e poder conhecer o mundo. Você se sente livre! É a minha paixão, minha profissão, o meu hobbie, aquilo que está me levando pelo mundo afora… O montain bike é a minha razão de viver!
Jogos Cariocas – Onde treina atualmente?
Raiza Goulão – Em Pirenópolis, que é a minha cidade, eu mesma ajudei a construir alguns circuitos de montain bike, com pá e enxada, para conseguir treinar no mesmo nível das atletas internacionais. Sempre passo por São Paulo para competir, tenho provas em Minas Gerais… Mas é bom voltar para casa para recarregar as energias, dar aquele “up” e estar a todo o vapor nas competições mais importantes.
Jogos Cariocas – Como acha que estão as chances do montain bike do Brasil nas Olimpíadas de 2016?
Raiza Goulão – Para o montain bike brasileiro, essas Olimpíadas vão ser uma ótima oportunidade para divulgar melhor o esporte no país. Vou dar o meu meu, mas acho ambicioso pensar em uma medalha olímpica. Ainda não é o momento, temos muito a desenvolver. Acredito que, nas Olimpíadas do Rio, as medalhas do montain bike deverão ser disputadas entre as atletas da França, da Dinamarca e da Suíça, que virão fortes para a competição.
Jogos Cariocas – Já sonhou com os Jogos Rio 2016? O que imagina encontrar lá?
Raiza Goulão – Eu sonho todo dia! Vai ser incrível estar na Vila Olímpica! Terei contato com os melhores atletas de todo o mundo! Eu tive oportunidade de carregar a tocha olímpica e foi uma sensação inexplicável. Essa chama continua acesa em mim e eu estou cada vez mais ansiosa para chegar às Olimpíadas do Rio!
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