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Divulgação e prática
“Não se deve pôr a candeia debaixo da cama, mas sobre o velador, a fim de que todos os que entrem vejam a luz” – Jesus (Marcos, 4:21)
Edição de abril/2017 – pág. 30
Quem já possui algum conhecimento, se já assimilou parte dos ensinos de Jesus e da Doutrina Espírita, tem o dever de compartilhar com outras pessoas esse conhecimento. Não tem sentido colocar a luz debaixo da cama, impedindo que sua claridade ilumine o ambiente. Viver isoladamente, sem contribuir para o esclarecimento e progresso de outras pessoas, é falta tão grave, do que aquele que sonega o pão, a quem tem fome. É preciso participar, cooperar em favor do bem geral.
Mas como dar essa contribuição? A divulgação dos ensinos é importante, mas em primeiro lugar se faz necessário praticá-los o mais possível. Se o semeador se dispõe a semear a boa semente, antes de mais nada há que cuidar da sementeira.
Um companheiro de ideal nos dizia que, se tivesse dinheiro empregaria em meios de divulgação do Espiritismo. Rádio, televisão, jornais seriam utilizados para propagar os princípios libertadores. A ideia é louvável mas nos leva a refletir. Uma divulgação em massa poderia levar grande número de pessoas aos centros espíritas. E será que as casas espíritas estariam preparadas para atendê-las, orientá-las, evitando deturpações, deformações nas atividades desenvolvidas nos centros espíritas?
É muito citada a frase de Emmanuel: “A melhor caridade que fazemos para a Doutrina Espírita é a sua divulgação”. Porém o mesmo autor afirma: “A palavra esclarece, o exemplo arrasta”. E nos seus livros não cansa de enfatizar que a melhor propaganda é a vivência dos princípios que se deseja propagar.
O pão do corpo é uma esmola pela qual sempre receberás a justa recompensa, mas o sorriso amigo é uma bênção para a eternidade.
Envia mensageiros ao socorro fraternal, contudo, não deixes pelo menos uma vez por outra, de visitar o irmão doente e ouvi-lo em pessoa.
A expedição de auxílio é uma gentileza que te angariará simpatia, no entanto, a intervenção direta no amparo ao necessitado conferir-te-á preparação espiritual à frente das próprias lutas.
Sobe à tribuna e ensina o caminho redentor aos semelhantes; todavia interrompe as preleções, de vez em quando, a fim de assinalar o lamento de um companheiro na experiência humana, ainda mesmo quando se trata de um filho do desespero ou da ignorância, para que não percas o senso das proporções em tua marcha”.
O texto acima deixa bem claro a necessidade de nossa participação pessoal nas atividades do bem. Doar não só do que temos, mas do que somos. O tempo, a atenção, o sorriso, a palavra amiga aos que vivem em dificuldades maiores. Essa cooperação, essa convivência beneficia quem a recebe e quem a dá, porque o aprendizado é recíproco. O professor aprende com os alunos; o médico ganha mais experiência e conhecimentos com seus clientes. O doador recebe daquele a quem pretende ajudar. Francisco de Assis concluiu que “é dando que se recebe”. Jesus poderia ter enviado emissários para realizar a missão que Ele desempenhou entre nós. Preferiu vir, pessoalmente, ensinando-nos pelo exemplo.
Transcrevemos parte dos depoimentos do Irmão Jacob, constantes do livro “Voltei”, edição da Federação Espírita Brasileira, págs. 73/74.
“Se o homem soubesse a extensão da vida que o espera além da morte do corpo, certamente outras normas de conduta escolheria na Terra! Não me refiro aqui aos materialistas sem fé. Aliás, a maioria dos ateus não passam de grande assembleia de crianças espirituais, necessitadas de proteção e ensinamento. Reporto-me, com vigor, aos que adotam uma crença religiosa, usando lábios e paixões, sem se afeiçoarem, no íntimo, às verdades renovadoras que abraçam. Nós mesmos, os que nos beneficiamos ao contato dos princípios do Espiritismo Cristão, principalmente nós que ouvimos a mensagem dos que respiram noutros planos da vida terrena, se fôssemos menos palavrosos e mais cumpridores das lições que recebemos e transmitimos, outras condições nos caracterizariam além do sepulcro, porque a justiça indefectível nos espreita em toda parte e porque transportamos conosco, para onde formos, as marcas de nossos defeitos ou virtudes. Depois da sepultura, sabemos, com exatidão, que o reino do bem ou o domínio do mal moram dentro de nós mesmos”.