Enxaqueca

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 SET/15 – pág. 55

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Doença que afeta milhões de pessoas, causando dor de cabeça, náuseas e outros distúrbios. A enxaqueca, também chamada de migrânea, é uma doença que afeta o sistema nervoso central. Cerca de 15% das mulheres e 5% dos homens, em todo o mundo, sofrem desse mal, que atinge predominantemente adolescentes e adultos jovens. As crises prejudicam bastante o bem-estar dos pacientes, com graves consequências para o trabalho, o estudo e o lazer.


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O conhecimento da causa e dos mecanismos envolvidos na enxaqueca é o primeiro passo para determinar a melhor forma de tratamento. De início, pensava-se que a doença era causada pela dilatação exagerada das artérias existentes dentro e fora do crânio. Por isso, ela foi chamada, por muito tempo, de ‘cefaleia vascular’. Essa noção surgiu na década de 1930, quando os médicos norte-americanos John R. Graham (1909-1990) e Harold G. Wolff (1898-1962) injetaram ergotamina, substância que contrai os vasos sanguíneos, em pacientes com ataques de enxaqueca. Ao notar que a dor de cabeça desaparecia em cerca de 10 minutos e, ao mesmo tempo, diminuíam as pulsações da artéria temporal na lateral da cabeça, Graham e Wolff concluíram que a dilatação arterial seria a causa do problema.

Essa ideia perdurou até 1981, quando o neurologista dinamarquês Jes Olesen e seus colegas mediram cuidadosamente as variações do fluxo sanguíneo cerebral de pacientes ao longo de crises de enxaqueca e demonstraram que a dor de cabeça não refletia exatamente essas variações. Graças a esse e a outros estudos, sabe-se hoje que a doença é mais neurológica do que vascular. Outra hipótese que chegou a ser considerada, a de uma origem psicológica da enxaqueca, também não se sustenta mais. Trata-se de uma doença orgânica que não depende, como fator causal, do estado emocional dos pacientes.

As causas exatas da enxaqueca são desconhecidas, embora se saiba que elas estão relacionadas às alterações do cérebro e possuem influência genética. A enxaqueca começa quando as células nervosas, já em estado de hiperexcitabilidade, reagem a algum gatilho frequentemente externo, enviando impulsos para os vasos sanguíneos, causando sua constrição (relacionado à aura) seguida de uma dilatação (expansão) e a libertação de prostaglandinas, serotonina e outras substâncias inflamatórias que causam a dor. O padrão de crise é sempre o mesmo para cada indivíduo, variando apenas em intensidade. O espaçamento entre crises é variável. Sabe-se também que o gatilho – para as crises em enxaqueca – varia de indivíduo para indivíduo, sendo que, em alguns, a pessoa pode não apresentar nenhum gatilho específico. Os gatilhos de enxaqueca mais comuns são: estresse; jejum prolongado, dormir mais ou menos do que o de costume; mudanças bruscas de temperatura e umidade; perfumes e outros odores muito fortes; esforço físico; luzes e sons intensos; abuso de medicamentos, incluindo analgésicos.

Têm-se ainda:

  • fatores hormonais – é comum mulheres portadoras de enxaqueca apresentarem dor nas fases pré, durante ou após a menstruação. Esse tipo de migrânea é chamado de enxaqueca menstrual. Essa enxaqueca tende a melhorar espontaneamente na menopausa. Muitas mulheres têm as crises pioradas, ou até melhoradas, a partir do momento que iniciam o uso de anticoncepcionais orais;
  • alimentos e bebidas – queijos amarelos envelhecidos, molhos,frutas cítricas (principalmente laranja, limão, abacaxi e pêssego), carnes processadas, frituras e gorduras em excesso, chocolates, café, chá e refrigerantes à base de cola, aspartame (adoçante artificial), glutamato monossódico (tipo de sal usado como intensificador de sabor, principalmente em comida chinesa), excesso de álcool. Esses alimentos liberam substâncias inflamatórias que dilatam os vasos cerebrais e ajudam a desencadear a dor de cabeça;
  • fatores ambientais como luz e odores fortes e barulho alto também podem funcionar como gatilho para alguns pacientes. As oscilações hormonais que grande parte das mulheres tem durante a vida contribuem para desencadear as crises. “Durante a menstruação, por exemplo, o nível de estrogênio diminui. Com isso, os vasos sanguíneos se dilatam, ocasionando as dores”;
  • o risco do uso de anticoncepcionais por pacientes que tenham enxaqueca com aura (fenômeno sensorial que antecede a dor) e sejam fumantes. “Esses fatores associados triplicam a probabilidade de derrame.”

Tratamento

“Enxaqueca é igual incêndio. Você tem que tratar logo senão ela piora muito”. Existem pacientes que, pela falta de tratamento adequado, passam a ter crises diárias de dor. No entanto, é preciso cuidado: o abuso de analgésicos e o aumento progressivo das doses necessárias para alívio das crises podem resultar em um efeito rebote cujo resultado é o agravamento dos sintomas.

Existem medicamentos específicos para os casos de dor recorrente. Na prática, o paciente tem que fazer um tratamento preventivo com remédios que diminuem a frequência e a intensidade das crises. Para os momentos de dor aguda, o médico pode indicar o uso de sumatriptana, droga que reverte a dilatação dos vasos e diminui a transmissão da dor, e de naproxeno, que diminui a inflamação (essas duas drogas podem ser encontradas em um único medicamento). Mas é essencial que o paciente procure a ajuda de um especialista. Se ele for a um neurologista, é importante ressaltar que sente dores de cabeça frequentes e perguntar se ele trata esse tipo de problema. Senão, peça que ele lhe indique um especialista.

Além dos medicamentos, é importante praticar atividade física. Se você tem dores recorrentes, procure fazer ioga, pilates ou caminhada, pois esses exercícios liberam endorfinas, que são ótimos aliados no controle da dor.


Elaine Peleje Vac
elaine@nossagente.net
(Médica no Brasil)
Não tome nenhum medicamento sem prescrição médica.
Consulte sempre o seu médico.



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