Entre piscinas e pódios

Entre piscinas e pódios

O multimedalhista Daniel Dias acumula favoritismos para as Paralimpíadas de 2016

por Luiz Humberto Monteiro Pereira

jogoscariocas@gmail.com

Daniel Dias - Foto: divulgação/CBDA
Daniel Dias – Foto: divulgação/CBDA

Quatro ouros, quatro pratas e um bronze nas Paralimpíadas de Pequim 2008. Seis ouros em Londres 2012. 24 medalhas de ouro e seis de prata em quatro mundiais e 27 medalhas de ouro em três edições dos Jogos Parapan-Americanos – Rio de Janeiro 2007, Guadalajara 2011 e Toronto 2015. Em 2009 e 2013, recebeu o Laureus World Sports Awards, uma espécie de “oscar” do esporte mundial. O dono desse currículo esportivo impressionante é o paulista Daniel Dias, que nasceu com graves deformações nos membros superiores – seu braço direito vai até o cotovelo e o esquerdo é curto e apresenta apenas um dedo. Sua perna esquerda é normal, mas a direita só chega à altura do joelho – ele caminha graças a uma prótese. “Cresci como qualquer criança e fazia de tudo que meus primos e colegas faziam, do meu jeito, mas fazia. Continuo assim. Faço tudo que posso e do meu jeito”, explica.


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Aos 27 anos, Daniel é um dos grandes nomes do esporte brasileiro e acumula patrocínios individuais, que incluem empresas como Embratel, Otto Bock, Mackenzie, Gocil e Panasonic. Também faz parte do Time São Paulo, do governo paulista, e recebe a Bolsa Atleta do Ministério do Esporte. É casado com a administradora de empresas Raquel e pai do pequeno Asaph, de um ano e sete meses. “Nas horas de folga, gosto de estar com minha família”, avisa o atleta, que criou o Instituto Daniel Dias, em Bragança Paulista, para oferecer oportunidades de desenvolvimento esportivo às pessoas com deficiências. “Minha rotina é treino, pilates ou fisioterapia, almoço, descanso, treino, café, descanso, jantar. Eu sou apaixonado pelo que faço. A natação é o meu dom”, acredita.

Jogos Cariocas – A que foi atribuída a má formação congênita com que você nasceu?

Daniel Dias – Procuraram saber a causa. Após alguns exames, a resposta foi que meus pais foram premiados por receber um filho assim. Eles sempre disseram que sou benção na vida deles. E eu sei que Deus faz o impossível acontecer. Deus, em sua infinita sabedoria, sabe o por que e eu só tenho que saber o para que. Eu estou descobrindo…

Jogos Cariocas – Nos últimos anos, a delegação paralímpica brasileira tem apresentado rendimento superior à olímpica. Em sua opinião, por que isso acontece?

Daniel Dias – Não vejo competição entre atletas paralímpicos e olímpicos. Todos nós somos atletas e cada um dentro de sua modalidade. Acredito que fazer uma comparação não é legal. Não queremos ser melhores, queremos direitos iguais, divulgação e retorno iguais. A gente quer mostrar o nosso valor e que pessoas com deficiências podem chegar longe.

Jogos Cariocas – O que poderia ser feito para popularizar mais as práticas esportivas entre os brasileiros portadores de deficiências?

Daniel Dias – Com mais divulgação, muitos dos que estão em suas casas poderão se sentir motivados a praticar esportes, mesmo que não cheguem a ser atletas de alto desempenho. O simples fato de estarem nas piscinas, nas quadras e nas pistas já é uma motivação e tanto. Acredito que o esporte paralímpico mereça um espaço maior na mídia nacional.

Jogos Cariocas – Como se aproximou da natação? Quando percebeu que poderia ser um nadador de excelência?

Daniel Dias – Sempre gostei de esportes. Em 2004, assistindo às Paralimpíadas de Atenas, conheci o campeão de natação Clodoaldo Silva. E aí eu decidi que queria ser atleta. Comecei a nadar com 16 anos e percebi que poderia seguir como atleta de alto rendimento numa competição oficial do Comitê Paralímpico Brasileiro, em Belo Horizonte, em meados de 2005.

Jogos Cariocas – Suas categorias natação paralímpica são S5, SM5 e SB4. O que significam essas denominações?

Daniel Dias – S de swimming, 4 e 5 é o número da classificação da deficiência física, B é de breaststroke (nado peito) e M é de medley. Caso seja confirmado para a delegação brasileira para os Jogos Paralimpicos Rio 2016, acredito que devo nadar seis provas individuais e dois revezamentos.

Jogos Cariocas – O que espera das próximas Olimpíadas?

Daniel Dias – Estou treinando muito para poder estar lá e representar bem o meu país. O meu sonho é poder nadar nos Jogos Rio 2016. Acho que disputar uma Paralimpíada em casa vai ser uma sensação indescritível. É algo que vai ficar marcado no esporte paralímpico brasileiro e na minha carreira. Espero nadar bem e conseguir corresponder a todas as expectativas.

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